quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Taxas de juro da dívida portuguesa em mínimos "históricos"...

Tavares Moreira

1. Ontem e hoje é notícia (quase ignorada) o facto de as taxas de juro da dívida pública portuguesa terem atingido níveis muito baixos: concretamente, no caso da dívida a 10 anos, a taxa de juro implícita na respectiva cotação (yield) situa-se hoje em 2,906%, o mais baixo de sempre.

2.  Numa altura em que a atenção da vida política nacional se encontra voltada para e dominada por factos extremamente negativos, que denunciam a enorme vulnerabilidade do processo de selecção de elites políticas e administrativas, é consolador receber notícias como esta, mostrando que nem tudo vai mal neste confuso País…

3. É certo que por detrás desta evolução muito favorável das taxas de juro da dívida se encontram factores não nacionais – a expectativa de uma mais pesada intervenção do BCE nos mercados, nomeadamente de dívida pública, à imagem do que tem acontecido com outros bancos centrais (FED e Banco do Japão, por exemplo); a “furiosa” procura por activos que proporcionem um rendimento mais elevado, por parte de grandes investidores internacionais…

4.  … mas isso não deverá constituir motivo de desvalorização desta boa notícia que, como já aqui referi, está contribuindo para um desempenho das contas externas melhor do que o previsto, através de uma significativa redução do défice dos rendimentos…

5. Basta notar que, sendo certo que tanto as dívidas da Irlanda, em 1º lugar (yield equivalente já abaixo de 1,5%) como também da Espanha (yield em 1,9%) e da Itália (yield em 2,2%) vêm beneficiando igualmente desta tendência, já a yield da dívida da Grécia permanece em patamares muito elevados (acima de 8%), claramente em resultado de factores nacionais que impedem que esse País beneficie desta mesma tendência de descida dos juros.

6.  O que significa, pois, no nosso caso, que factores nacionais também pesam nesta evolução, designadamente o esforço que, contra ventos e marés, foi feito no sentido de dar cumprimento aos objectivos consignados no Programa de Ajustamento Económico e Financeiro…

7. Há só um dado menos positivo nesta evolução, que consiste no apagamento das teses reestruturacionistas… todavia,  os distintos autores dessas teses já terão perdido a esperança a partir do momento em que as altas chefias do (ex?) Crescimentismo ordenaram, “sine die”, a sua recolha ao congelador…

Título e Texto: Tavares Moreira, “4R – Quarta República”, 26-11-2014

Um comentário:

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-