Os ministros de Relações
Exteriores da América do Sul se reuniram ontem, no Chile, para tratar da crise
na Venezuela. Antevi aqui que seria um fracasso e que o encontro só serviria
para reforçar a posição do ditador Nicolás Maduro. E o que temos?
Um fiasco! E a reunião só
serviu para reforçar a posição do ditador Nicolás Maduro. Mais uma vez!
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Sobre os cadáveres, a reunião
da vergonha: chanceleres da Unasul e a conversa mole de sempre
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Não tenho mérito nenhum em ter
adivinhado o que iria acontecer. É que essa gente é ruim e previsível demais!
A primeira indignidade do
texto está em repudiar a onda de violência que toma conta da Venezuela. É
patente que a crítica é dirigida aos oposicionistas e aos estudantes, como se a
brutalidade essencial não partisse das forças de repressão e das milícias
bolivarianas — sobre as quais não há uma miserável palavra. Num trecho
asqueroso, o texto expressa condolências e solidariedade “às famílias das
vítimas, ao povo e ao governo democraticamente eleito dessa nação irmã”. Até os
termos são copiados da nota absurda do Mercosul, que foi redigida pela
Venezuela.
Cinicamente, num país em que a
oposição não tem acesso aos meios de comunicação; em que lideranças de oposição
estão presas por crimes de opinião; em que o Judiciário usa a legislação
criminal para perseguir adversários do regime, os chanceleres pregam o respeito
aos direitos humanos e ao estado de direito, dando a entender ser esse um
compromisso do governo.
A nota, imaginem vocês!, apoia
o que chama “esforços do governo” para conversar com todas as forças políticas
do país. Quais esforços? Maduro mandou prender opositores.
Os ministros decidiram criar
uma comissão para, então, promover esse tal diálogo. O que isso significa na
prática? Ninguém sabe. Nesta quarta-feira, com a demonstração de apoio dos
chanceleres, Maduro aproveitou para fazer novas ameaças. Disse que vai endurecer
o combate aos protestos.
A nota tem ainda a desfaçatez
de expressar a sua preocupação diante de alguma ameaça à independência e à
soberania da Venezuela. Trata-se, obviamente, de um recado oblíquo e
delinquente aos EUA, que andaram manifestando, de forma muito modesta, sua
preocupação com o que se passa no país tiranizado por Nicolás Maduro e suas
milícias. Qual é, afinal de contas, a ameaça que paira sobre o país? Nenhuma!
Ah, sim: Lula mandou uma carta
a Maduro em que exalta as conquistas do chavismo e recomenda ao presidente que
dialogue com a oposição. De quais conquistas Lula fala? Vai ver se refere ao
fato de que a economia do país está falida.
A Unasul reúne Argentina,
Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname,
Uruguai e Venezuela. Oito, desses 12, são governados por esquerdistas. Esperar
o quê? Ao longo da história, em nome de sua causa, os socialistas mataram bem
mais de 100 milhões de pessoas. É evidente que não estão dando a menor pelota
para os 25 cadáveres produzidos por Nicolás Maduro. Isso, na conta dessa gente,
é troco de pinga.
Leiam a íntegra da declaração
Conselho de Ministros de
Relações Exteriores da Unasul, em sessão especial em Santiago de Chile:
Reiterando a Declaração da
Unasul de 16 de fevereiro de 2014 sobre a situação na República Bolivariana da
Venezuela, em que manifesta a sua forte oposição à recente onda de violência e
expressa as suas condolências e solidariedade às famílias das vítimas, ao povo
e ao governo democraticamente eleito dessa nação irmã;
Afirmando respeito ao Direitos
Humanos e liberdades fundamentais — incluindo a liberdade de expressão, de
reunião pacífica e de ir e vir, saúde e educação — como essencial para o
processo de condições de integração sul-americana;
Exortando todas as forças
políticas e sociais do país a privilegiar o diálogo democrático e
constitucional e a concórdia, reafirmando que qualquer demanda deve ser
encaminhada de forma pacífica, pela via democrática, respeitando-se o Estado de
Direito e as suas instituições,
Resolve:
1. Respaldar os esforços do
governo da República Bolivariana da Venezuela para promover um diálogo entre o
governo, todas as forças políticas e atores sociais com a finalidade de chegar
a um acordo que contribua para o entendimento e a paz social;
2. Nomear, a pedido do governo
da República Bolivariana da Venezuela, uma comissão, integrada por ministros da
Relações Exteriores dos países da Unasul, para que, em seu nome, acompanhe,
apoie e assessore um diálogo político amplo e construtivo, orientado para a
recuperar a convivência pacífica na Venezuela, considerando a Conferência
Nacional de Paz;
3. Instruir a presidência pro tempore da Unasul para organizar, em
coordenação com os estados-membros, os trabalhos da Comissão de Ministros das
Relações Exteriores, cujo primeiro encontro deverá ocorrer, no máximo, até a
primeira semana de abril;
4. Solicitar à Comissão de
Ministros das Relações Exteriores que informe suas atividades ao Conselho de
Ministros da Unasul, por intermédio da presidência pro tempore, o mais rapidamente possível;
5. Expressar nossa preocupação
diante de qualquer ameaça à independência e à soberania da República
Bolivariana da Venezuela.
Santiago de Chile, 12 de março
de 2014
Argentina, Bolívia, Brasil,
Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela
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