sábado, 1 de fevereiro de 2014

O fim do recesso do STF... início de frustrações?.... O Aerus, uma frustração?...

Valdemar Habitzreuter
Enquanto tivermos a fortuna da existência sempre alimentaremos o projeto de ser feliz e ter uma vida digna. Somos naturalmente inclinados para isso.

É difícil definir o que seja a felicidade, ou o bem-estar, que todos procuramos. Muitos a definem como o modo epicurista de viver, outros o modo estoicista e outros ainda o meio-termo dessas duas propostas. Talvez seja isso uma questão pessoal. Em todo caso, todos nós almejamos o bem último da vida: ser feliz à sua maneira. E cada qual tem os seus projetos para alcançar este objetivo. É claro, muitos projetos, que cogitamos viáveis e colocamos em prática, podem não nos levar à meta almejada, e desembocar em frustrações. O Aerus, uma frustração?


À guisa dessa reflexão introdutória, venho abordar novamente, a contragosto – pois sempre repetitivo -, o problema que aflige milhares de pessoas aposentadas que tinham um grande projeto para que a vida fosse tão ou mais agradável e digna na velhice como quando estavam profissionalmente na ativa.

Refiro-me aos destemidos ex-trabalhadores das companhias aéreas Varig, Cruzeiro, Transbrasil e Vasp que tinham um projeto de felicidade: o Aerus – um plano previdenciário bem estruturado, com o aval e fiscalização do governo, com o único intuito de terem proteção na terceira idade e terem uma vida digna (a Vasp não fazia parte do Aerus, mas tinha seu Aeros particular que também foi golpeado pelo governo).

No que deu este projeto? Desde a fundação do Aerus em 1982 até 2006 todos os que aderiram ao plano depositaram religiosamente todo mês uma significativa quantia de seus salários. Era uma previdência para uma providência futura. Mas... todos sabemos o desfecho da história e as tentativas judiciárias para reavermos nosso dinheiro.

Ainda resta alguma esperança? Possivelmente... mas quando se diz que algo é possível, não significa sua concretude. É bom não entregar-se à empolgação; à esperança, sim. A esperança se equilibra entre duas possibilidades e não machuca tanto a alma quanto a empolgação, em caso de decepção do que é esperado. A empolgação rasga a alma de dor, pois já conta como certo aquilo que espera.

É com esta esperança que é necessário voltar os olhares para o STF, que abre seus trabalhos neste início do mês, ansiando que seja colocado em pauta o processo da defasagem tarifária que traria um novo alento ao projeto Aerus e uma bênção a milhares de vidas que teriam seus direitos restabelecidos, exceto aquelas que já se foram e que esperaram em vão. Não se reivindica alguma espécie de bolsa-família, mas, sim a devolução do suado dinheiro depositado no Aerus, o fundo de pensão dos empregados da aviação comercial.

Sempre me pergunto: o Aerus não foi erigido sob a égide da Lei? E para que servem as leis? Não é um pacto de fidelidade para dar garantias de cumprimento àquilo que foi acordado e estabelecido como legitimamente aceitável e factível?

O governo baixou as leis e o regulamento para que o projeto Aerus fosse implementado e fosse uma entidade previdenciária para milhares de trabalhadores da aviação comercial. Ambas as partes – governo e participantes – foram concordes e se submeteram a essas leis. De quem é a culpa, pois, de os aposentados terem seus proventos reduzidos e com chance de serem totalmente interrompidos? Transgrediram as leis? Alguém saberia me dar uma justificativa? Com a palavra os intérpretes das leis...


A eminente Ministra Cármen Lúcia teve a lucidez e deu o primeiro passo ao apontar falhas na condução da política econômica errônea do governo Sarney - o plano cruzado - que encetou a derrocada das companhias aéreas, e com isso o Aerus foi pilhado de seus recursos com a anuência dos encarregados de protegê-lo nos ditames das leis vigentes.

Parece que a Justiça (?) brasileira está brincando com este caso. É esta a questão que intriga os ex-trabalhadores. É tão fácil verificar donde e de quem partiu a transgressão da lei. No entanto, já se passaram oito longos anos de jogo de empurra sem saber o que os espera, agora, com o julgamento do caso na instância suprema - no STF - que tem o poder de determinar quem foi o prejudicado em seus direitos e quem foi o responsável que menosprezou as leis. Mesmo nesta instância a morosidade deixa-os perplexos.

O Aerus, o fim de um projeto que garantiria o sonho de uma vida feliz para milhares de ex-trabalhadores? Pelo andar da carruagem podemos sentir que algo conspira contra eles. Este governo não toma as leis como diretriz para consolidar uma sociedade justa e saudável. Seus interesses são outros: contentar a massa ignara com propinas e falsas promessas para sustentar-se no poder e, assim, coloca-se acima das leis. Sua lei maior resume-se nisso: aos fracos e indefesos, o esquecimento; aos fortes e poderosos é estendida a mão da corrupção.

Aviso: neste ano há eleições.

Caro ex-aeronauta/ex-aeroviário, o que te anima? A esperança ou a empolgação?
Título e Texto: Valdemar Habitzreuter, 01-02-2014


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