José Manuel
Continuamos assistindo a
espetáculos degradantes em nossa medíocre história atual.
O último é o dos americanos do
norte que, durante algum tempo, foram os nossos patrões e ideário de vida, pois
as estatísticas dos sacoleiros não mentem e o Banco
Central o confirma através de números publicados, mais uma vez mostram o que
poderão fazer com a ex-primeira maior empresa da América Latina, a Petrobras.
Ex-primeira, porque perdeu, é
claro, a liderança para o porre que assola o país, e a Ambev é
hoje a maior empresa, fornecendo cerveja e pagode, passando a outra de
altíssima tecnologia e engenharia especializada.
É a troca do factível, do
futuro, da tecnologia pelo imediatismo, pelo supérfluo, pelo porre prazeroso
e irresponsável.
Do tênis confortável, subindo
pelo jeans, à ingestão da Coca-Cola refrescante e um carro novinho na garagem
com a gravatinha dourada reluzindo, não passamos de meros ex-revoltados e
atuais re-colonizados assumidos, por obra e graça dos estrangeiros, amém.
Apenas trocamos o idioma, como
se isso significasse e explicasse o nosso esquecimento por um passado em que se
construíram catedrais, patrimônios da humanidade, unidade territorial e um
idioma falado em quatro continentes.
Ao contrário, no novo idioma
escolhido, o esbulho, a entrega declarada, a subserviência aos novos
colonizadores é saudada como se a
palavra globalização explicasse todas as nossas mazelas.
E o que é pior é que
continuamos a não nos importar com essa condição e a mostrar explicitamente uma
tendência ao socialismo de araque de uma minúscula ilha perdida na história,
desde que os "mall's" de Miami ou
Nova Iorque estejam sempre à nossa espera para gastar lá, muito bem, o que
muito mal se produz aqui.
Para disfarçar essa pobreza
espiritual, intelectual e hipócrita, alguns gritam constantemente a
plenos pulmões, “americans go home”, como se essas
fossem as palavras mágicas de um psicanalista salvador. Ledo engano.
Segundo o jornalista Reinaldo
Azevedo em um dos seus últimos textos:
A Price Waterhouse Coopers,
auditoria responsável por avaliar os balanços da estatal, resolveu
pressionar a direção da empresa a aprofundar as investigações das
roubalheiras na estatal, segundo critério das leis anti-corrupção dos EUA.
Ou a gigante brasileira fazia isso ou a Price deixaria de analisar os
balanços.
Que vergonha!, e tem mais o
que o jornalista continua informando:
E
que consequência isso teria? A auditoria informaria ao conselho da
Petrobras a sua decisão; se, ainda assim, nada fosse feito, a Price informaria
à SEC (órgão que regula o mercado de capitais nos EUA), o rompimento do
contrato. Seria um golpe gigantesco na credibilidade da estatal no
mercado internacional, isso num momento delicado em que a empresa depende
vitalmente de financiamento externo. Sem a análise do balanço, a Petrobras
estaria fora do mercado.
Subserviência pura e
explícita de um país espoliado por um bando de corruptos.
Continuando ainda, o
jornalista escreve:
Parece piada, mas é
assim: foi preciso que as leis americanas fossem evocadas para que a Petrobras
se coçasse e decidisse investigar a sem-vergonhice. Dois
escritórios especializados em leis americanas anti corrupção foram
contratados: nos EUA, o escolhido foi o Gibson, Dunn & Crutcher.
No Brasil, o Trench, Rossi e Watanabe, de São paulo.
Eles vão colaborar com a
comissão interna criada pela Petrobras para investigar o caso
É possível que não seja
necessário desenhar esta vergonha pelo qual o país está e vai passar, mas desde
já sentimos como cidadãos, o que nos espera por mais quatro anos de continuismo.
Afinal foram as nossas
escolhas que nos levaram a isso, a primeira quando resolvemos trocar a nossa
ancestralidade, jogando no lixo toda a história de uma nação, a segunda, quando
nas urnas, legitimamos a continuidade de tudo isso que já conhecemos.
Há exatamente 514 anos os
brancos aqui chegavam com os espelhinhos que deixaram os nossos
nativos extasiados ao olharem a sua imagem refletida.
Depois os peles-vermelhas
durante longos e infindáveis anos, nos mostraram o " Way of Life " que
ia do Cinema ao Colgate.
Agora são os amarelos de olhos
amendoados que nos empanturram de aparelhinhos hipnotizadores que não
saem das mãos dos naturais e seus "selfies" de
sua mesma imagem, porém desta vez eletrônica.
Do espelhinho
vulgar ao selfie tecnológico, como podemos
constatar, nada mudou em cinco séculos.
No início foi o Pau
Brasil e o Ouro que se foram, mas
felizmente ficaram as cidades, as estradas, os portos, a arquitetura, a cultura
e a história.
Agora, se vão as "Commodities" nome
pomposo e estrangeiro como convém, das nossas riquezas minerais e alimentares
sendo retirados do nosso solo, e a preço de banana sendo levadas para as
feras do momento ou, para ser mais explícito, os tão famosos "tigres
asiáticos", aqueles famosos que nos inundam de
porcarias made in, porque somos incapazes de as
produzir aqui e gerar as riquezas que necessitamos.
O formoso céu, risonho,
límpido, não resplandece mais a rosa dos ventos da pioneira, brasileira de nascimento
com RG, porque foi entregue às bandeiras internacionais,
devoradoras de receitas, orgulhos e postos de trabalho, tornando-nos
dependentes e subservientes às asas dos abutres aéreos internacionais.
Quantos séculos mais precisaremos
para encontrar a nossa identidade nacional, dignidade, sem que continuemos a
culpar os que aqui primeiro chegaram, e sem que precisemos continuar nos
explicando aos Titãs do mundo?
Título e Texto: José Manuel, 03-11-2014, o ano perdido.
Parabéns José Manuel!
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