Pode uma ideia mudar o mundo?
O século XX nasce, e com ele
germinam as sementes do autoritarismo. Da Europa à Ásia, as ondas de choque
irão abalar a humanidade e atingir em cheio quatro famílias.
Depois de assistir à queda da
monarquia, o capitão Artur Teixeira vê as esperanças da República afundarem-se
num caos de instabilidade. Adere à revolução militar e recebe uma missão:
convencer Salazar a tornar-se ditador.
Satake Fukui cresce num Japão
dilacerado entre a tradição e a modernidade. O seu confronto com o militarista
Sawa reflete um braço de ferro que ameaça mergulhar o país, e o mundo, numa
catástrofe sem precedentes.
A chinesa Lian-hua nasce com
olhos azuis, os mesmos que veem a China arrastada para um choque titânico entre
os nacionalistas, os comunistas e os japoneses. Apanhada no fogo cruzado, é
raptada por um radical comunista: o jovem Mao Tse-tung.
Os bolcheviques acabam de
conquistar a Sibéria e batem à porta da pequena quinta dos Skuratov. Estaline
iniciou as coletivizações e a família de Nadezhda é lançada num ciclo de medo,
fome e sofrimento.
Quatro histórias. Quatro
famílias. Quatro destinos.
Senhor de uma prosa lúcida e
poderosa, José Rodrigues dos Santos embarca connosco e com figuras históricas
como Salazar e Mao Tse-tung numa viagem arrebatadora que nos leva de Lisboa a
Tóquio, de Irkutsk a Changsha, do comunismo ao fascismo. Com As Flores de Lótus
nasce uma das mais ambiciosas obras da literatura portuguesa contemporânea.
«Um dos pesos pesados da literatura lusófona»
Historia, França
Excerto
O olhar de Salazar desviou-se
momentaneamente para a janela do automóvel. Caíam lá fora os primeiros pingos
de chuva, provenientes da treva, que deslizavam em ziguezague pelos vidros como
se a noite despejasse lágrimas, mas logo surgiram nos passeios as luzes
amareladas dos candeeiros noturnos, sinal seguro de que entravam em Lisboa.
“Para que se fez esta
revolução se é para ficar tudo na mesma?”
“Na mesma?”, admirou-se o
general Carmona. “O que quer o senhor dizer com isso?”
“O problema do país, senhor
general, são os partidos!”, exclamou Salazar, a voz a ganhar veemência. “Os
partidos, está vossa excelência a entender? Foi justamente a ação nefasta dos
políticos e dos partidos que pôs o país onde ele está, senhor general. Ao contrário
do que apregoam aos quatro ventos, os partidos não existem para servir o povo,
mas para servir as suas clientelas. Fingindo servir a população, os partidos
servem-se a si mesmos e apenas deixam ao país umas migalhas do banquete que
engorda as suas gentes. Essa é que é a raiz do problema!”
![]() |
José Rodrigues dos Santos -
Lançamento de «As Flores de Lótus», 24-10-15, foto: Salvador Esteves/Lux
|
José Rodrigues dos Santos nasceu em 1964 em Moçambique. Abraçou o
jornalismo em 1981, na Rádio Macau, tendo ainda trabalhado na BBC e sido
colaborador permanente da CNN.
Doutorado em Ciências da
Comunicação, é professor da Universidade Nova de Lisboa e jornalista da RTP.
Trata-se de um dos mais premiados jornalistas portugueses, galardoado pelo
Clube Português de Imprensa e pela CNN.
‘As Flores de Lótus’ é o seu
décimo quarto romance.
Um livro muito bom. Li-o com
inexcedível interesse.
Antes do mais, permita-me,
generoso leitor, trazer à baila esta curiosa curiosidade:
A começar pelo próprio livro, que traz na orelha da capa esse excerto transcrito aqui em cima sobre Salazar, na pesquisa que fiz na web só vi referências a Salazar… ora, a parte que se refere a Salazar [foto] é a reconstituição do tempo anterior à sua (segunda) nomeação como ministro das Finanças em 1928, e não traz nada de novo, no meu entendimento.
A começar pelo próprio livro, que traz na orelha da capa esse excerto transcrito aqui em cima sobre Salazar, na pesquisa que fiz na web só vi referências a Salazar… ora, a parte que se refere a Salazar [foto] é a reconstituição do tempo anterior à sua (segunda) nomeação como ministro das Finanças em 1928, e não traz nada de novo, no meu entendimento.
Se percebo a intenção
mercadológica na citação de Salazar na orelha do livro, editado em Portugal
para leitores portugueses – afinal, quer se queira ou não, que se goste ou não,
António Oliveira Salazar é a maior figura portuguesa do século XX – não percebi
a intenção dos ‘resenhadores’ e jornalistas em repetir esse excerto.
Na verdade
verdadeira, percebi sim: resido em um país cuja oligarquia ‘senatorial’, incensada
por doutrinados e infiltrados esquerdeiros, martela a opinião dela como se se
tratasse da única verdadeira. Que os seus puxa-sacos apregoam, nos seus
castelos tomados, como opinião da… sociedade. E seguem o jogo ‘construindo’
essa opinião.
Well, voltando ao livro.
Como disse, gostei muito. Não
julgo que seja um romance, li-o como um ótimo ensaio histórico. Vou mais longe,
penso que foi essa a intenção do autor. Juntou quatro nomes (quatro histórias –
quatro famílias – quatro destinos) para não assustar o provável leitor, nem
maçar o já leitor.
José Rodrigues dos Santos nos
mostra como e porquê nasceram o bolchevismo, na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e o fascismo na Itália, de Benito Mussolini.
Aprendi bastante na leitura.
Recomendo vivamente aos interessados em saber quem pariu um e outro.
Muito provavelmente o leitor vai entender, definitivamente, porque os comunistas adoram cuspir em quem discorda deles e/ou lhes faz oposição o epíteto “FASCISTA”.
Muito provavelmente o leitor vai entender, definitivamente, porque os comunistas adoram cuspir em quem discorda deles e/ou lhes faz oposição o epíteto “FASCISTA”.
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