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Há algo de sobrenatural naquela cena. Uma mulher desequilibrada desce as arquibancadas, salta as
cercas de ferro, passa pelas estruturas de som, sobe num palco de dois metros,
sai correndo sem ser percebida em todo o trajeto e atira ao chão um padre de
quase dois metros e cerca de cem quilos como se fosse uma folha de papel…
Alguém dizia que “Deus permite
ao diabo agir apenas com a condição de que não esconda o rabo”. Deixando de lado
todas as tolices e infantilidades litúrgicas do Padre Marcelo Rossi, o ataque
sofrido carrega um misterioso alerta: há uma guerra declarada de Satanás contra
o clero.
Não é mera coincidência que
a reportagem principal da revista VEJA deste fim de semana seja propriamente sobre
os abusos sexuais cometidos por padres na diocese de Limeira, que obrigaram o
bispo Dom Vilson a renunciar ao cargo. A foto de capa é a de um padre com
vestes tradicionais: batina e barrete, ambos frisados.
Para além do significado
fotográfico óbvio – mesmo sendo para representar um molestador, o que
representa um padre católico continua sendo ainda a batina tradicional –, é
evidente que a intenção semiótica principal é a de colar no clero conservador a
marca de abusadores potenciais, coisa que se não faz com o clero progressista.
Fato é que a reportagem de VEJA não está descolada de uma agenda interna mais ampla, que
decorre da opção preferencial de Francisco pelo politicamente correto,
mesmo com sacrifício dos bispos e dos padres do mundo inteiro. Sejamos mais
claros.
Com o Motu Proprio Vos estis lux mundi, o papa argentino institui uma política denuncista na
Igreja, que não apenas desburocratiza acusações, mas as potencializa de modo
quase incontrolável. Via de regra, as dioceses precisariam disponibilizar guichês para
a denúncia de seus clérigos, criando, assim, espaços para a produção de
documentos acusatórios contra si mesmas. Trata-se do completo aniquilamento da aplicação do direito pela Igreja, em favor da soberania mundana.
E, para eximir-se de
responsabilidades e, ao mesmo tempo, amarrar completamente os bispos, no Motu
Proprio Sicut mater amabilis (a ironia do título é simplesmente sádica),
Francisco estabelece que o bispo renuncie ou seja removido por decreto num
prazo de quinze dias quando, por negligência, tiver agido ou omitido algo que
cause algum dano grave a outros, sejam indivíduos ou grupos. Pode-se questionar
se não é daí que decorre a necessidade de Francisco ficar em silêncio ante as
acusações de Dom Viganò — teria o pontífice argentino, por coerência, de
renunciar ao papado que perseguiu com tanto afinco.
Em outras palavras, é a
institucionalização da perseguição judicial na Igreja, tanto a padres quanto a
bispos, é a ferramenta mais evoluída para infernizar inteiramente a vida
eclesiástica.
A reportagem de VEJA é uma
espécie de alarme, um tiro para o alto, a fim de que se institua todo este
aparelhamento bergogliano nas cúrias. Os inimigos da Igreja estão exultantes e
já perceberam que este pontificado é uma espécie de Cavalo de Troia,
infiltrado para levar a cabo aquilo que Paulo VI chamava de autodemolição da
Igreja. Em um vídeo recente, o ex-pastor Caio Fábio apresenta eufóricas louvações ao Papa
Francisco, aclamado como aquele que veio para realizar a justiça contra os
padres, tachados indistintamente como tarados.
“Criar dificuldades para
vender facilidades”. Esta é a razão última de todas essas manobras. Em um
pontificado que favorece a agenda gay, o feminismo descarado, o ecologismo
psicótico, a esquerda internacional, parece quase incompreensível essa política
de tolerância zero, não estivéssemos nós na iminência do Sínodo
Pan-Amazônico, que é essencialmente um ataque ao sacerdócio católico e à
santidade do celibato sacerdotal.
A hecatombe que visa
desmoralizar o clero tem como objetivo principal a destruição do celibato para
reduzir o sacerdócio a uma mera função profissional, dada a homens casados que
se ocupem apenas de modo parcial do ministério, transformando a Igreja em uma
mera empresa, destinada inexoravelmente à falência espiritual.
O plano do diabo não é somente
derrubar os padres. É derrubar o sacerdócio católico como tal e inverter
completamente a grande missão que Nosso Senhor concedeu aos Apóstolos: não se
trata mais de converter o mundo, mas em ser convertido pelo mundo; não se trata
mais de pregar para os índios, mas em regredir de tal modo que a Igreja se
torne uma mera instituição tribal e pagã.
Quando o Padre Marcelo foi
atacado, estava justamente falando que o sacerdote tem as mãos ungidas, não pertence
mais a si mesmo e age in persona Christi. Foi um ataque bastante
eloquente. “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”.
Título, Imagem e Texto: FratresInUnum.com, 15-7-2019
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