Vitor Cunha
Sobre o mais relevante de
2013, várias pessoas apontarão o facto x ou y, a morte de sicrano ou beltrano,
a estatística preferida para o preconceito que pretendem validar ou uma série
de produtos de entretenimento. Para mim, nada disso é particularmente relevante
em relação à subserviência que o português demonstrou pelo fracasso.
Efectivamente, em 2013, tudo o
que ficou de capas de jornais, programas de televisão e intervenções de
“especialistas” foi o sabor ácido de um povo que anseia pelo seu próprio
fracasso. Isto tem duas vantagens: a primeira é que, em caso de “fracasso do
fracasso”, não é necessário considerá-lo um “sucesso”; em segundo, permite
desvalorizar qualquer esforço efectuado perante a perspectiva de promessa
antecipada de um sucesso que todos sabem não passar de um fracasso.
É bastante cómico, se visto de
fora.
Brindemos então ao nosso
fracasso, ao nosso eclipse civilizacional e à nossa regressão à idade média.
Brindemos à nossa extinção, à destruição do país e ao fim derradeiro de
qualquer noção vaga de conforto, substituindo-o pelo fétido esgoto da
desumanização pela vil austeridade. Só não mexam na pensão do Bagão Félix.
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Bagão Félix |
Título e Texto: Vitor Cunha, Blasfémias, 30-12-2013
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