quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Criminosa depreda Chafariz da Glória e posta resultado, orgulhosa, no Instagram

O ato criminoso de vandalismo foi publicado nas redes sociais, com a criminosa posando ao lado do grotesco resultado. O chafariz é um bem tombado pelo IPHAN, e foi pintado recentemente além de ter sido depredado após um restauro completo

Quintino Gomes Freire


Bem tombado pelo IPHAN, o Chafariz da Glória está presente na vida dos cariocas desde 1772. Restaurado nos anos 60 e em 2012, a situação está se deteriorando rapidamente, como já foi dito anteriormente no DIÁRIO DO RIO. Dezenas de vezes desde 2021 já foi pichado e depredado. Dessa vez, o monumento foi novamente alvo de uma pichação. Mais que isso, o ato de vandalismo foi publicado – orgulhosamente – via stories nas redes sociais, através do perfil @oscururusp2, mostrando imagens de uma mulher cometendo o crime, e depois posando ao lado do resultado grotesco, sorrindo. A publicação ainda marca outra conta: @swissmissnyc , que pode ser a conta da criminosa. 

Uma mulher faz um absurdo desses em um monumento importante para o desenvolvimento do Rio de Janeiro, porque é um dos últimos chafarizes que sobraram na cidade né? […] É um monumento nacional que sofre sistematicamente com essas pichações. Agora, não acontece absolutamente nada com essas pessoas que depredam e destroem o nosso patrimônio histórico. […] Estavam no processo limpeza, porque já tinha sido pichado aí vem uma pessoa e faz uma coisa dessas num monumento. A gente fica sem palavras, fica indignado, fica irritado em ver isso com o patrimônio do Rio de Janeiro”, afirma Marconi Andrade, fundador do movimento de protetores “S.O.S. Patrimônio”.

O Secretário Municipal de Conservação, vereador Diego Vaz (PSD-RJ), também demonstrou indignação: “Danos ao patrimônio cultural são considerados crimes ambientais, de acordo com a Lei 9.605/98, Lei de Crimes Ambientais. Vamos registrar um boletim de ocorrência para que ela seja responsabilizada e pague as consequências previstas em Lei. Pichação não é arte, é vandalismo”, dispara, em meio a diversas iniciativas que tem conduzido de recuperar bens históricos.

Depois de um cuidadoso restauro que deixou o monumento funcionando novamente – com direito a uma pomposa reinauguração com a presença do então presidente da CEDAE, Wagner Victer, e de Carlos Roberto Osório, secretário de conservação da anterior gestão do prefeito Eduardo Paes – o belo patrimônio histórico foi completamente destruído em 2021 e continua sendo alvo de atos de vandalismo, semanalmente. A cada vez que é pintado recebe uma pichação diferente e até já foi ocupado por drogados e cracudos que acabaram roubando suas torneiras.

À época da restauração, Osório anunciou a criação da Gerência de Monumentos e Chafarizes da secretaria, que funcionaria numa construção que fica atrás do chafariz, onde funcionara uma antiga elevatória da CEDAE. Na ocasião, o então secretário afirmou: “Com as câmeras, quem pichar ou jogar lixo vai ser preso, e o caso será encaminhado à Polícia Federal, órgão responsável por crimes contra o patrimônio federal“. Parece que ficou mesmo na bravata.

Autoridades do IPHAN chegaram a anunciar que instalariam uma parede de vidro de 13 metros de largura por 2,40 de altura, com 16 milímetros de espessura e resistente até a armas de fogo para protegê-lo, mas de toda esta promessa, só foi colocado um vidro laminado nas bordas dos tanques que compõem o chafariz. 

Descrição Oficial do Monumento no site do IPHAN
Durante o vice-reinado do Marquês do Lavradio (1769-1779), foi construído o Chafariz da Glória, no ano de 1772, no qual se lê a seguinte inscrição em latim, aqui traduzida: “Luiz de Almeida, Marquês do Lavradio, que refreou as inundações do mar, construindo um grande muro, aumentou as rendas e dignidade do Conselho, restaurou os edifícios públicos, cortou os outeiros, igualou, tornou mais cômodas as ruas e renovou a cidade. O Senado e o Povo do Rio de Janeiro, ergue em 1772”. O chafariz foi restaurado na década de 60, em consequência da alteração sofrida em 1905, durante a reforma urbana do Prefeito Pereira Passos. Trata-se de um tanque amplo de cantaria para o qual vertem quatro bicas. Possui duas pilastras encimadas por entablamento e frontão curvo, o qual possui no centro um tímpano de alvenaria, o qual termina em cimalha, sobre a qual se encontra uma urna com forma caprichosa.

Título e Texto: Quintino Gomes Freire, Diário do Rio, 27-2-2025

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