sábado, 8 de fevereiro de 2025

"Israel não é perfeito, mas é a única democracia funcional da região, com uma sociedade diversa que inclui judeus, árabes, cristãos e drusos"

Filipe Costa

Sempre que se discute o Médio Oriente, o debate rapidamente se transforma numa batalha moral onde os factos são secundarizados e a narrativa dominante ignora a realidade no terreno. O que se passa em Israel e nos territórios vizinhos não é apenas um conflito territorial – é a manifestação de um problema geopolítico maior, onde a única democracia da região é constantemente vilipendiada enquanto grupos terroristas são tratados com complacência. 

Israel, um país construído sobre a resiliência de um povo que foi perseguido por milénios, convive com uma ameaça existencial permanente. Enquanto isso, a ONU e grande parte da comunidade internacional insistem em manter uma abordagem que perpetua a tragédia palestiniana, mantendo milhões de pessoas em condições deploráveis sob o domínio de grupos armados que rejeitam qualquer solução viável para a paz.

A ONU, em vez de procurar soluções reais, tem sustentado um status quo insustentável. O que começou com 600 mil refugiados palestinianos tornou-se um problema de cinco milhões de pessoas, alimentado por uma política que impede qualquer solução realista.

Enquanto outras crises de refugiados ao longo da história foram resolvidas através da integração e reassentamento, os palestinianos são usados como peões num jogo político que serve apenas para justificar a existência de regimes repressivos e milícias terroristas.

A verdade inconveniente é que os países árabes nunca quiseram resolver o problema palestiniano. Poderiam ter integrado os refugiados, tal como Israel integrou judeus vindos de países árabes e europeus. Em vez disso, optaram por manter estas populações em campos de refugiados, negando-lhes cidadania e direitos, ao mesmo tempo que incentivam a narrativa do "retorno", que não passa de um mito politicamente útil para manter o conflito vivo.

A Faixa de Gaza é um território sem viabilidade econômica, governado por um grupo terrorista – o Hamas – que não hesita em sacrificar a sua própria população para manter o poder. Enquanto a comunidade internacional hesita em chamar o Hamas pelo que ele realmente é – uma organização terrorista – os dois milhões de habitantes de Gaza vivem sob um regime brutal, sem direitos e sem qualquer perspectiva de futuro.

A proposta de reassentar parte da população de Gaza noutras regiões não é uma questão de "limpeza étnica" – é uma questão de sobrevivência. Manter milhões de pessoas confinadas num território sem recursos, dependentes da caridade internacional e controladas por um regime que usa civis como escudos humanos, não é humanismo – é crueldade.

E ainda que a maioria da população possa querer ficar, há centenas de milhares que aceitariam refazer a sua vida em outro lugar se tivessem essa possibilidade. Recusar-se sequer a discutir essa opção em nome de um purismo ideológico é manter estas pessoas como reféns perpétuos de um conflito sem solução à vista.

A insistência na narrativa de que os palestinianos devem "regressar"; às terras que ocupavam antes de 1948 ignora a realidade geopolítica e histórica. Nenhum outro grupo de refugiados no mundo mantém esse privilégio artificialmente. O próprio conceito de "direito de retorno" é uma utopia irrealizável e inviável, concebida para impedir qualquer solução prática.

O verdadeiro humanismo não está em perpetuar mitos históricos ou em fazer discursos moralistas sobre justiça absoluta. Está em encontrar soluções concretas que permitam que o maior número possível de pessoas tenha uma vida digna. Se um milhão de palestinianos tiver a oportunidade de reconstruir a sua vida fora de Gaza, e metade deles conseguir, já seria um avanço incomparável à tragédia que se perpetua atualmente.

Israel não é perfeito, mas é a única democracia funcional da região, com uma sociedade diversa que inclui judeus, árabes, cristãos e drusos. É um país que se defende contra ameaças existenciais enquanto continua a prosperar.

Texto: Filipe Costa, Comentário no Corta-fitas, 8-2-2025, 15h10

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