Situação está causando grande transtorno para quem precisa dos serviços
O Dia
Moradores de um condomínio na Rua Cordovil, em Parada de Lucas, na Zona Norte, estão desde quarta-feira (19) sem poder usar os serviços de internet e telefonia. Para piorar, funcionários da operadora Claro, responsável por muitos aparelhos no local, foram impedidos de entrar no lugar para fazer o reparo, por falta de segurança.
Quando os clientes ligam para
reclamar, recebem a seguinte mensagem: "A sua região enfrenta problemas de
segurança pública e, por medida preventiva, as equipes estão impossibilitadas
de entrar na região e prestar qualquer atendimento no local em razão de ameaças
físicas aos técnicos. Por isso informamos que essa situação foge ao controle da
empresa e reiteramos que no momento não há previsão para a normalização Estamos
acionando os órgãos de segurança pública para viabilizar o atendimento na
localidade o mais rápido possível". A Claro registrou queixa na delegacia.
De acordo com moradores, que
pediram para não se identificar, é a primeira vez que essa situação acontece.
Eles temem ficar sem o serviço e serem obrigados a usar uma internet chamada de
Upnet. A empresa, que tem registro na Agência Nacional de Telecomunicações
(Anatel), possui muitos assinantes no Espírito Santo, e tem uma sede no bairro
de Cordovil, também na Zona Norte do Rio.
"Aqui é bem longe da
comunidade. Do outro lado da linha do trem existe a Cidade Alta, onde o
Terceiro Comando está invadindo e é do traficante Peixão. Além de ser bem
próximo do Complexo de Israel", diz uma moradora, acrescentando que há
alguns meses o condomínio recebeu uma propaganda, via WhatsApp, da Upnet.
"Acho que pouquíssimas pessoas assinaram. E agora, nós estamos sem o sinal da Claro. Que é tanto da TV a cabo como da internet. E aí vimos que essa Upnet quer entrar aqui. Queremos que a situação seja regularizada. A gente está sem internet desde quarta-feira", reclama.
Para ela, uma coisa pode
ter a ver com a outra. "Os funcionários da Claro estão sofrendo
ameaças para não fazer o reparo aqui. Então a gente acha estranho: o pessoal
oferece um serviço e aí cai a Claro, que não pode fazer operação aqui porque os
funcionários estão sendo ameaçados. Moro aqui há 12 anos e é a primeira vez que
isso acontece. A gente vê que a região está ficando perigosa a cada dia",
pontua.
Para quem trabalha de home
office, ficar sem internet causa muitos transtornos. Esse é o caso de um casal
que também não quis se identificar. "Eu e meu marido trabalhamos de casa.
Nosso trabalho é 100% via internet. Esses dias, tivemos que ir para casa de
parentes para trabalharmos e gastamos com passagem", disse uma outra
moradora.
Ela está revoltada com a
situação. "Pagamos pelo serviço e estamos com a operadora há mais de dez
anos. Temos um pacotão de internet, celular e net. Agora acontece isso. Quando
a gente tenta o contato com a operadora, via telefone, nem completa dizendo que
o problema é na região por questão de segurança", finaliza.
Violência na região
Chefe do Terceiro Comando
Puro (TCP), facção do tráfico que disputa territórios com o Comando Vermelho,
Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, é um dos criminosos mais procurados do
estado do Rio. Ele domina o autointitulado Complexo de Israel, na Zona
Norte do Rio, que compreende a Cidade Alta, Parada de Lucas, Vigário Geral,
Cinco Bocas e Pica-pau. Símbolos como a Estrela de Davi e a bandeira israelense
estão espalhados pelas favelas.
Procurada por O DIA,
a Polícia Civil disse que investiga a ação de criminosos na região e realiza
diligências para identificar todos os envolvidos nas práticas ilícitas. A
Polícia Militar afirmou que o 16º BPM (Olaria) atua na região, com equipes
trabalhando de forma ostensiva, realizando abordagens e revistas e, diante de
flagrantes delitos, os envolvidos são presos.
"O Batalhão também
trabalha em conjunto com a delegacia da área para identificar e localizar
envolvidos em tais práticas e realiza reuniões frequentemente com moradores da
região e representantes das prestadoras de serviços para direcionar ações
relativas às demandas elencadas".
A reportagem não conseguiu
contato com representantes da Upnet.
Veja na íntegra nota a
Conexis Brasil Digital, entidade que representa as maiores operadoras de
telecomunicação do Brasil, entre elas a Claro
"O furto, roubo,
vandalismo e também a receptação de cabos e equipamentos causam prejuízo direto
a milhões de consumidores todos os anos, que ficam sem acesso a serviços de
utilidade pública como polícia, bombeiros e emergências médicas.
Em alguns estados o
problema do roubo e vandalismo de cabos, geradores, baterias, entre outros
equipamentos, se soma ao bloqueio de acesso das equipes das prestadoras para a
manutenção de seus equipamentos, usados para a prestação do serviço. As
operadoras ficam sem acesso aos equipamentos e impedidas de dar a manutenção
necessária à prestação do serviço.
O setor de telecomunicações
defende uma ação coordenada de segurança pública envolvendo o Judiciário, o
Legislativo e o Executivo, tanto o federal, quanto os estaduais e municipais, e
a aprovação de projetos de lei no Congresso Nacional (PL 4872/2024, PL
3780/2023 e PL 5846/2016) que aumentem a punição para esses crimes e ajudem a
combater essas ações criminosas".
Título e Texto: Redação,
O
Dia, 23-2-2025, 3h55
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