sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

[Aparecido rasga o verbo] Quando ela saiu detrás das telas de privacidade

Aparecido Raimundo de Souza  

DESVESTIDA DOS PÉS À CABEÇA, e ingressou no set, eu pirei. No minuto seguinte apesar de abismado, demos início ao ensaio para o book que a deliciosa levaria para uma vaga de apresentadora de televisão. Seu rostinho me lembrou, a primeira espiadela, uma Eva cheia de pudores em face do olhar maroto que lhe enderecei. Vi a prestimosa arreitada e casta donzela que, de pronto, me encantou, me seduziu, me arrasou, e me tirou do sério. Aqui, agora como veio ao mundo, a sua formosura me deixou sem voz, boquiaberto e pasmo. Completamente à vontade, meu Deus, nem soube o que falar. Ela se posicionou diante dos refletores me enfeitiçando, me embriagando, me deixando doido, sem chão, sem amarras, a mente “empandarecada” como se eu estivesse girando numa roda gigante descontrolada sofrendo horrores por conta das agruras de seus eixos vilipendiados. 

Os pensamentos viajaram a mil por hora, ou pior, seguiram desembestados à velocidade do inverossímil. Contemplando a musa, assim, sem nada, nuamente fotografada pelos meus ímpetos mais lascivos, com todas as partes expostas, numa imoralidade sórdida e obscena, me transformei numa espécie de “Adão lobo mau”, querendo devorar o seu corpo estilo Chapeuzinho Vermelho. 

Não a personagem famosa do escritor Charles Perrault, menos ainda a mesma Chapeuzinho numa versão mais infantil recontada pelos Irmãos Grimm. Longe disso. Meu lobo literalmente safado, decrépito e cínico, faz parte de um animal irracional, bruto, tosco, intratável, evidentemente não criado séculos passados. Todavia um mal-intencionado dos dias atuais -, ou seja -, um autêntico cafajeste, avelhantado e sem caráter deste tempo esquizofrênico, com um apetite voraz e descomunalmente endiabrado. 

Difícil descrever com a precisão devida o que me veio à mente aos trambolhões. Ela, “nuinha,” perfeitinha como abriu os olhos para o mundo, exposta neste cenário, inteira à visitação de meus olhos ávidos, me inebriou, me descambou para pensamentos neuróticos, vestidos de uma fragilidade impura. As curvinhas do seu pachacho se fizeram esmeradas e creio, foram moldadas por um mestre na arte do encaixe perfeito. A minha verga se armou buliçosa dentro da cueca e a deliciosa diva a contemplou sorrindo disfarçada diante da loucura indescritível que emanou diante do volume das minhas taras despudoradas. 

Sua nudez inocente multiplicada por sete, brutalizou a lente da câmera e também roubou o esteio do chão que eu pisava. No geral, a sua simplicidade me tornou um desumano algoz, um fotógrafo irracional, a ponto de querer comer seu corpo impecável, pedacinho por pedacinho, sentindo em cada naco arrancado, como se  a preciosidade fosse a capital Brasília, toda inteira e as cidades satélites juntas, o sabor do pecado endurecido numa voragem barbarizada e indígena, como se eu virasse um King Kong dos tempos das cavernas dependurado não na torre do Empire State Building, mas nos colhões do Burj Khalifa gozando sobre Dubai. 

Me vi como uma cópia perfeita do italiano Oliviero Toscani  que fazia serviços fotográficos para a Benetton  e, como ele, me flagrei entranhado nos cabelos pretos da criatura, soltos aos regozijos do vento frio e gelado que vinha dos aparelhos de ar condicionado. Tudo para mim, nesse momento, me fez crer se coadunaram como ondas que me lavaram a alma. Seu rosto sério de menina mulher, seus traços de donzela menina, às vistas diametralmente escancaradas na sapeques das transgressões mais hediondas, pareciam não entender a minha gulodice açorada, sedentária e sequiosa. 

Meu “eu homem” dentro de meu “eu macho,” estava ligado numa tomada duzentos e vinte, à espera de, num repente fugaz, ela se distrair e eu, em abrupto, pular sobre seus costados e fazer seu “cono” em tiras, arrancando todas as pregas existentes.  Sua boca pequena, os lábios carnudos me convidaram silenciosamente às bandalheiras e putarias mais esfomeadas e famélicas. Viajando em contínuo, rio abaixo, as suas costas pareciam o porto seguro onde atracaria meu canibalismo incurável. Sua bundinha arrebitada, se me assemelhou a porta de um presídio de segurança máxima, a liberdade do “vem com tudo, não pare agora,” ao tempo em que as aberrações me instigavam agrumadas, sem a vigilância de guardas fortemente armados e o desfecho do prazer me enfeitiçava e me fazia passear por ruas e becos de planetas desconhecidos. 

Tudo contribui para me trazer à memória, uma porta sem tramela, janela sem tranca, varal sem roupas, vaso sanitário sem a cordinha da descarga. Enfim, algo mavioso me empurrou para o júbilo. Me tornei cego e me fiz esfaimado. Seu conduto multifário, visto de onde eu estava, pareceu guiar a minha ferramenta no sentido de não perder a potência do mastro rígido mesmo depois de uma avalanche de estocadas. Logo abaixo, ao empreendimento da fuga, me deparei com o Éden do prazer, a entrada igualmente imensurável, desabotoada de pudores, desaferrolhada de meios termos, lancetada de pequenas luzes intermitentes, tudo assim prazeroso me chamando “me coma, me coma, me consuma em todos os gestos tresloucados que você conhece.” 

Mesmo passo, a tara da perdição interior gritou desesperada para que eu a centralizasse e a penetrasse com o click da sofreguidão de um alienado. E eu não sei explicar o que me segurou: se a sensatez do obturador da câmera ou a neurastenia da lente de um desvairado. Mesmo solavanco às forças brutais me empurraram. Eu não soube distinguir, nesta altura da indecisão, o motivo capenga e ao mesmo tempo medrado de ainda não ter saltado como um mentecapto sobre o traseiro dela, e enfiando, em sequência, o ferro em brasa até o talo preenchendo todos os seus buraquinhos e valetas, e neles me saciando até a exaustão num concúbito espeloteadamente fenomenal, como se tivesse, na porra da cabeça, uma embriagues provocada por um Fronsac. 

Estou aqui, confesso, aos peidos, aos percalços de um ataque pior que o de 8 de janeiro às pocilgas dos Três Poderes, notadamente aos picaretas que por lá abundam como moscas varejeiras. Em sonhos quimerados, enquanto sigo fotografando, sinto o seu vai e vem, o seu vem e vai descompassado, apressurado, batendo de encontro aos meus testículos escrotais, mesclados a gritinhos ininteligíveis, como se o seu interior uterino fosse à última e derradeira morada da minha vara de marmelo sem uma só gota de juízo na ponta da esferográfica tal como a “bailarina” do caneteiro da cabeça e da bunda peladas. Apesar disso tudo, a sessão de fotos, continuou...  e ao chegar ao fim... eu iria... eu sei que iria... iria o quê?! 

Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. 24-1-2025 

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