1. A cada dia crescem os ataques de gangues de traficantes às UPPs.
Crescem e se tornam mais ousados, chegando aos escritórios das UPPs e a seus
comandantes. Quais as razões? Afinal, no mínimo, aumentou muito a proporção dos
moradores sem o temor de antes e com sensação de alívio. O secretário de
segurança tenta explicar essa dinâmica pela ausência de serviços públicos e
sociais. Uma desculpa para quem quer, simplesmente, transferir
responsabilidades.
2. Por mais equivocadas que sejam as ações de pessoas e abjetas que
sejam as ações de grupos criminais organizados, elas se movem por racionalidade
econômica. Ou seja: as decisões de todos os tipos, imaginam que dentro das
possibilidades dos atores, isso gera ganhos para quem o faz.
3. Qual é a atividade fulcral dos traficantes? Claro, ganho
financeiro com o comércio de drogas. Isso justifica a compra de armamentos
caros e pesados, a manutenção de um grupo e os riscos de ocupação e manutenção
de comunidades. Essa ocupação é a única forma de funcionar em grupo/gangue e
garantir o seu negócio com drogas. Isso independe que após a recepção delas, as
vendas sejam no local, como já foi anos atrás.
4. Para eles, o importante é contar com estas bases que, pelo valor
do ponto, produz disputas bélicas entre facções. Quando a polícia ocupa uma
comunidade e implanta uma UPP sem tiro e com aviso prévio, os traficantes – em
princípio – se deslocam para outras comunidades.
5. Mas por que retornam implantando o terror contra os policiais
das UPPs, se a hipótese de recuperarem plenamente suas ex-bases é mínima?
Claro, irão se convencendo disso progressivamente, mas...
6. A evidência nos traz a resposta: porque a venda de drogas
permaneceu nas comunidades. A ideia de vários ‘policiólogos’ é que a venda de
drogas que ocorre no cotidiano do ‘asfalto’ não tem por que não ocorrer também
no cotidiano das comunidades, pois são partes integrantes da cidade tanto
quanto os bairros.
7. A diferença é que a metodologia que os traficantes implantaram
de bases de pontos de venda de drogas não é possível reproduzir no asfalto. Por
isso a disputa por novas bases em outras comunidades aumenta. Vide o
crescimento de mais de 30% da taxa de homicídios nos municípios metropolitanos
do Rio em 2013.
8. E se a venda de drogas permanece nas comunidades UPPs é porque
eles continuam presentes lá sem a ostensividade anterior, mas pelas mesmas
razões. Quando a decisão das UPPs foi tomada, os policiais experimentados
sabiam disso. A solução é recuar? Não, a solução é avançar e retirar a venda de
drogas das UPPs e, com isso, desmontar a racionalidade econômica dos
traficantes.
9. E a polícia – a partir de seu sistema de informações – ir
preventivamente dando cobertura no entorno das comunidades mais atrativas para
os traficantes que se deslocam. É um processo de prazo longo até que o tráfico
de drogas busque seu espalhamento sem o uso de bases, como ocorre nos países do
norte. O que coloca em risco as UPPs é a polícia entrar, ocupar, e tentar
conviver com a venda de drogas.
Título e Texto: Cesar Maia, 06-03-2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-