Wilson Witzel ficará afastado do cargo por
180 dias
Akemi Nitahara
Foi deflagrada na manhã de
hoje (28) a Operação Tris in Idem, um desdobramento da Operação Placebo, que
investiga atos de corrupção em contratos públicos do governo do Rio de Janeiro.
A ação autorizada pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Benedito
Gonçalves inclui o afastamento do governador Wilson Witzel por 180 dias.



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Wilson Witzel e Claudio Castro, foto: Carlos Magno |
Participam da operação
procuradores do Ministério Público Federal (MPF), policiais federais e
auditores da Receita Federal, para cumprir 17 mandados de prisão, sendo seis
preventivas e 11 temporárias, e 72 de busca e apreensão em endereços ligados à
cúpula do governo fluminense. Além do governador, estão entre os investigados o
vice-governador, Cláudio Castro e o presidente da Assembleia Legislativa do Rio
de Janeiro (Alerj), André Ceciliano.
Estão sendo cumpridos mandados
no Palácio Laranjeiras, no Palácio Guanabara, na residência do vice-governador,
na Alerj e em outros endereços nos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo,
de São Paulo, Alagoas, Sergipe e Minas Gerais e no Distrito Federal. Há, ainda,
um endereço no Uruguai, local onde estaria um dos investigados que teve prisão
preventiva foi decretada.
A investigação aponta que a
organização criminosa instalada no governo estadual a partir da eleição de
Witzel se divide em três grupos, para o pagamento de vantagens indevidas a
agentes públicos liderados por empresários. Os grupos teriam loteado as
principais secretarias para beneficiar essas empresas.
Em outro inquérito, o ministro
do STJ Jorge Mussi autorizou 12 mandados de busca e apreensão no estado do
Piauí, relativos a um suposto esquema de funcionários fantasmas no governo
fluminense.
Propina
Segundo o MPF, o principal
mecanismo dos grupos era o direcionamento de licitações de organizações sociais
e a cobrança de um percentual sobre pagamentos das empresas fornecedoras do
estado, feito mensalmente a agentes políticos e servidores públicos da
Secretaria de Saúde. Entre as operações suspeitas está a contratação da
Organização Social IABAS para gerir os hospitais de campanha montados para
atender pacientes da covid-19.
Foi apurado também que alguns
deputados estaduais podem ter se beneficiado de desvios de dinheiro de sobras
dos duodécimos do Poder Legislativo. Os valores eram depositados na conta do
Fundo Estadual de Saúde, de onde eram repassados para os Fundos Municipais de
Saúde de municípios indicados pelos deputados, de onde recebiam de volta parte
dos valores.
O MPF apura também suspeitas
do uso do poder judiciário para beneficiar os agentes públicos, por meio de um
esquema montado por um desembargador do Trabalho que beneficiaria organizações
sociais do grupo por meio do pagamento de dívidas trabalhistas judicializadas.
A Procuradoria-Geral da
República ofereceu hoje (28) denúncia no caso de pagamentos feitos por empresas
ligadas a Mário Peixoto e da família de Gothardo Lopes Netto ao escritório de
advocacia da primeira-dama, Helena Witzel. Segundo a acusação, o esquema
transferia recursos indiretamente desses empresários para o governador.
Foram denunciados o governador
Wilson Witzel, a primeira-dama Helena Witzel, Lucas Tristão, Mário Peixoto, Alessandro
Duarte, Cassiano Luiz, Juan Elias Neves de Paula, João Marcos Borges Mattos e
Gothardo Lopes Netto.
Governo
Em nota, a defesa do
governador Wilson Witzel informou que “recebe com grande surpresa a decisão de
afastamento do cargo, tomada de forma monocrática e com tamanha gravidade”. Os
advogados estão aguardando para ter acesso ao conteúdo da decisão “para tomar
as medidas cabíveis”.
Título e Texto: Akemi
Nitahara; Edição: Valéria Aguiar – Agência Brasil, 28-8-2020, 8h18
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