Judeus venezuelanos, que ficaram para
esperar a queda de Chávez, têm agora mais um motivo para sair do país: o
crescente desespero
Francisco Vianna
Eles começaram a ir embora depois
que a polícia secreta do regime chavezista invadiu um clube judeu, em 2007, e
depois que a sinagoga local foi saqueada por bandidos não identificados, dois
anos depois.
Depois que o Hugo Chávez
expulsou o embaixador de Israel em Caracas e pediu aos judeus da Venezuela para
condenarem Israel por suas ações em Gaza em 2009, a resposta foi um aumento na
saída de judeus do país.
A saída se acelerou quando
Caracas conquistou o título de cidade mais ignóbil e perigosa do mundo – e
quando a inflação atingiu os dois dígitos, a escassez de alimentos veio como um
flagelo, e a taxa de homicídios do país chegou a 79 por 100 mil pessoas.
Com a Venezuela agora sacudida
por manifestações contra o governo – o número de mortos chegou a 18 no último
sábado – os judeus venezuelanos que permaneceram no país têm mais um motivo
para sair de lá: o desespero crescente.
"Há muito menos esperança
em relação ao futuro", disse Andres Beker, um expatriado judaico da
Venezuela que está agora nos Estados Unidos, mas cujos pais ainda vivem em
Caracas. "Meus pais são grandes fãs da Venezuela. Até o ano passado eu
pensei que eles iriam ficar por lá, não importando os percalços. Hoje, pela
primeira vez, eles estão falando em adotar o ‘Plano B’: deixar a
Venezuela".
Ao longo dos últimos 15 anos,
a partir do momento em que Chávez chegou ao poder, e no ano que Nicolas Maduro
passou a governar o país, a comunidade judaica da Venezuela encolheu em mais da
metade. Ela agora está estimada em cerca de 7 mil pessoas apenas, contra uma
alta de 25 mil na década de 1990. Muitos dos que saíram eram líderes
comunitários.
Não são apenas os judeus
venezuelanos que estão deixando o seu país. Centenas de milhares de classe
média e alta da Venezuela, principalmente os que representam mão de obra
especializada e têm algum capital para investir, já se mudaram nos últimos anos
para outros países, indo aumentar o contingente de autoexilados em lugares como
Miami, Panamá, Costa Rica, República Dominicana e Colômbia.
O êxodo dos judeus
venezuelanos está a pressionar fortemente a sobrevivência das instituições da
comunidade na Venezuela. "A emigração tem realmente desempenhado um grande
papel como fator de sobrevivência da comunidade no país, que é o nosso
principal problema", disse Sammy Eppel, jornalista caraquenho e membro da
comunidade judaica, que também atua como diretor da Comissão de Direitos
Humanos na Venezuela.
"Quando éramos uma
comunidade numerosa e próspera, construímos inúmeras e pesadas
instituições", disse Eppel. "Muitos de nossos membros não quiseram ir
embora e ficamos com as mesmas instituições, mas, com menos pessoas para cuidar
delas. Nós tivemos que fazer ajustes sérios enquanto nos certificávamos de que
os serviços que prestamos à comunidade não seriam interrompidos".
A escola secundária chamada
Allan, que é frequentada pela comunidade judaica, hebraica, diz que o seu corpo
discente grau foi reduzido a 85 alunos dos 120 que dispunha há seis anos. As
classes mais novas são cada vez menores, com 40-50 crianças cada. A escola está
agora a considerar a combinação do primeiro com o segundo grau, disse ele.
Interessado em manter um preço
o mais baixo possível sem que se lhe altere o perfil e o nível de excelência,
os líderes das instituições judaicas na Venezuela se recusam a ser
entrevistados pela mídia com relação a isso.
As maciças manifestações
contra o governo, que começaram em 12 de fevereiro, foram motivadas em grande
parte pela enorme deterioração econômica da Venezuela com um severo aumento
concomitante da violência contra o indivíduo. "A deterioração econômica
chegou ao ponto de, há alguns meses e piorando, as pessoas não conseguem
comprar artigos de primeira necessidade, como leite, frango, ovos, papel
higiênico, remédios, etc.", disse Beker. "É realmente uma situação
que afeta cruel e diretamente todas as famílias", acrescentou.
Allan, o colegial judeu, disse
que as ruas estão fora dos limites para ele e seus amigos, em função das
ameaças de violência e de sequestro. Mas, hoje em dia, é difícil para qualquer
um sair de casa e ir a qualquer lugar sem saber se retornará à casa. "Está
muito mais perigoso", disse Allan. "Ninguém sai, ninguém vai a
festas, ninguém vai jantar fora. Todo mundo está trancado em suas casas".
Os que estão fora da Venezuela
não entendem o enigma do por que alguém ainda fica no país, dadas as
circunstâncias desafiadoras da vida diária. Mas os judeus venezuelanos dizem
que, sair de casa nunca é fácil ou simples. Há os que têm empregos que não
podem ser deslocados para o exterior e aqueles que não têm dinheiro ou energia
suficiente para recomeçar a vida em outro lugar. E as mudanças têm sido
graduais o suficiente para que, vez por outra, os judeus venezuelanos – como
seus compatriotas não judeus – simplesmente se adaptam à nova realidade social,
ou seja, política e econômica. "É uma questão de ajuste, eu acho, não é
uma questão de sobrevivência", disse Eppel. "Isso é o que a
comunidade tem tentado fazer: ajustar-se às circunstâncias adversas", algo
que os judeus, aliás, têm um enorme histórico de terem aprendido a fazê-lo
muito bem ao longo dos séculos.
Sandra Iglicki, que deixou a
Venezuela e foi para o sul da Flórida, há uma década, mas ainda volta muitas
vezes para visitar a Venezuela, diz que também tem sido emocionalmente difícil
deixar um país que durante décadas foi bom para os judeus, servindo como um
refúgio contra o antissemitismo e um país livre para famílias judias europeias
que fugiram da loucura nazista. "É muito dolorosa, para a comunidade, ver
a Venezuela na situação calamitosa em que se encontra hoje", disse ela.
E ainda há alguma esperança,
mesmo entre os autoexilados, de que o país eventualmente voltará à sua
normalidade de Estado de Direito. “Ao se conversar com muitos venezuelanos que
permanecem aqui, vemos que eles parecem esperar por isso com fé e fervor",
disse Iglicki em entrevista por telefone da Flórida. "Eu adoraria voltar
para a Venezuela".
Muitos emigrantes continuam a
trabalhar na Venezuela, indo e voltando nos dias úteis para administrar seus
negócios, enquanto as suas famílias se adaptam à vida num novo país.
Em Miami, as últimas semanas
têm sido particularmente muito preocupantes para os expatriados venezuelanos,
que estão a receber inúmeros telefonemas ansiosos de seus parentes que não os
querem de volta em virtude da agitação interminável e da insegurança extrema
que só é mostrada pela mídia social da Internet.
Com a mídia estatal da
Venezuela a omitir ou maquiar as notícias sobre as manifestações maciças de
rua, os expatriados têm ocupado seu tempo em canalizar notícias de seus parentes
em Caracas e em outras cidades para saber o que realmente está se passando no
país, muitas vezes através do Facebook, Instagram e Twitter.
Houve grandes manifestações em
Miami contra o governo Maduro, que é acusado de estar destruindo a Venezuela,
manifestações essas que permaneceram off-line no país. "Isso é algo que em
Miami é notícia top todos os dias", disse Juan Dircie, diretor associado
da Comissão Judaica do Instituto Latinoamericano, em Miami. "A comunidade
de autoexilados venezuelanos tem vindo para realizar comícios, dar entrevistas
na TV, para escrever cartas ao editor. As manifestações são a favor da
democracia e dos direitos humanos, mas é claro que há um grande componente de
oposição ao governo Maduro".
Beker, que deixou a Venezuela
há oito anos, aos 17 anos de idade para frequentar a Universidade de Emory,
disse que recentemente fez uma contagem rápida para calcular se ele tinha mais
membros da família em Miami ou Caracas. Ele disse que ficou chocado quando percebeu
o número de parentes na Flórida é maior. "Isso não deixa de ser um pouco
triste", disse Beker. "Você pensa: eu só vou para a faculdade por um
par de anos e voltar. Mas isso acaba nunca acontecendo".
Título e Texto: Francisco Vianna (da mídia
internacional), 07-03-2014
Venham para o Brasil, necessitamos de muitos judeus por aqui :)
ResponderExcluirEu Sou Descendente do povo Hebreu e abomino a influencia genocida da burguesia fedorenta misturando religião e tentando cooptar incautos desinformados,sejam da comunidade Judaica ou não,quando a Venezuela era um quintal do capitalismo Ladrão peverso que dizimou povos principalmente ,os Aborigines e Negros,aiComunidade aplaudia ,penso que a DEMOCRACIA VERDADEIRA E DIREITOS SOCIAIS DE TODOS SÓ SE DARÁ QUANDO AS CONQUISTAS SOCIAIS FOREM EFETIVADAS REFORMA AGRARIA,URBANA,PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS,EMPREGOS,SAÚDE E EDUCAÇÃO PRA TODOS ,COM INDEPENDENCIA E SOBERANIA.SEM A INGERENCIA DO CAPITAL PRIVADO INTERNACIONAL.ANGELO ROCHA BENJAMIN , SALVADOR-BAHIA
ResponderExcluirStalin ou Mao Tsé-Tung não diriam melhor!
ExcluirEsse não é judeu é caçador de judeus, entreguista, a família dele pertencia a gestapo.
ExcluirReforma urbana., faz ma rir, vai trabalhar vagabundo.
Hugo Chávez e O presidente Maduro tiveram a grande ideia de expulsar os judeus indiretamente,fazendo isso a economia Venezuelana caiu e deteriorou.
ResponderExcluirExpulsou o Grupo de Hipermercados Casino ,que os donos sao judeus Franceses. A Venezuela vive do passado.