quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Disparates sobre comércio internacional

Telmo Azevedo Fernandes

A propósito das tarifas aduaneiras e das questões relacionadas com o comércio internacional, tem sido impressionante o chorrilho de disparates que tem sido apresentado no espaço público por supostos especialistas e analistas hipoteticamente qualificados nestas áreas. De forma muito simples e breve, vale a pena referir algumas das falácias mais curiosas e tolas que se têm produzido.

Desde logo convém ter noção de que a «Europa» não exporta, nem importa nada. Não são os países enquanto entidades abstratas que têm preferências, gostos ou que tomam decisões sobre os produtos a comprar e vender. Só indivíduos, empresas e entidades concretas são agentes económicos.

Relacionado com isto, e por definição, para que uma importação ou exportação aconteça tal resulta da vontade de ambas as partes. Se alguém comprar maçãs, é porque prefere ter o fruto a comer notas de euro à sobremesa. Não é um jogo de soma nula. Ambas as partes ganham. Não há justificação ética nem moral para que o Estado se intrometa em relações voluntárias.

Outra ideia estapafúrdia é de que o défice da balança comercial gera dívida. Ai sim?! O Pingo Doce quando encomenda robalo da Grécia não paga a encomenda? Ou o leitor/ouvinte quando vai ao supermercado, exige que o Lidl lhe compre alguma coisa em troca para ficar com uma balança comercial equilibrada?

Alguns dizem que as tarifas protecionistas acabarão por conduzir a preços mais baixos, tornando a concorrência estrangeira mais cara, criando incentivos a que se regresse a comprar a empresas nacionais. Ora, se a atividade das empresas nacionais fosse rentável com preços iguais ao de comércio livre, já o estariam a fazer. Além disso com a procura adicional por bens nacionais, os preços locais tendem a subir e acabam por ficar ao nível do preço-base mais a tarifa, ou seja, acabam todos a pagar mais.

As tarifas são impostos adicionais que se cobram aos agentes económicos dos países que as impõem. Por isso a chamada «retaliação comercial» é estúpida e só piora as coisas. É absolutamente irracional!

Havendo ou não ameaças de imposição de tarifas pelos EUA, a melhor opção da União Europeia seria sempre abolir as tarifas que a própria UE já tem. A liberalização unilateral é sempre benéfica para quem a faz. Mas os burocratas não eleitos e os nossos ignorantes políticos parecem optar pelo contrário, prejudicando ainda mais os europeus e os portugueses em particular.

A minha crónica-vídeo de hoje, aqui:

Título, Texto e Vídeo: Telmo Azevedo Fernandes, Blasfémias, 12-2-2025

Relacionados: 
Governo federal dos EUA gastou centenas de milhões de dólares em assinaturas da imprensa corporativa
10-2-2025: Oeste sem filtro – Paralização da agência USAid assusta mídia DEPENDENTE de doações 
Reflexões sobre o início do segundo mandato de Donald J. Trump 
40.000 burocratas aceitam a oferta de indenização de Trump e demitem-se do governo federal 
Bruxelas: Capital da Europa está Desmoronando Diante de Nossos Olhos? 
A USAID e a nova ordem mundial

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-