Telmo Azevedo Fernandes
Não creio que haja demasiada
gente interessada em seguir ou informar-se sobre o que se convencionou chamar
de «crise política».
O nível rasteiro das
lideranças partidárias é tão confrangedor que qualquer delegado de turma do
ensino básico faria mais decente e melhor figura. Daí que muitos eleitores
estejam saturados de berreiro e pantomimas infantis, sendo-lhes na prática e
racionalmente, indiferente quem venha a ganhar as eleições.
Na verdade, qualquer
primeiro-ministro português finge e fingirá sempre gerir com a sua batuta a
economia e o quadro institucional do país. Mas sabemos todos que quem manda
substancialmente mais é a
oligarquia burocrática não-eleita da Comissão Europeia, a chefe do Banco
Central Europeu e os dirigentes dos grandes países da Europa.
Portanto, mais decisivos para
o nosso futuro coletivo serão os desenvolvimentos políticos noutras geografias.
E o que se vê por aí não é nada animador…
Na Alemanha o muito celebrado futuro Chanceler, congemina uma espécie de golpe de estado, contornando à má fila as normas constitucionais que limitam o teto de despesa pública. Friedrich Merz e os partidos que estão dispostos a apoiá-lo têm apenas maioria de dois terços no antigo parlamento, e não no novo, sendo que os 2/3 são necessários para alterar a Constituição.
Assim, além de quebrar a sua própria promessa eleitoral de não aumentar mais a dívida pública, Merz pretende, à revelia das boas práticas democráticas, ignorar a relação de forças no parlamento recém-eleito e usar o parlamento cessante para aprovar uma alteração à Constituição, escassos dias antes da tomada de posse dos novos deputados.
Ou
seja, trata-se de uma manobra pela porta-do-cavalo e antidemocrática porque não
parece legítimo comprometer a Alemanha com investimentos na ordem do trilião de
euros à revelia da vontade popular expressa nas urnas.
Entretanto, depois de em
dezembro o resultado das eleições na Roménia ter sido invalidado, muito por
pressão da União Europeia, e após ser detido quando ia submeter a sua nova
candidatura a presidente, o candidato que surge à frente nas sondagens foi banido
pelas autoridades locais de concorrer às eleições, entretanto reconvocadas. O
candidato a presidente é um nacionalista e populista muito crítico das
narrativas dominantes nos corredores de Bruxelas. Seria inconveniente no quadro
da união europeia.
Mas, aparentemente, tanto no
caso da Roménia como da Alemanha, todos estes procedimentos e situações
rocambolescas parecem ser aceites como normais e, até virtuosas aos olhos dos
representantes políticos dos cidadãos europeus. Assim sendo, para que nos
preocuparmos com as disputas entre Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos?
A minha crónica-vídeo de
hoje, aqui:
Título, Texto e Vídeo: Telmo Azevedo Fernandes, Blasfémias, 12-3-2025
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