José Milhazes
Quantos atentados terão de
acontecer ainda mais para que os Estados Unidos, União Europeia, Rússia, China,
se juntem e tomem medidas concretas e coordenadas para pôr fim à maior praga do
século XXI?
Em pouco mais de quinze dias,
o mundo assistiu a mais duas fortes acções terroristas do Estado Islâmico: o
derrube do avião de passageiros russos no Sinai e o ataque à cidade de Paris,
isto para já não falar dos numerosos atentados terroristas realizados no Iraque
e Líbano.
Sempre que acontece alguma
catástrofe do género, os dirigentes dizem-nos que “é preciso renovar esforços”,
“aumentar as medidas de segurança” e “impedir novos atentados” mas, passa algum
tempo, e a desgraça volta a bater-nos à porta. Porque não se resolve o problema
de forma séria e profunda. Como se trata de um problema global, é necessário
tomar medidas à escala global que tentem dar início à solução do problema. Não
se trata de um processo rápido e fácil, mas é preciso começar.
Ao que tudo indica, os
atentados dos últimos tempos têm a assinatura do EI e, por conseguinte, é
necessário neutraliza-lo através de vários canais, sendo o principal a criação
de uma coligação internacional ampla que se debruce a sério na solução dos
problemas da Síria, Iraque e Médio Oriente em geral.
O Estado Islâmico, pelas suas
ideias e acções, traz-nos à cabeça a recordação do nazismo. Se, em 1941,
Churchill, Roosevelt e Estaline souberam pôr de parte as suas ambições
políticas pessoais para enfrentar um adversário desumano perigoso, porque é que
hoje não pode surgir uma coligação semelhante?
Não escondo as críticas que
faço à política interna e externa de Vladimir Putin, mas não me passa pela
cabeça compará-lo a Estaline. Também não comparo François Hollande com o
general de Gaulle, mas por outras razões. O que eu quero dizer é que, se
existir vontade política, é real a criação dessa ampla coligação. A China
também deve participar, pois, como é sabido, tem territórios onde o EI já deve,
no mínimo, “ter posto ovos”, bem como o Irão.
Além das componentes militar e
securitária, fundamentais para não permitir o alastramento do conflito, é
necessário fazer secar as fontes de financiamento dos grupos terroristas. Será
que não é possível, em prol da salvação da civilização humana, e o problema
deve ser colocado assim: o terrorismo constitui um ataque a ela, controlar os
fluxos de dinheiro ou a venda ilegal de petróleo por parte do EI? Onde compram
armas e explosivos? Ou os banqueiros, os gerentes das petrolíferas e traficantes
de armas consideram que, desse modo, comprarão a segurança para si e para os
seus descendentes?
Acho incorrecto e simplista
ligar esta onda bárbara à religião, neste caso ao Islão e ao seu livro sagrado:
o Corão. É verdade que nesta obra há incitamento à violência, ao fanatismo, à
intolerância, etc. Mas, como é sabido, a Bíblia, a ser levada à letra, poderia
servir, como já serviu, para justificar grandes barbaridades.
O problema reside na
interpretação de textos que foram escritos há já muitos séculos. Por isso, no
combate ao terrorismo, é indispensável não permitir que os imãs muçulmanos
radicais tenham a possibilidade de pregar, com todas as condições e conforto,
ideias odiosas nas mesquitas de Paris, Londres e por aí adiante. Os apelos ao
extremismo devem ser castigados como um grave crime.
Alguns socorrem-se da famosa
máxima de Voltaire: “Posso não concordar com o que você diz, mas defenderei até
a morte o seu direito de dizê-lo”, para justificar a total liberdade de
expressão, mas nem sequer se deram ao trabalho de ir verificar se a frase
realmente lhe pertence. E mesmo que lhe pertencesse, que parece não ser o caso,
duvido que Voltaire daria a vida pelo direito dos terroristas a expandir o seu
ódio.
Os terroristas do EI
empreenderam um verdadeiro jogo do “gato e do rato” com a civilização, até
gozam com os dirigentes europeus. Prometem afogar a Rússia em sangue e, no dia
seguinte, realizam uma mortandade em Paris. Teria isso sido possível tal crime
se os serviços secretos dos vários países se concentrassem no combate ao
terrorismo em vez de andarem a escutar dirigentes seus e alheios? E como não
foi possível prever a onda de refugiados, não tomar medidas preventivas para
responder a essa crise?
Até agora, os dirigentes
mundiais deram provas da sua incompetência no campo do combate ao terrorismo.
Eles tiraram lições correctas do 11 de Setembro de 2001, tomaram medidas para
tornar o mundo mais seguro? Não, pelo contrário, criaram novos focos de tensão
e ninhos de terroristas.
A ganância económica e a sede
de poder, não devem cegar os dirigentes mundiais e nós, cidadãos, devemos
levantar a voz para que eles actuem com responsabilidade. Caso contrário,
continuaremos a ser peões nos mais diversos jogos.
P.S. A deputada socialista Ana
Gomes escreve no Twitter: “Alguém
confronta o PR com a necessidade urgente de termos governo que governe também
por causa da ameaça terrorista?!” Considero que isso não passa de
oportunismo político de muito mau gosto. E mais não digo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-