Ministro do STF, que vai comandar as
eleições, diz que ‘democracia é resiliente’ apesar de Jair Bolsonaro
Silvio Navarro
O ministro do Supremo Tribunal
Federal (STF) Luís Roberto Barroso é, desde maio — por força do rodízio natural
de cadeiras —, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Nesta
quarta-feira, 26, participou de um encontro com o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso, promovido pelo instituto que leva o nome do tucano, sobre
“Respostas Constitucionais a Retrocessos na Democracia” — também foi convidado
o ex-ministro alemão Dieter Grimm. O tema subliminar da conversa (um webnário
em tempos de pandemia) já indica qual seria o norte: Jair Bolsonaro.
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Foto: Marcos Corrêa/PR |
Eis que Barroso, à vontade, disparou: “A
democracia brasileira tem sido bastante resiliente, embora constantemente
atacada pelo próprio presidente. Uma coisa que contribui para a resiliência da
democracia no Brasil é justamente a liberdade, a independência e o poder da
imprensa brasileira”.
Sobre o papel que FHC nunca
escondeu na História, a História já contou. Mas, quando Barroso traz à luz do
hoje o papel da imprensa como pilar da democracia, fala o óbvio à incansável
plateia antibolsonarista de plantão. Quando Barroso diz que a democracia é
atacada pelo próprio presidente, erra. Desde a posse, não houve um único
movimento real — para além dos jornais que o ministro do Supremo frequenta —
que demonstre um golpe de Estado em curso. Críticas à imprensa, sim — e muitas
vezes com razão.
Como escreveu J. R. Guzzo: “O Supremo Tribunal Federal do Brasil é hoje um partido
político. Abandonou, já há um bom tempo, as aparências de uma corte de Justiça,
e no momento funciona praticamente em tempo integral como um escritório de
despachantes que se dedica a servir os interesses ideológicos, pessoais e
partidários dos seus onze ministros”.
Vou além: há uma máxima que
corre há décadas na Praça dos Três Poderes segundo a qual “acima do Supremo
Tribunal Federal, só Deus. E, talvez, nem Ele”. Fosse este um país sério,
ministros como Barroso ou seus “iluminados pares” também não atuariam como
comentaristas políticos e, sim, como juízes silenciosos que guardam a Carta e a
Lei. Não à toa, a Suprema Corte é o Poder mais enxovalhado pela opinião
pública, algo que a cada canetada de Gilmar Mendes e Dias Toffoli nas operações
contra crimes de colarinho branco configura-se um caminho quase sem volta —
embora eles pareçam não se importar.
Barroso vai comandar as
eleições, premissa básica da democracia que ele diz estar em risco agora. Que
se atenha a esse dever a que a toga o obriga. Sem fervor político, basta juízo
eleitoral. É o mínimo que os eleitores não tão aflitos esperam dele. No mais, é
preciso ter resiliência com ele.
Título e Texto: Silvio
Navarro, revista Oeste, 26-8-2020, 21h45
#BarrosoPalhaco Dictatorship é a tua mãe! https://t.co/Li8STLDoNP— AB Florencio (@aleflorencio) August 27, 2020
Bora subir algumas hashtags: #BarrosoPalhaço; #STFVergonhaMundial Por fim, adorei esse neologismo criado pelo @flaviogordon: #Pandeminion— Rodrigo Constantino (@Rconstantino) August 27, 2020
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