Aparecido Raimundo de Souza
Eu amei
Tão logo nasci
Eu chorei,
tão logo cresci
eu amei!
Primeiro amor família
então sorri,
era tudo alegria:
então vivi.
A primeira palmada,
eu chorei.
A primeira namorada
eu amei.
O primeiro brinquedo,
então sorri,
guardava um segredo
então vivi.
Na sua despedida
eu chorei,
pois você em minha vida
eu eternizei!
Pensei ter lhe esquecido
então sorri,
busquei outro amor fingido
e vivi.
Era falsa a felicidade
eu me enganei,
Da presença da primeira mulher amada,
Veio a saudade e eu chorei
Jamais há de voltar,
eu sei,
mas hei de continuar a lhe amar
Lembranças
É triste ver as belezas
Que amanhã, não mais verei
Transformar em lembranças
Os sonhos que sonhei
Sonhei, mas não os vivi.
E somente agora tento,
vivê-los em um só momento
antes do meu passamento.
Eu tranquilo afasto
para minha morada
buscando um eterno descanso
para uma vida agitada.
Eu sou
Sou na solidão,
A dor que consome.
A vida na ilusão,
a morte pela fome
A mão que empurra,
para dentro da cova,
a mesma que insegura,
escreve uma trova.
Sou a verdade,
a mentira crua;
dupla personalidade;
vestida e nua
Sou a fala covarde,
que trai o olhar,
que mostra bondade
na maneira de odiar
Sou, ainda, o simples gesto,
que modifica o dizer
o dizer simples e manifesto
em todo o seu sofrer...
Sou, por fim, o “eu” a ver,
no modo de querer,
o meu dia se perder
Na ânsia fria de morrer!
Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, da cidade de Patrocínio, nas Minas Gerais, 21-2-2025
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