Luís Naves
Passos Coelho tem a sorte de
ser subestimado pelos adversários. Ontem nas televisões algumas reacções à
entrevista do primeiro-ministro estiveram próximas do desespero histérico,
sobretudo de figuras do PSD que contavam poder derrubar o governo nos próximos
meses e forçar eleições antecipadas em Junho.
O programa cautelar dura um
ano e equivale a um empréstimo, que pode ou não ser utilizado, equivalente a
10% do PIB, ou seja, no máximo 16 mil milhões de euros. Na entrevista, o
primeiro-ministro foi relativamente claro: o PS não tem margem de manobra na
assinatura desse programa cautelar; se a oposição exigir eleições antecipadas
em troca da sua assinatura, o governo dirá não; por outro lado, o PS não pode
ficar fora do processo, ou no final do programa todos os méritos irão
exclusivamente para PSD e CDS; se a troika exigir a assinatura do PS em troca
do programa cautelar, o governo pode dar-se ao luxo de dizer não, arriscando
uma saída à irlandesa. Só o segundo resgate fará cair este governo e o segundo
resgate parece cada vez menos provável.
O programa cautelar implica
assim o prolongamento da vida do governo de Passos Coelho até 2015, quando já
houver suficientes boas notícias económicas para reclamar que os sacrifícios
valeram a pena. O PS terá tempo para mudar de liderança e a actual liderança do
PSD terá tempo para sobreviver até um momento eleitoral que lhe será muito mais
favorável.
Título e Texto: Luís Naves, Fragmentário,
13-12-2013
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