Valdemar Habitzreuter
O confinamento dos colegas em Brasília
é digno de reconhecimento por nós que, de uma forma ou outra, nos encontramos
impossibilitados de estarmos lá, reivindicando a retomada do pagamento do
Aerus. Creio que muitos mais de nós, se não todos, gostaríamos, ao menos em
nosso íntimo, estar lá e participar dessa manifestação, na casa de todos os
brasileiros, para deixar ver aos nossos representantes a indignação que invade
a todos nós pelo descaso com que somos tratados em relação aos nossos direitos –
ainda mais em se tratando de pessoas idosas que têm urgência para que o caso
Aerus seja resolvido.
Infelizmente, há oito anos que
o caso se arrasta nos tribunais da Justiça, e toda vez que achamos que a
vitória está ao alcance das mãos somos surpreendidos com inusitadas manobras
governistas – ou sei lá que forças diabólicas antagônicas – que inviabilizam a
concretude do ressarcimento dos nossos proventos. Macumba? Não sou
supersticioso. É má vontade mesmo de quem tem o dever de restabelecer o que nos
foi surripiado às barbas das autoridades governamentais, os salvaguardas do
nosso Fundo.
Todo esforço da senadora Ana
Amélia em convencer seus pares de dar cabo a toda essa celeuma parece fadado a
ser em vão, e o prazo para um acordo parece se distender cada vez mais, sem
perspectivas de quando podemos contar com o nosso suado dinheiro que outrora
depositamos no Aerus e que confiamos nas mãos fiscalizadoras do governo. É uma
vergonha que isso possa acontecer em uma sociedade em que o governo se diz
estar aí para resolver as injustiças sociais. É afronta atrás de afronta aos
velhinhos e velhinhas do Aerus. Isto não é sanar a injustiça que paira sobre
nós durante esses anos todos.
Muitos, ao longo de todos
esses anos, foram obrigados a se desfazer de seu patrimônio para poder
sobreviver e ter um padrão de vida muito aquém do que projetaram na velhice.
Quantos se desfizeram de seus
apartamentos por falta do dinheiro para pagar o condomínio!
Quantos não conseguiram honrar
as prestações do financiamento pela compra desses imóveis!
Quantos tiveram que abandonar
seus planos de saúde!
Quantos se entregaram à
custódia dos filhos, sobrecarregando-os e não podendo dedicar-se exclusivamente
a sua própria família.
Não é sem razão que, por
vezes, deixamos extravasar nossos sentimentos de repúdio à classe política que
não está nem aí para o que acontece aos que necessitam de seu auxílio. Não é um
auxílio gratuito que pleiteamos. Não é uma 'bolsa família' que está em jogo,
mas, sim, a restituição daquilo que arduamente conquistamos com o nosso
trabalho.
Se somos necessitados, nesta
altura do campeonato, nesta idade avançada, não é por falta de uma benesse
gratuita do governo, mas por falta daquilo que nos é de direito e que o governo
insiste em nos negar. Não é propriamente repúdio que sentimos aos que nos
representam, já passa até a ser nojo por eles. E mesmo isto ainda é pouco...
Bom, deixemos de lado toda
esta nojeira que está acontecendo conosco. Não sei porque acabei me desviando
do propósito do título acima - DEU PT. Talvez estas duas letras, PT, me
suscitam asco, repulsa, vômito.
É um assunto totalmente alheio
a tudo isso que se refere ao caso Aerus.
Minha filha sofreu um acidente
de carro muito sério. É claro, quando soube da notícia fiquei muito preocupado,
já que ela foi levada para o hospital. Como ela mora no Rio e eu nos cafundós
de Santa Catarina não tinha como dar alguma assistência de imediato. Mas ela
tranquilizou-me dizendo que, felizmente, não teve ferimentos graves, e que logo
teria alta.
Depois de alguns dias de
repouso em casa, para seu restabelecimento, ela voltou ao trabalho. Aí eu lhe
perguntei:
– E o carro?
E ela: – Deu pt.
– Não, minha filha, não vem
com essa. Não coloque o PT nesta história. Eu já estou de saco cheio desse PT e
você vem e diz que o PT está por trás desse acidente?!
– Não, pai. Pt significa perda
total. O carro deu perda total.
– Ah bom, suspirei. Tem de
explicar direitinho as coisas para este pai velhinho, os neurônios já não mais
estão tão ativos...
Pois, amigos velhinhos e
velhinhas do Aerus, não podemos deixar que o nosso Aerus venha a sofrer pt, isto é, perda total.
Temos que estar alertas para que esse acidente não aconteça. Daí todo nosso
apoio e gratidão aos confinados em Brasília. Conjuguemos nossas forças com
estes abnegados companheiros que se predispuseram a ter esta iniciativa…
Título e Texto: Valdemar Habitzreuter, 22-11-2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-