Agência Lusa
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Rafael Marques e Linda Thomas-Greenfield |
O jornalista e ativista
angolano Rafael Marques denunciou hoje em Washington, durante um encontro no
Departamento de Estado americano, o aumento de execuções extrajudiciais em
Angola e questões sobre a sucessão presidencial.
O ativista encontrou-se com a
subsecretária de Estado para os Assuntos Africanos, Linda Thomas-Greenfield, e
com o subsecretário para os Direitos Humanos de pessoas LGBT, Randy W. Berry.
“Falámos sobre a sucessão presidencial
em Angola e os desafios que levanta, sobre a situação dos direitos humanos, da
liberdade de expressão e imprensa e também sobre o aumento das execuções
extrajudiciais”, disse à Lusa Rafael Marques.
Em dezembro, o ministro da
Defesa de Angola, João Lourenço, foi indicado pelo chefe de Estado e presidente
do MPLA, José Eduardo dos Santos, para ser o candidato do partido à Presidência
da República nas eleições deste ano, num processo que Rafael Marques considerou
uma “transmissão do testemunho autocrático”.
Sobre as execuções
extrajudiciais, o jornalista garante que durante o último ano, quando começou a
monitorizar estes crimes, mais de cem jovens foram mortos.
“Estes jovens foram fuzilados,
com um tiro na cabeça, pelas autoridades. Tenho fotografias. Muito
recentemente, um jovem foi assassinado em frente aos sobrinhos de cinco e sete
anos”, explicou.
Marques diz que “o argumento
usado é que [estas pessoas] são delinquentes, mas muitos são inocentes” e que
“há apoio popular a este tipo de execuções porque as pessoas acreditam que o
governo está a resolver o problema da delinquência”.
Apesar de acreditar que esta
“é uma questão que tem de ser resolvida internamente”, o jornalista diz que as
execuções “violam o direito internacional”, o que justifica a sua denúncia no
estrangeiro, e que, “normalmente, há uma reação das autoridades quando percebem
que perderam o controlo do fluxo de informação”.
Rafael Marques disse à Lusa
que os seus interlocutores americanos “tomaram nota” das suas preocupações numa
“conversa muito franca e aberta”, mas que não espera nenhuma atitude do governo
dos EUA.
“Os Estados Unidos seguem
muito atentamente a situação dos direitos humanos e da liberdade de expressão
em Angola. E quantas mais vozes ouvirem, melhor opinião conseguem formar. Mas
todas as mudanças cabem sempre, e primeiro, aos angolanos”, explicou.
Rafael Marques tem mais
reuniões marcadas em Washington para os próximos dias, nomeadamente junto do
Departamento de Estado, para falar sobre um novo pacote legislativo aprovado no
final de janeiro que, garante, “praticamente declara a morte da liberdade de
imprensa em angola”.
“Já há 20 anos que tenho estes
contatos com o Departamento de Estado e sou muito bem recebido. É muito
importante manter este diálogo. É uma forma de os EUA ouvirem outras vozes,
fontes da sociedade civil, e melhor formarem uma opinião sobre o que se passa
em Angola”, concluiu.
Título e Texto: Agência Lusa, Maka Angola, 8-2-2017
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Que interessante! Custou a acreditar! Uma senhora negra (afrodescendente) como subsecretária de Estado do governo do racista, hitler, nazista, islamofóbico, misógino (adoro este epíteto – ainda não consegui um desses para mim), imperialista, ista, istinho, istão e tantos et cetera.
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