domingo, 7 de julho de 2024

[As danações de Carina] Alguns poetas ficaram esquecidos

Carina Bratt

‘Esse que me espreita, não sou eu. É o reflexo no caco do espelho que carrego dentro de mim.
Pachá

MINHA AMIGA Elisa de Castro, moradora de Vila Velha, sugeriu que eu publicasse numa das minhas futuras ‘Danações’ textos de alguns poetas que nunca tiveram a chance de aparecerem na grande mídia. Em razão disso, resolvi levar a ideia à frente e divulgar essas pessoas.

Afinal somos todos filhos de Deus. Merecemos um lugar ao sol. Meu espaço, pois, na ‘Grande Família Cão que Fuma’ de hoje, será inteiramente dedicado à essas nobres criaturas. Que através das minhas ‘Danações,’ o meu público tome conhecimento das pérolas que esses poetas aqui trazidos nunca tiveram a felicidade de publicar em livro, divulgar em jornais ou figurar em alguma antologia.
Começo com Dahyr Reis Fanaya, nascida aos 30 de setembro de 1917, em Corumbá. MS. Neste ano de 2024, ou mais precisamente em setembro, completaria 107 anos. Dela publiquei ‘O TEU OLHAR.’

O teu olhar tem uma ternura
que muito me fascinou
os nossos olhos se cruzaram
o nosso amor começou...

Os olhos são o espelho da alma
os teus são lindos e bem castanhos
exprime muita bondade
trazem felicidade.

O teu olhar tem um carinho
ele é muito sincero
vai aquecer nosso ninho,

Os nossos corações exprimem
muita felicidade
apesar da nossa idade.

De Hercília Ubatuba de Faria, nasceu em Porto Alegre em 23 de junho de 1914. Dela escolhi ‘Ilusão.’ Se estivesse entre nós, mês passado teria completado 110 anos.

Ao chegares
O deserto da minha vida
Cobriu-se de rosas.

O interminável do tempo
Tornou-se em momentos de contentamento

O vazio do meu coração
Transbordou de amor
Que perfuma a vida.

As palavras se tornaram poucas
E houve comunhão
Em nosso silêncio

A horrível esperança terminou
E a plenitude fez-se realidade.

Mas depois partiste,
E eu vi que tudo desaparecia
Pois tudo só de ti dependia.

De Ivair T de Faria, de Londrina, no Paraná, pincei ‘FERA.’

Mordaz, felino voraz,
Rasga e estraçalha
Deglute e não volta atrás.

Esta fera que devora
na aurora da maldade
é a miséria que aflora.

Nos morros, nas palafitas
Peste, vermes parasitas,
Sugam crianças famintas.

Aos poucos vão definhando
Num sistema irreversível
Para norte vão caminhando...

De Plácido Melro, de São Caetano do Sul, nascido aos 12 de março de 1912. Virou morador de rua. Se fez conhecido, como ‘Fio.’

Me vi preso em seu coração e, de repente, todo meu corpo transbordava a sua alma. Quando a sua vida acabou, a minha esperança foi junto com você.

Me pego olhando para o distante no agora que ficou em meus olhos. E o que vejo? Somente a solidão que você deixou crescente dentro de mim.

Título e Texto: Carina Bratt, de Vila Velha, no Espírito Santo, 7-7-2024 

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