Pinho Cardão
"Acha que os recentes
acontecimentos, vistos gold e prisão de um ex-Primeiro-Ministro, colocam o
regime em crise?
É a pergunta que, desde há uns
dias, os jornalistas fazem, às centenas, em todos os telejornais, com ar de
grande solenidade, grave e preocupado, a convidados especialmente escolhidos,
esperando a resposta definitiva. Tão definitiva que, aliás, só dura até ao
telejornal seguinte!...
Com ar não menos solene e
grave, conspícuo e conhecedor, o entrevistado começa por repetir a pergunta,
descreve os factos na génese da questão, tece sobre eles sábias e vastíssimas
considerações gerais, pergunta-se o que é crise e regime, enreda-se na
profundidade da análise e acaba por se esquecer da resposta. Esquecimento a que
o jornalista não liga qualquer importância, ele não está lá para isso, o que é
preciso é passar tempo.
Passar tempo e passar de
imediato ao segundo especialista, com o mesmo com ar de grande solenidade,
grave e preocupado: e acha que estes acontecimentos podem significar o
fim do regime?
No fundo, conversa entre
comparsas, contentinhos do regime que não os dispensa.
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