sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

[Aparecido rasga o verbo] Namoradinhos

Aparecido Raimundo de Souza

Ele: — NOSSA!...
Ela: — O que foi, mô?
Ele: — Viviane, você fica tão bonita com este shortinho!
Ela: — Obrigada. E você maneiro usando esta camisa polo, combinando com a calça jeans e o tênis. Lembra...
Ele: — Começou termina...
Ela: — Melhor não...
Ele: — Seja sincera comigo, véi. Lembra um ex, uma paquera, um amor não correspondido?
Ela: — Não, seu bobo. Lembra papai...
Ele: — Seu pai?

Ela: — Sim mô. Meu papito.
Ele: — De verdade?
Ela: — De verdade. Não tenho nenhuma razão para mentir.
Ele: — Jura por Deus?
Ela: — Juro. Espia. Estou jurando de dedinhos cruzados.
Ele: — OK. E por qual motivo seu pai?
Ela: — Eu acho meu pai um tremendo gato!...

Ele: — Acredito. Viviane, eu queria lhe pedir uma coisa. Posso?
Ela: — Mô, se você falar o quê!
Ele: — Amanhã vai fazer um mês que estamos namorando. Lembra do nosso primeiro encontro?

Ela: — Como poderia, mô? Foi a Silvinha que nos apresentou na saída da escola.
Ele: — Acaso se recorda de qual roupa estava vestindo?
Ela: — Sim, mô. A mesma do nosso primeiro encontro. Eu só tirei a camisa da escola.
Ele: — Lembro como se fosse hoje. Aliás, já que tocou nesse assunto... queria pedir pra você colocar ela de novo. Aquela sainha azul bem curtinha, com uma rosa amarela à altura do peito. Tá ligada?
Ela: — Tô. Nossa! Fiquei de queixo caído. Só quero saber por qual motivo?
Ele: — Nenhum em especial. Achei legal. Sem mencionar que você se fez mais linda e exuberante dentro dela...
Ela: — Só isso, mô?
Ele: — Não. Tem mais...

Ela: — Tem ... tem mais? E o que é que tem “nesse mais”?
Ele: — Quando você sentou naquele balanço lá da pracinha, tá ligada? Quando você se acomodou e começou a se balançar... eu fui às nuvens...
Ela: — Safadinho. Ficou olhando minhas pernas... ou...?
Ele: — Não é isso. É que eu...
Ela: — Termine...

Ele: — Me deu uma vontade maluca de agarrar você e te cobrir de beijos...
Ela: — Meu Deus, mô. E o que mais?
Ele: — De novo? Como o “que mais”?
Ela: — Tipo assim... só deu vontade de me agarrar e me cobrir de beijos ou... pular em mim, me arrancar a calcinha e me fazer a sua mulherzinha?

Ele: — Não, claro que não. Pelo amor de Deus... mas tinha outra coisa...
Ela: — Fala, mô, estou ficando ansiosa. Que outra coisa?
Ele: — Não tenho coragem. Desde aquele dia fiquei meio pirado. Você me... você me deixou esquisito... eu... quase... nossa!...
Ela: — Mô, defina “esquisito, quase e nossa”!...
Ele: — Se eu falar você vai achar que estou desrespeitando a sua pessoa... e eu não quero te magoar. Tá ligada?

Ela: — To ligada, mas não estou entendendo. Fala. Foi o que eu pensei e disse com todas as letras?
Ele: — Já disse, véi. Não tenho coragem...
Ela: — Ao menos tente. Juro que não vou ficar braba.
Ele: — E se ficar?
Ela: — É tão sério assim, mô?

Ele: — No meu entender sim.
Ela: — Não me importo. Fale...
Ele: — Promete não brigar, nem dar chilique?

Risos.

Ela: — Prometo.
Ele: — Nem me dar um pé na bunda?
Ela: — Sem pé na bunda.
Ele: — Eu... eu...
Ela: — Mô, não enrola...
Ele: — Amanhã a gente faz um mês que “tamo” namorando.

Ela: — Eu sei. Você acabou de tocar nesse assunto. Aliás, foi eu que te liguei hoje cedo falando do nosso primeiro mês...
Ele: — Nada disso, véi. Eu tava no grau. E te dei um toque. Inclusive te acordei. Não importa. Bota aquele vestidinho da primeira vez. Por favor. Você bota?
Ela: — Saquei. Você vai levantar meu vestidinho, arrancar minha calcinha, me deixar peladinha, depois me colocar de quatro... em seguida me beijar, me lamber e...?
Ele: — Calma, minha princesa. Vou levar você de novo naquele balanço, isso é obvio...

Ela: — Tá. Pula essa parte. E...?
Ele: — Depois vamos comer uma pizza e tomar refrigerante...
Ela: — Legal, mô. E depois?
Ele: — Se você vier com aquele vestidinho da primeira vez, quando a Silvinha nos apresentou... eu quero... ou melhor... eu... eu... eu vou te...
Ela: — Fala, seu bobo. Você vai o quê?
Ele: — Amor, quando você estiver no balanço — quero dizer, quando estivermos na pizzaria, esquece o balanço... eu mostrarei o meu coelhinho pimpão pra você.

Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, de Vila Velha, no Espírito Santo, 31-1-2025

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Um comentário:

  1. Eu do do tempo em que lugar de amor se chamava mo.bem extrovertido o texto, leve, lúdico. Amei.muito bom.Gilmario Braga

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