domingo, 16 de fevereiro de 2014

A locomotiva da recuperação


Rudolfo Rebelo
Nunca ninguém (bolas... pelo contrário!) esteve contra o consumo privado. Portanto, se o consumo privado foi uma mola do surpreendente crescimento da Economia no último trimestre de 2013, catita! No entanto, importa ver que "tipo" de consumo se trata...
O sustentado por cartões de crédito ou por dívida bancária?
Ou o apoiado pelo aumento do emprego (crescem rendimentos), pela diminuição da poupança, ou, ainda, pela substituição de importações? O primeiro modelo foi o que nos conduziu ao endividamento interno, sucessivos défices externos e, por fim, à bancarrota.

Os dados, escassos, do INE, dizem-nos, ainda assim, que o consumo privado cresce em paralelo com o aumento do emprego e com uma trajectória mais saudável da poupança. E, há uma substituição de importações principalmente na indústria agro-alimentar.

Agora, O INE diz-nos algo mais. Está em marcha, uma alteração do perfil estrutural da economia portuguesa, bem mais importante (para mim) do que a reforma do Estado (esta vai-se fazendo, dado as restrições). É que a economia cresceu, cito o INE, graças ao "contributo da procura externa líquida". Ou seja, traduzindo, as exportações cresceram mais que as importações, existiu mais valor acrescentado no País. É este sector da actividade (que já representa 40% da economia) a locomotiva da recuperação.

Já agora, um desabafo... fico surpreendido quando vejo economistas (os mesmos que falavam em "espiral recessiva") a refugiarem-se no suposto efeito das "refinarias da Galp" como explicação para a preponderância no crescimento do PIB, via exportações. Nada mais falso e ignorante (admito que um não-economista diga isto, mas na boca de um economista ou político é um disparate). O valor acrescentado que este sector (refinação) deixa no País é diminuto. Muito menor que o de uma AutoEuropa... Cuja produção e exportações caíram imenso em 2013 (efeito exterior) e que em 2014 deverá recuperar.
Texto: Rudolfo Rebelo, 16-02-2014

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