Sempre que se discute o Médio
Oriente, o debate rapidamente se transforma numa batalha moral onde os factos
são secundarizados e a narrativa dominante ignora a realidade no terreno. O que
se passa em Israel e nos territórios vizinhos não é apenas um conflito
territorial – é a manifestação de um problema geopolítico maior, onde a única
democracia da região é constantemente vilipendiada enquanto grupos terroristas
são tratados com complacência.
Israel, um país construído sobre a resiliência
de um povo que foi perseguido por milénios, convive com uma ameaça existencial
permanente. Enquanto isso, a ONU e grande parte da comunidade internacional
insistem em manter uma abordagem que perpetua a tragédia palestiniana, mantendo
milhões de pessoas em condições deploráveis sob o domínio de grupos armados que
rejeitam qualquer solução viável para a paz.
A ONU, em vez de procurar
soluções reais, tem sustentado um status quo insustentável. O que começou com
600 mil refugiados palestinianos tornou-se um problema de cinco milhões de
pessoas, alimentado por uma política que impede qualquer solução realista.
Enquanto outras crises de
refugiados ao longo da história foram resolvidas através da integração e
reassentamento, os palestinianos são usados como peões num jogo político que
serve apenas para justificar a existência de regimes repressivos e milícias terroristas.
A verdade inconveniente é que
os países árabes nunca quiseram resolver o problema palestiniano. Poderiam ter
integrado os refugiados, tal como Israel integrou judeus vindos de países
árabes e europeus. Em vez disso, optaram por manter estas populações em campos
de refugiados, negando-lhes cidadania e direitos, ao mesmo tempo que incentivam
a narrativa do "retorno", que não passa de um mito politicamente útil
para manter o conflito vivo.
A Faixa de Gaza é um território sem viabilidade econômica, governado por um grupo terrorista – o Hamas – que não hesita em sacrificar a sua própria população para manter o poder. Enquanto a comunidade internacional hesita em chamar o Hamas pelo que ele realmente é – uma organização terrorista – os dois milhões de habitantes de Gaza vivem sob um regime brutal, sem direitos e sem qualquer perspectiva de futuro.
A proposta de reassentar parte
da população de Gaza noutras regiões não é uma questão de "limpeza
étnica" – é uma questão de sobrevivência. Manter milhões de pessoas
confinadas num território sem recursos, dependentes da caridade internacional e
controladas por um regime que usa civis como escudos humanos, não é humanismo –
é crueldade.
E ainda que a maioria da
população possa querer ficar, há centenas de milhares que aceitariam refazer a
sua vida em outro lugar se tivessem essa possibilidade. Recusar-se sequer a
discutir essa opção em nome de um purismo ideológico é manter estas pessoas
como reféns perpétuos de um conflito sem solução à vista.
A insistência na narrativa de
que os palestinianos devem "regressar"; às terras que ocupavam antes
de 1948 ignora a realidade geopolítica e histórica. Nenhum outro grupo de
refugiados no mundo mantém esse privilégio artificialmente. O próprio conceito
de "direito de retorno" é uma utopia irrealizável e inviável,
concebida para impedir qualquer solução prática.
O verdadeiro humanismo não
está em perpetuar mitos históricos ou em fazer discursos moralistas sobre
justiça absoluta. Está em encontrar soluções concretas que permitam que o maior
número possível de pessoas tenha uma vida digna. Se um milhão de palestinianos
tiver a oportunidade de reconstruir a sua vida fora de Gaza, e metade deles
conseguir, já seria um avanço incomparável à tragédia que se perpetua
atualmente.
Israel não é perfeito, mas é a
única democracia funcional da região, com uma sociedade diversa que inclui
judeus, árabes, cristãos e drusos. É um país que se defende contra ameaças
existenciais enquanto continua a prosperar.
Texto: Filipe Costa,
Comentário no Corta-fitas,
8-2-2025, 15h10
Desumanidade, pura e dura
Uma proposta decente
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