Viviam no mesmo reino animal
de Aeropolis:
O Leão, o Lobo, a Hiena, a Ave
de Rapina e o Camelo.
Eles viviam felizes e em harmonia, e sobreviviam da seguinte forma:
Eles viviam felizes e em harmonia, e sobreviviam da seguinte forma:
O Leão caçava, comia a parte
nobre da caça, e o restante era distribuído pelos demais animais, com exceção
do Camelo que, não sendo carnívoro, pastava tranquilamente, em paz, sem
incomodar ninguém. Essa sociedade vivia assim feliz, muito feliz…
Até o dia em que Sua Majestade,
o Leão, ficou doente, não podia mais caçar!
Formou-se o distúrbio, e a
confusão entre os animais se agravava em decorrência da fome.
O Lobo então, faminto e
preocupado com a sua situação, procurou o médico veterinárioe apelou:
"Como está o Leão, doutor?
O senhor precisa recuperá-lo com a máxima urgência.”
O doutor veterinário, após
olhar o relatório médico, respondeu:
“Senhor Lobo, o que a medicina
pode fazer, já fez. O Leão já foi atendido, encontra-se extremamente debilitado
e precisa rapidamente se alimentar, caso contrário ele vai morrer!”
O Lobo correu para a toca do
Leão, e apavorado assim falou:
“Majestade, Majestade, estamos
muito preocupados com a sua saúde.
O veterinário alertou que vossa
majestade precisa, com urgência, se alimentar, caso contrário, vai
falecer!"
O Leão, muito depauperado, com
dificuldade até para falar responde: “Mas como eu vou me alimentar, se eu não
posso caçar?"
O Lobo retrucou prontamente: “Permita-me
uma sugestão Majestade?”
O Leão prontamente responde
com certa dificuldade: “Claro que sim senhor Lobo!”
O Lobo, então, sugere: “Por que
o senhor não come o Camelo, majestade?"
Contrariado, respondeu, o Leão:
"Alto lá, isso é um ato de traição, deslealdade! Isso eu não permito na
minha comunidade! Traição, jamais! Esteja certo disso, senhor Lobo!"
O Lobo: “Um momento, Majestade,
um momento, e se ele se oferecer como pasto?”
O leão calou-se. E, como quem
cala consente…
No dia seguinte, o Lobo foi
para a toca do Leão, desta vez liderando toda a bicharada, e se expressou:
“Majestade, refleti muito
sobre a nossa conversa de ontem e preocupadíssimo com a vossa recuperação
cheguei à seguinte conclusão:
Eu, Lobo quero ter a honra e o
privilégio de me oferecer como pasto, para a recuperação de Vossa Majestade!”
Imediatamente a Hiena
contestou, gritando:
"Para! Você não, Lobo!
Quem vai ter essa glória serei eu."
A Ave de rapina, prontamente, retrucou aos berros:
"Nenhum de vocês! Quem
vai ter essa honra e glória serei eu que tenho a carne mais tenra”.
O Camelo, vendo tanto gesto de
altruísmo e bravura, não querendo ficar para trás, emocionado, falou:
“Majestade, eu gostaria de ter
o privilégio de servir como pasto para a vossa recuperação!”
Era que o Lobo esperava e
prontamente deu um bote certeiro e fatal no pescoço do Camelo, atirou-o aos pés
do Leão, e falou vitorioso:
"Viu, Majestade, viu, Majestade…
o Camelo se ofereceu! Viu, Majestade, o Camelo se ofereceu!”
Isso é política!
Alerta:
Em Aeropolis o Leão está
doente. Tem muito Lobo rondando, atento. Cuidado para você não servir de
Camelo.
Título, Imagens e Texto: Francisco Barros, ex-aeroviário da
VARIG e aposentado do AERUS, 15-04-2014
Relacionados:
Gostei muito da criatividade do nosso amigo Francisco Barros! Fez-me logo lembrar uma fábula de Monteiro Lobato, que aproveitando o ensejo, transcrevo-a para conhecimento de todos:
ResponderExcluir** O LEÃO, O LOBO E A RAPOSA **
Um leão muito velho e já caduco andava morre não morre. Mas, apegado à vida e sempre esperançado, deu ordem aos animais para que o visitassem e lhe ensinassem remédios.
Assim aconteceu. A bicharada inteira desfilou diante dele, cada qual com um remédio ou ou conselho.
Mas, e a raposa? Por que não vinha?
- Eu sei - disse um lobo intrigante, inimigo pessoal da raposa. Ela é uma finória, acha que Vossa Majestade morre logo e é bobagem andar a perder tempo com cacos de vida.
Enfureceu-se o leão e mandou buscar a raposa debaixo de vara.
- Então é assim que me trata, oh vilíssimo animal? Esquece de que eu sou o rei da floresta?
A raposa interrompeu-o:
- Perdão, Majestade! Se não vim até agora é que andava em peregrinação pelos oráculos, consultando-os a respeito da doença que abate o ânimo do meu querido rei. E não perdi a viagem, visto que trago a única receita capaz de produzir melhoras na real saúde de Vossa Majestade.
- Diga lá o que é - ordenou o leão, já calmo.
- É combater a frialdade que entorpece os vossos membros com um "capote de lobo."
- Que é isso?
- Capote de lobo é uma pele ainda quente de lobo escorchado na horinha. E como está aqui mestre lobo, súdito fiel de Vossa Majestade, vai ele sentir um prazer imenso em emprestar a pele ao seu real senhor.
O leão gostou da receita, escorchou o lobo, embrulhou-se na pele fumegante e ainda por cima lhe comeu a carne.
A raposa, vingada, retirou-se, murmurando:
- Toma! Para intrigante, intrigante e meio...
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Espero que nas eleições de outubro próximo, os aposentados sejam a raposa. Que o governo federal seja o lobo esquartejado, e nos os eleitores vingados, sejamos o leão...
Almir Papalardo.