Em seu artigo, “Justiça a Paulo Francis, Ainda que Tardia”, de 23/09/2014, a professora de Direito Internacional da Universidade de São Paulo, Maristela Basso, recorda que anos atrás, no programa Manhattan Connection, Paulo Francis [foto] “sugeriu a privatização da Petrobras e chamou atenção para o fato de que seus diretores desviavam dinheiro para contas na Suíça, e era preciso investigar”. Mas, o jornalista não tinha as provas necessárias, sendo então denunciado pelo presidente da Petrobras, Joel Rennó e mais sete diretores que o processaram através do Poder Judiciário dos Estados Unidos. “A indenização aos diretores, mais custas e honorários foi estipulada em 100 milhões de dólares”, quantia impossível de ser paga por Paulo Francis. Como consequência ocorreu sua morte, em fevereiro de 1997, em Nova Iorque, por um enfarte fulminante.
O que diria hoje o brilhante
Francis diante do assombroso, estrondoso, o mais gigantesco escândalo entre os
muitos ocorridos no governo petista, chamado de petrolão e que agora começa vir
à tona graças ao eficiente trabalho do juiz Sérgio Moro, da Polícia Federal e
do Ministério Público?
Durante anos funcionários de
carreira foram alçados por Lula a diretores da Petrobras. Eles funcionavam como
receptadores de empreiteiras, que pagavam propinas para obter contratos de
grandes obras da Petrobras, sendo que 1% a 3% eram repassados a partidos como o
PT, PMDB e PP, segundo se sabe até agora. Tais repasses faziam com que as
empreiteiras superfaturassem o custo das obras.
Ao mesmo tempo, um intricado
sistema de lavagem de dinheiro era organizado pelo doleiro Alberto Youssef, que
se encontra preso e optou pela delação premiada. Também o ex-diretor da
Petrobras, Paulo Roberto da Costa, que se encontra em prisão domiciliar, seguiu
o caminho da delação expondo juntamente com Youssef o assalto á Petrobras, do
qual ambos participaram assiduamente.
Mais prisões aconteceram como
a do ex-diretor da Petrobras, Renato Duque, indicado pelo mensaleiro José
Dirceu, de quatro presidentes de grandes empreiteiras e de 15 executivos, na 7ª
etapa da Operação Lava Jato denominada Juízo Final. O chamado “operador” do
PMDB, Fernando Antonio Falcão Soares, cognome Fernando Baiano, entregou-se a
polícia depois de permanecer foragido e deve ter grandes falcatruas a contar se
optar pela delação premiada. Muitos outros ainda devem comparecer á Justiça,
pois há uma extensa relação de políticos cujos nomes permanecem em sigilo.
A perda da Petrobras com os desvios pode chegar a 21 bilhões, segundo o banco americano Morgan Stanley. Tudo se passou durante os mandatos de Lula da Silva, sendo que Dilma Rousseff deles participou como ministra de Minas e Energia, depois ministra da Casa Civil, tendo sido também presidente do Conselho da Petrobras. Rousseff foi eleita presidente da República e a roubalheira se estendeu pelos quatro anos de seu primeiro mandato.
Por isso, quando petistas com
aquele cacoete de atribuir sempre aos outros seus erros, falam que a culpa de
tudo é dos governos anteriores, estão certos. Anteriormente foram oito anos de
Lula da Silva e quatro de Dilma Rousseff. Mesmo assim estes não viram, não
ouviram, não sabem de nada.
Some-se aos descalabros da
Petrobras a condição econômica do País. Como bem resumiu Celso Ming, “a situação atual é de paradeira, alta inflação, contas públicas degradadas e deterioração das contas externas” (O Estado de S. Paulo, 19/11/2014).
Diante de tantas dificuldades
o PT vai chocando seus ovos de serpente, dos quais na hora certa nascerão
venenosíssimas urutus. Entre eles podem
ser citados:
1 – O Decreto 8.243 que
constitui os Conselhos populares, espécie de sovietes compostos pelos chamados
movimentos populares ligados e sustentados pelo PT. Caberá a eles se sobrepor
ao Legislativo e ao Judiciário. O Decreto já foi rejeitado pela Câmara, mas
deverá voltar ao Congresso.
2 – O recente manifesto do PT
que aponta para o objetivo de alcançar a hegemonia e se refere, entre outras
coisas de cunho autoritário, à censura dos meios de comunicação.
3 – A visita não oficial ao
Brasil de Elias Jaua, ministro-chefe das milícias bolivarianas da Venezuela.
Posteriormente ele aparece no vídeo de um canal de TV estatal venezuelana
assinando um convênio com o MST na cidade de Guararema, a 80 quilômetros de São
Paulo. Esses convênios na verdade são cursos de treinamento para a revolução
socialista.
4 – A insidiosa campanha
contra a polícia acusada de matar pessoas. Não se menciona o número de
assassinatos de pessoas por bandidos, nem quantos policiais morreram
heroicamente para proteger a população. Só falta pedir que a polícia ande
desarmada para enfrentar facínoras fortemente armados.
Diante de tanta degradação e
de um futuro nebuloso, o que diria o brilhante polemista, o corajoso jornalista
Paulo Francis? Pena que ele não pode mais se expressar, mas, pelo menos está
vingado.
Título e Texto: Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga. 20-11-2014
Título e Texto: Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga. 20-11-2014
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