segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Colonização & Subserviência


José Manuel                  
Continuamos assistindo a espetáculos degradantes em nossa medíocre história atual.  
O último é o dos americanos do norte que, durante algum tempo, foram os nossos patrões e ideário de vida, pois as estatísticas dos sacoleiros não mentem e o Banco Central o confirma através de números publicados, mais uma vez mostram o que poderão fazer com a ex-primeira maior empresa da América Latina, a Petrobras.

Ex-primeira, porque perdeu, é claro, a liderança para o porre que assola o país, e a Ambev é hoje a maior empresa, fornecendo cerveja e pagode, passando a outra de altíssima tecnologia e engenharia especializada.
É a troca do factível, do futuro, da tecnologia pelo imediatismo, pelo supérfluo,  pelo porre prazeroso e irresponsável.

Do tênis confortável, subindo pelo jeans, à ingestão da Coca-Cola refrescante e um carro novinho na garagem com a gravatinha dourada reluzindo, não passamos de meros ex-revoltados e atuais re-colonizados assumidos, por obra e graça dos estrangeiros, amém.

Apenas trocamos o idioma, como se isso significasse e explicasse o nosso esquecimento por um passado em que se construíram catedrais, patrimônios da humanidade, unidade territorial e um idioma falado em quatro continentes.

Ao contrário, no novo idioma escolhido, o esbulho, a entrega declarada, a subserviência aos novos colonizadores  é saudada como se a palavra globalização explicasse todas as nossas mazelas.

E o que é pior é que continuamos a não nos importar com essa condição e a mostrar explicitamente uma tendência ao socialismo de araque de uma minúscula ilha perdida na história, desde que os "mall's" de Miami ou Nova Iorque estejam sempre à nossa espera para gastar lá, muito bem, o que muito mal se produz aqui.

Para disfarçar essa pobreza espiritual, intelectual  e hipócrita, alguns gritam constantemente a plenos pulmões, “americans go home”, como se essas fossem as palavras mágicas de um psicanalista salvador. Ledo engano.



Segundo o jornalista Reinaldo Azevedo em um dos seus últimos textos:
A Price Waterhouse Coopers, auditoria responsável por avaliar os balanços da estatal, resolveu pressionar a direção da empresa a aprofundar as investigações das roubalheiras na estatal, segundo critério das leis anti-corrupção dos EUA. Ou a gigante brasileira fazia isso ou a Price deixaria de analisar os balanços.

Que vergonha!, e tem mais o que o jornalista continua informando:

E que consequência isso teria? A auditoria informaria ao conselho da Petrobras a sua decisão; se, ainda assim, nada fosse feito, a Price informaria à SEC  (órgão que regula o mercado de capitais nos EUA), o rompimento do contrato. Seria um golpe gigantesco na credibilidade da estatal no mercado internacional, isso num momento delicado em que a empresa depende vitalmente de financiamento externo. Sem a análise do balanço, a Petrobras estaria fora do mercado.
Subserviência pura e explícita de um país espoliado por um bando de corruptos.

Continuando ainda, o jornalista escreve:

Parece piada, mas é assim: foi preciso que as leis americanas fossem evocadas para que a Petrobras se coçasse e decidisse investigar a sem-vergonhice. Dois escritórios especializados em leis americanas anti corrupção foram contratados: nos EUA, o escolhido foi o Gibson, Dunn & Crutcher. No Brasil, o Trench, Rossi e Watanabe, de São paulo.
Eles vão colaborar com a comissão interna criada pela Petrobras para investigar o caso

É possível que não seja necessário desenhar esta vergonha pelo qual o país está e vai passar, mas desde já sentimos como cidadãos, o que nos espera por mais quatro anos de continuismo.
Afinal foram as nossas escolhas que nos levaram a isso, a primeira quando resolvemos trocar a nossa ancestralidade, jogando no lixo toda a história de uma nação, a segunda, quando nas urnas, legitimamos a continuidade de tudo isso que já conhecemos.

Há exatamente 514 anos os brancos aqui chegavam com os espelhinhos que deixaram os nossos nativos extasiados ao olharem a sua imagem refletida. 
Depois os peles-vermelhas durante longos e infindáveis anos, nos mostraram o " Way of Life " que ia do Cinema ao Colgate.

Agora são os amarelos de olhos amendoados que nos empanturram de aparelhinhos hipnotizadores que não saem das mãos dos naturais e seus "selfies" de sua mesma imagem, porém desta vez eletrônica.

Do espelhinho vulgar ao selfie  tecnológico, como podemos constatar, nada mudou em cinco séculos.

No início foi o Pau Brasil  e o Ouro que se foram, mas felizmente ficaram as cidades, as estradas, os portos, a arquitetura, a cultura e a história.

Agora, se vão as  "Commodities" nome pomposo e estrangeiro como convém, das nossas riquezas minerais e alimentares  sendo retirados do nosso solo, e a preço de banana sendo levadas para as feras do momento ou, para ser mais explícito, os tão famosos "tigres asiáticos", aqueles famosos que nos inundam de porcarias made in, porque somos incapazes de as produzir aqui e gerar as riquezas que necessitamos.

O formoso céu, risonho, límpido, não resplandece mais a rosa dos ventos da pioneira, brasileira de nascimento com RG, porque foi entregue às bandeiras internacionais, devoradoras de receitas, orgulhos e postos de trabalho, tornando-nos dependentes e subservientes às asas dos abutres aéreos internacionais.

Quantos séculos mais precisaremos para encontrar a nossa identidade nacional, dignidade, sem que continuemos a culpar os que aqui primeiro chegaram, e sem que precisemos continuar nos explicando aos Titãs do mundo? 
Título e Texto: José Manuel, 03-11-2014, o ano perdido.

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