O relatório da comissão de inquérito aos contratos swaps contraídos por
empresas públicas, nomeadamente de transportes, ilibou a ministra das Finanças,
Maria Luís Albuquerque, de qualquer responsabilidade. Pelo contrário, o Governo
de Sócrates é acusado de não ter acautelado o interesse público e gestão
rigorosa do dinheiro dos contribuintes.
A deputada do PSD, Clara Marques Mendes, está a apresentar hoje no Parlamento a proposta do relatório final que resulta do trabalho da Comissão parlamentar de Inquérito aos swaps, que desde Maio levou a cabo 42 audições e analisou centenas de documentos.
A polémica dos swaps
instalou-se no início deste ano quando se soube que Agência de Gestão da
Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) estimava em 3.000 milhões de euros, no
fim de 2012, as perdas potenciais destes contratados celebrados por empresas públicas
e que o Governo estava em campo para reestruturá-los. Além do impacto
financeiro, este caso tornou-se uma guerra política, conduzindo à saída de três
secretários de Estado e a polémicas que envolveram a actual ministra das
Finanças por alegadas contradições no seu discurso. Também quatro gestores
públicos foram afastados dos cargos.
O documento de 434 páginas
pouco diz sobre a demora do actual Executivo em avançar com uma solução e o
envolvimento neste processo da ex-secretária de Estado do Tesouro e actual
ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, referindo apenas que
"vários desses contratos tiveram outras motivações" que não a pura
gestão de risco financeiro, mas "o propósito de resolver dificuldades de
acesso a financiamento" e "baixar artificialmente os encargos
financeiros com vista a tornar menos transparente o verdadeiro custo do
financiamento ou de obter ganhos no imediato à custa de riscos elevados no
futuro".
Além disso, acrescenta,
"havia uma prática de alguns bancos condicionarem a concessão de
financiamento à contratação de operações de derivados". "Tais
situações configuram, no mínimo, uma gestão imprudente dos dinheiros públicos e
um desrespeito das responsabilidades que impendem sobre os gestores",
disse Clara Marques Mendes.
Segundo o relatório, a tutela tinha desde 2006 conhecimento da contratação das operações pelas empresas e
dos riscos associados e nada fez sobre isso. "Em particular, os relatórios
de auditorias efectuadas pelo Tribunal de Contas e enviados à tutela e os relatórios
elaborados pela Inspecção-Geral de Finanças alertam para os riscos que tais
contratos comportam, sem que até 2009 qualquer orientação, alteração de
procedimentos ou chamada de atenção tenha sido produzida", lê-se no
documento.
O ex-secretário de Estado do
Tesouro e das Finanças, Carlos Costa Pina, é especificamente criticado,
considerando que o despacho de 2009 peca por "uma omissão", ao não
seguir as recomendações da Direcção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF) de as
empresas públicas terem de pedir autorização prévia para contratação de swaps.
"Ao agir como agiu,
ignorando ostensivamente as recomendações técnicas que lhe foram formuladas o
Secretário de Estado do Tesouro e das Finanças, Dr. Carlos Costa Pina não
acautelou a salvaguarda do interesse público e a criteriosa gestão dos
dinheiros públicos", afirma o documento. Já mais tarde, em 2011, avança o
documento, Costa Pina assinava um despacho impondo "maior controlo",
ao obrigar a parecer prévio do IGCP a contratação de swaps, o que só aconteceu
depois da assinatura do memorando de entendimento.
O relatório considera, assim,
que o despacho foi "tardio" e "insuficiente", já que apesar
de apertar as regras para o futuro "não prevê medidas em relação aos
contratos anteriores".
Até ao momento, as empresas
públicas já pagaram 1.008 milhões de euros para anular 69 contratos cujas
perdas ascendiam a 1.500 milhões de euros. Sobram outros 1.500 milhões de
perdas potenciais, sendo que mais de 70% são do Santander Totta, o único banco
com swaps problemáticos com o qual o Governo não conseguiu qualquer
entendimento.
Fonte: Notícias ao Minuto, 17-12-2013
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