
Tudo bem: se entregarem bons
produtos, lembrando que cinema é “a maior diversão”, a gente ignora isso e
aplaude a hipocrisia. O problema é que a qualidade dos filmes parece estar
descendo ladeira abaixo. Ao menos é assim que eu vejo a coisa, o que talvez
explique o sucesso crescente das séries de TV, mais ousadas e menos
politicamente corretas.
Não vi todos os filmes que
concorreram ao Oscar, então minha análise será limitada. Mas “12 anos de
escravidão” vencer como o melhor filme? Sério? Falei um pouco do filme aqui.
Não é dos piores. Tampouco dos melhores. É um bom filme, um pouco arrastado, e
com muito apelo sensacionalista. Até que ponto a escolha não foi política em
vez de técnica? Bola fora.
Como foi bola fora a escolha
de Lupita Nyong’o, do mesmo filme, para melhor atriz coadjuvante. Considerei
seu desempenho bastante medíocre (gritar com chibatadas não é exatamente algo
que exija muito talento), nada perto do espetacular. E ela concorreu com Julia
Roberts! E com Sally Hawkins, a atriz britânica que está, essa sim!, perfeita em
“Blue Jasmine”, filme de Woody Allen.
Que teve Cate Blanchett como
vencedora do prêmio de melhor atriz, o que me pareceu justo. Deslumbrante e
refinada na medida certa que o papel pedia. O prêmio de melhor ator, para
Matthew McConaughey, de “Clube de Compras Dallas”, também foi justo. Que atuação!
Só pelo aspecto físico já merecia algum prêmio: o sujeito emagreceu uma pessoa
inteira para fazer o personagem com AIDS.
Acho que o mesmo esforço
radical só vi em Chris Bale no filme “O Maquinista”. Sua dieta consistia em
menos de 250 calorias por dia, e o ator, que fez Batman depois!, chegou a
perder quase 30 kg e ficou com 54 kg de peso! E só parou porque os
nutricionistas não permitiram que ele chegasse aos 45 kg, que era sua meta.
Essa gente é doida…
Voltando ao Oscar, Matthew, um
americano bem caipira, agradeceu com seu sotaque texano a Deus em primeiro
lugar, o que não atraiu palmas de ninguém na plateia. Hollywood, como eu já
disse, é a capital mundial da esquerda caviar, que não tem muito apreço por
essas “superstições religiosas” bobas, especialmente cristãs. Se o ator, casado
com uma modelo brasileira, tivesse enaltecido o “deus” laico da modernidade, o
estado, aí sem dúvida teria sido ovacionado por todos, de pé.
A apresentação toda ficou a
cargo de Ellen DeGeneres, que como comediante deixou muito a desejar. Está
certo que a concorrência é acirrada para ver quem é o mais sem graça nessas
cerimônias, mas Ellen mereceu um Oscar nesse quesito. Acho que está na hora de
a Academia dar uma oportunidade às mulheres como apresentadoras do evento…
O grande ausente ali foi o
filme “Rush”, baseado na disputa entre Niki Lauda e James Hunt (aliás,
impressiona a quantidade de filmes atuais baseados em fatos verídicos; seria um
sinal de que a arte não consegue ser mais criativa do que a própria vida?). Como
já disse aqui,
considerei este um dos melhores filmes do ano. Fez falta ontem.
Fecho esse meu comentário
lamentando outra ausência no Oscar: a do ex-presidente Lula. Não o considero um
dos melhores atores do mundo. Mas se o critério é enganar a plateia, convencer
a maior quantidade possível de pessoas com seu desempenho artístico, então Lula
merecia ao menos ser nomeado como um dos concorrentes de melhor ator.
Afinal, milhões de brasileiros
(e muitos gringos também) acreditaram no papel de homem do povo, ex-metalúrgico
humilde, que chegou ao poder para ajudar os mais pobres. Não é pouca coisa…
Título e Texto: Rodrigo Constantino, 03-03-2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-