O ato criminoso de vandalismo foi publicado nas redes sociais, com a criminosa posando ao lado do grotesco resultado. O chafariz é um bem tombado pelo IPHAN, e foi pintado recentemente além de ter sido depredado após um restauro completo
Quintino Gomes Freire
“Uma mulher faz um absurdo desses em um monumento importante para o desenvolvimento do Rio de Janeiro, porque é um dos últimos chafarizes que sobraram na cidade né? […] É um monumento nacional que sofre sistematicamente com essas pichações. Agora, não acontece absolutamente nada com essas pessoas que depredam e destroem o nosso patrimônio histórico. […] Estavam no processo limpeza, porque já tinha sido pichado aí vem uma pessoa e faz uma coisa dessas num monumento. A gente fica sem palavras, fica indignado, fica irritado em ver isso com o patrimônio do Rio de Janeiro”, afirma Marconi Andrade, fundador do movimento de protetores “S.O.S. Patrimônio”.
O Secretário Municipal de
Conservação, vereador Diego Vaz (PSD-RJ), também demonstrou
indignação: “Danos ao patrimônio cultural são considerados crimes
ambientais, de acordo com a Lei 9.605/98, Lei de Crimes Ambientais. Vamos
registrar um boletim de ocorrência para que ela seja responsabilizada e pague
as consequências previstas em Lei. Pichação não é arte, é vandalismo”,
dispara, em meio a diversas iniciativas que tem conduzido de recuperar bens
históricos.
Depois de um cuidadoso
restauro que deixou o monumento funcionando novamente – com direito a uma
pomposa reinauguração com a presença do então presidente da CEDAE, Wagner
Victer, e de Carlos Roberto Osório, secretário de
conservação da anterior gestão do prefeito Eduardo Paes – o belo patrimônio
histórico foi completamente destruído em 2021 e continua
sendo alvo de atos de vandalismo, semanalmente. A cada vez que é pintado
recebe uma pichação diferente e até já foi ocupado por drogados e cracudos que
acabaram roubando suas torneiras.
À época da restauração, Osório
anunciou a criação da Gerência de Monumentos e Chafarizes da secretaria, que
funcionaria numa construção que fica atrás do chafariz, onde funcionara uma
antiga elevatória da CEDAE. Na ocasião, o então secretário afirmou: “Com as
câmeras, quem pichar ou jogar lixo vai ser preso, e o caso será encaminhado à
Polícia Federal, órgão responsável por crimes contra o patrimônio federal“.
Parece que ficou mesmo na bravata.
Autoridades do IPHAN chegaram a anunciar que instalariam uma parede de vidro de 13 metros de largura por 2,40 de altura, com 16 milímetros de espessura e resistente até a armas de fogo para protegê-lo, mas de toda esta promessa, só foi colocado um vidro laminado nas bordas dos tanques que compõem o chafariz.
Descrição Oficial do
Monumento no site do IPHAN
Durante o vice-reinado do Marquês do Lavradio (1769-1779), foi construído o
Chafariz da Glória, no ano de 1772, no qual se lê a seguinte inscrição em
latim, aqui traduzida: “Luiz de Almeida, Marquês do Lavradio, que refreou as
inundações do mar, construindo um grande muro, aumentou as rendas e dignidade
do Conselho, restaurou os edifícios públicos, cortou os outeiros, igualou,
tornou mais cômodas as ruas e renovou a cidade. O Senado e o Povo do Rio de
Janeiro, ergue em 1772”. O chafariz foi restaurado na década de 60, em consequência
da alteração sofrida em 1905, durante a reforma urbana do Prefeito Pereira
Passos. Trata-se de um tanque amplo de cantaria para o qual vertem quatro
bicas. Possui duas pilastras encimadas por entablamento e frontão curvo, o qual
possui no centro um tímpano de alvenaria, o qual termina em cimalha, sobre a
qual se encontra uma urna com forma caprichosa.
Título e Texto: Quintino
Gomes Freire, Diário do Rio, 27-2-2025
Esta moça também vai ser condenada pelo STF a 17 anos de prisão??
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