ABC (2009). Monumento a Marcantonio Bragadin. Basilica di San Zanipolo, Venezia. |
António Balbino Caldeira
O ataque militar a Paris, que foi lançado pelo Estado islâmico da Síria e do Iraque, na noite de 13 de novembro de 2015, sexta-feira, com
cinco operações de comandos, que deixaram 122 mortos (além dos sete autores) e
352 feridos (99 dos quais em estado grave), constituem uma ação coordenada de
guerra. Tal como no 11 de setembro de 2001, em New York (2996 mortos e mais
de 6 mil feridos), ou no 11-Março de 2004 em Madrid (193 mortos e
1858 feridos) - este ainda por desvendar publicamente na sua totalidade e
enquadramento), não se podem considerar apenas atentados terroristas porque têm
um âmbito, um alcance e um planeamento, que não são possíveis a uma célula de
uma organização paramilitar.
É mais um ato de uma guerra político-religiosa do Islão contra o resto do mundo - cristãos, judeus, hindus, ateus... - que já vem pelo menos desde 2001 e que se desenrola em todo o mundo. Uma guerra que excede as bloody borders do Islão (que Samuel Huntington expôs, em 1993). Uma guerra para justificar a culpa dos outros países pelo atraso cultural e tecnológico, um combate para impor a supremacia de um rito sobre os outros (sunitas conta chiitas e vice-versa) e um levantar de armas para manter a opressão desumana das mulheres no cinturão muçulmano que aperta o globo - ver Bernard Lewis, The roots of muslim rage,The Atlantic, setembro de 1990.
A culpa deste massacre de gente inocente e desarmada é dos autores da ação militar, dos seus mandantes e dos que os apoiam. Mas há também uma responsabilidade que tem de ser politicamente imputada a quem apoiou e armou o levantamento islâmico na Líbia e na Síria. Assaca-se a George W. Bush a guerra do Iraque, mas não se assaca a Obama a desestabilização da Líbia e da Síria... Talvez, a ideia mais perigosa seja a neutralização dos valores que o multiculturalismo radical prega. O relativismo de que não se pode condenar a mutilação genital feminina, a pancada nas mulheres, a perseguição dos outros credos, o totalitarismo religioso, o nihilismo que recusa os valores próprios de um País e que os enterra ao mesmo tempo que admite a igualdade de valores desumanos noutros grupos. Quanto mais o resto do mundo abaixa as calças, mais se notam as vergonhas expostas, menos respeito o Islão bélico nos tem. Ao mesmo tempo importa manter a coesão social das nossas comunidades, integrando os muçulmanos de boa vontade nos costumes e leis dos nossos Estados em vez de criarmos guetos sociais e culturais.
É mais um ato de uma guerra político-religiosa do Islão contra o resto do mundo - cristãos, judeus, hindus, ateus... - que já vem pelo menos desde 2001 e que se desenrola em todo o mundo. Uma guerra que excede as bloody borders do Islão (que Samuel Huntington expôs, em 1993). Uma guerra para justificar a culpa dos outros países pelo atraso cultural e tecnológico, um combate para impor a supremacia de um rito sobre os outros (sunitas conta chiitas e vice-versa) e um levantar de armas para manter a opressão desumana das mulheres no cinturão muçulmano que aperta o globo - ver Bernard Lewis, The roots of muslim rage,The Atlantic, setembro de 1990.
A culpa deste massacre de gente inocente e desarmada é dos autores da ação militar, dos seus mandantes e dos que os apoiam. Mas há também uma responsabilidade que tem de ser politicamente imputada a quem apoiou e armou o levantamento islâmico na Líbia e na Síria. Assaca-se a George W. Bush a guerra do Iraque, mas não se assaca a Obama a desestabilização da Líbia e da Síria... Talvez, a ideia mais perigosa seja a neutralização dos valores que o multiculturalismo radical prega. O relativismo de que não se pode condenar a mutilação genital feminina, a pancada nas mulheres, a perseguição dos outros credos, o totalitarismo religioso, o nihilismo que recusa os valores próprios de um País e que os enterra ao mesmo tempo que admite a igualdade de valores desumanos noutros grupos. Quanto mais o resto do mundo abaixa as calças, mais se notam as vergonhas expostas, menos respeito o Islão bélico nos tem. Ao mesmo tempo importa manter a coesão social das nossas comunidades, integrando os muçulmanos de boa vontade nos costumes e leis dos nossos Estados em vez de criarmos guetos sociais e culturais.
Ao aceitar o oxímoro do «Islão moderado»,
uma religião que ainda não procedeu à exegese humanitária, com suavização da doutrina literal, e a relativizar a ameaça
e as ações bélicas, o resto do mundo está a abdicar do combate
político-mediático necessário à contenção do fundamentalismo. Esse combate
cultural não é menos importante do que o empreendido desde a II Guerra Mundial
contra o comunismo soviético, pelos EUA e seus aliados. O problema é que se
tornou politicamente incorreto fazê-lo, especialmente os EUA, um país onde
paradoxalmente apenas 2,8 milhões de pessoas (0,9% da população) são muçulmanas
- em França, eram cerca de 4,15 milhões no ano de 1999. O aviso do Papa Bento XVI, na sua lição na Universidade de Regensburg, em 12-9-2006, sobre o perigo do
Islão combatente, citando o imperador bizantino Manuel II Paleólogo durante o
cerco de Constantinopla, entre 1394 e 1402:
«Mostra-me também o que trouxe de novo Maomé, e
encontrarás apenas coisas más e desumanas tais como a sua norma de propagar,
através da espada, a fé que pregava».
A ingenuidade perante a progressiva invasão islâmica da Europa, o crescimento da população islâmica devido à natalidade bastante mais alta dos emigrantes magrebinos e árabes, e dos seus descendentes, o exemplo do Kosovo que os sérvios perderam por razões demográficas (menos de 1% de muçulmanos no séc. XVI que cresceram até 77% em 1981), e com esta última vaga de refugiados de guerra, sírios, iraquianos, afegãos, eritreus e sudaneses, deve fazer reagir os Estados europeus relativamente à sua política de fronteiras abertas, em vez da imposição de quotas de imigração que salvaguarda a variedade de proveniências, vistos de visita, e repressão das redes de imigração ilegal. A política mudou agora? Já tinha mudado com os massacres horrendos do ISIS, mas a cor diferente da pele dos cristãos sírios não suscitava tanta preocupação social... E todavia, existem milícias cristãs a combater na Síria e no Iaque, inclusivé mulheres, que não fugiram, e continuam a defender as suas comunidades.
Com desculpa da imodéstia de me citar, relembro o que aqui escrevi em 1-11-2010:
«Marcantonio Bragadin, capitão-general de Famagusta
e provedor-geral do Reino de Chipre, que foi esfolado vivo pelos turcos de Lala
Cara Mustafá Paxá, em Agosto de 1571. Retardado o socorro do
reduto da Sereníssima República de Veneza em Chipre às forças do
sultão Selim II - 6 mil venezianos contra 200 mil turcos -, enquanto se
negociava e organizava a armada da Santa Liga, que sairia vitoriosa dos turcos
na batalha naval de Lepanto em 7 de Outubro de 1571, Famagusta capitulava. Todavia,
vendendo cara a derrota, como Bragadin prometera a Mustafá Pachá quando
rejeitou render-se, respondendo ao comandante turco com a seguinte
carta:
«Senhor da Caramania Vi a sua carta. Também recebi a cabeça do
senhor lugar-tenente de Nicosia [Niccolò Dandolo] e digo-lhe aqui que
ainda que tenha tomado tão facilmente a cidade de Nicosia, terá de comprar com
o seu próprio sangue esta cidade, que com a ajuda de Deus lhe dará tanto que
fazer que se arrependerá doravante ter aqui acampado. De Famagusta, 10 de
Setembro.»
(Tradução minha da tradução em inglês, publicada em SETTON, Kenneth M., The Papacy and the Levant (1204-1571), Vol.IV - The sixteenth century from Julius III to Pius V, Philadelphia, The American Philosophical Society, 1984, p. 996).
Em 31 de Julho de 1571, após onze meses de cerco e bombardeamento
pela artilharia turca, Bragadin, com munições para apenas mais um dia de
combate, rendeu-se finalmente, após conselho de notáveis e mediante
promessa de Mustafá Paxá de poupar as vidas dos seiscentos militares e civis
que restavam na fortaleza. Uma promessa que o general turco não cumpriu.
Bragadin foi imediatamente decepado das orelhas e, após dias de tortura,
durante a qual recusou converter-se ao Islamismo, foi esfolado vivo, sendo a
sua pele, recheada de palha e cosida, enviada para Constantinopla como troféu
ao sultão. Recuperada em 1680, a pele, com o perfume da alma dentro,
repousa agora num mausoléu incrustrado na parede da nave direita da Basilica di San Zanipolo (Basílica
de São João e São Paulo) em Veneza.
Na peça «The Life and Death of Julies Caesar», Shakespeare, na aurora desse século XVII, sintetizava a vantagem da bravura sobre a tragédia da cobardia: «Cowards die many times before their deaths; The valiant never taste of death but once». São Paulo (I Coríntios 15:55) já havia firmado essa glória na Bíblia: "Ó morte, onde está agora a tua vitória?"».
Na peça «The Life and Death of Julies Caesar», Shakespeare, na aurora desse século XVII, sintetizava a vantagem da bravura sobre a tragédia da cobardia: «Cowards die many times before their deaths; The valiant never taste of death but once». São Paulo (I Coríntios 15:55) já havia firmado essa glória na Bíblia: "Ó morte, onde está agora a tua vitória?"».
Convém que não morramos, antes de morrer. Porque a nossa primeira morte é moral. A essa cobardia segue-se a outra. Morre quem perde a vontade de combater. Não podemos ignorar, nem recuar. Importa proteger a humanidade do fanatismo do Islão belicista. Um shahid não é um mártir: é um assassino. A jîhad ofensiva constitui um genocídio.
Deus abençoe os inocentes mortos e feridos em Paris e as suas famílias!
Título, Imagem e Texto: António Balbino Caldeira, Do Portugal Profundo,
14-11-2015
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