Rodrigo Constantino
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Dave Rubin, liberal clássico,
gay, retratado como um ornitorrinco estranho por dar espaço a conservadores em
seu programa. Foto: Damon Winter/The New York Times
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E claro, não estou sozinho. O
próprio sucesso do canal mostra isso. E o fenômeno é mundial. O sucesso
meteórico de um Jordan Peterson, por exemplo, mostra que há enorme demanda
reprimida por quem fale certas verdades, doa a quem doer. Um liberal clássico
que entrevista gente da esquerda e da direita, como Dave Rubin, ser rotulado de
“extrema-direita” por tantos detratores expõe o grau de absurdo em que a coisa
chegou.
Repetir, hoje, que homens e
mulheres são essencialmente diferentes, que só existem dois gêneros, que a
liberdade de expressão está ameaçada pelos “progressistas”, que a mídia
mainstream tem claro viés de esquerda, que as universidades foram tomadas pela
hegemonia socialista, que a política de identidades tem destruído a sociedade,
enfim, repetir coisas tão evidentes assim é sinal de
“loucura” em certos meios. Você será o bicho estranho na festa.
Uma longa reportagem de Bari Weiss no esquerdista NYT demonstra
bem isso. Com fotos interessantes de Damon Winter, a sensação que fica é que o
jornal esquerdista está apresentando ao seu público figuras bizarras, exóticas,
quase como animais raros em extinção num “zoológico” humano. “Conheça essas
espécies estranhas”, parecem dizer as imagens – e as palavras. E, para os
leitores típicos do NYT, são bichos estranhos mesmo!
Até vemos o esforço do
jornalista em enxergar o outro lado, e só o fato de ir jantar com esses
personagens, entrevista-los de forma aberta, e concluir que seu público deveria
estar atento ao que pensam e falam é algo meritório. Mas a necessidade de uma
matéria dessas já comprova o abismo que se abriu entre povo e bolha “progressista”.
Afinal, esses formadores de
opinião, como Peterson e Rubin, possuem milhões de seguidores, dizem coisas bem
razoáveis e até óbvias, mas são tratados como figuras de um universo sombrio,
com destaque nas profundezas das redes sociais. Eles dizem coisas que, há
poucas décadas, eram tidas como naturais, não como os tabus assustadores de
hoje.
Esses pensadores são
retratados como “iconoclastas”, e isso só porque ousam desafiar as igrejinhas
pós-modernas, enfrentar a Inquisição “progressista”, combater a ditadura do
politicamente correto. São os “renegados” da mídia, ignorados pelo
establishment, o mesmo que foi dominado por radicais de esquerda.
No Brasil, claro, temos
fenômeno análogo, e podemos ver o espaço enorme que um partido extremista como
o PSOL consegue nas redações de jornais e nos programas de televisão. O
“estranho” nesse meio é quem defende o legado cristão, a família tradicional e
a distinção fundamental entre os sexos.
Se o indivíduo não rezar
completamente a cartilha da seita “progressista”, vira logo um “reacionário”,
alguém da “extrema-direita”. Mas o público, cada vez mais, percebe a tática
pérfida dos intolerantes mascarados de “liberais”, e reage, graças às redes
sociais. E o abismo se abre um pouco mais: sucesso de audiência do lado dos
“exóticos”, e queda de assinantes e público da grande imprensa. Resta culpar as
“Fake News”, e escrever uma reportagem sobre os bichos estranhos que habitam o
“universo escuro” da internet…
Título e Texto: Rodrigo Constantino, Gazeta do Povo, 9-5-2018
Título e Texto: Rodrigo Constantino, Gazeta do Povo, 9-5-2018
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