Aparecido Raimundo de Souza
Sempre alardeamos que o Estado
do Espírito Santo não existe no cenário nacional. Pelo menos, ninguém nunca viu
a figura do Espírito Santo em carne e osso.
Os que atestam o contrário (jurando que a criatura tem vida e forma)
estão sentados à mão direita de Deus Pai, Todo Poderoso.
O grande problema daquele
Estado é que por lá nada vai para frente. A começar pelas artes. Seja ela
ligada à música ou à literatura. E acreditem, não é por falta de talentos.
Temos bons cantores, bandas excelentes, compositores nota mil, verdade seja dita.
Todavia, não sabemos as razões e as circunstâncias dos infelizes não
deslancharem para os braços estrelados do sucesso pleno.
Entre os famosos, filhos, do
Espírito Santo, destacamos os cantores Roberto Carlos, Gilberto Lemos, Arnaldo
Silva, Elias Muniz, Nara Leão, Jullie e Rossini Pinto.
Desses, Roberto Carlos nunca
fez nada pela terra. A casa onde nasceu, no centro de Cachoeiro do Itapemirim,
está abandonada, jogada às traças. Os demais, também queimaram chão e sequer
ousaram visitar os berços maternos onde nasceram. Com exceção respeitosa aos
que não estão mais entre nós, como é o caso de Jece Valadão [foto] (falecido em 27 de
novembro de 2006) e Nara Leão (expirada aos 7 de junho de 1989).
Os atores Stênio Garcia, Chay
Suede, Darlene Glória e Luciano Vianna, nem saberiam precisar para que lado
estaria situado o Espírito Santo. Se perguntados, responderiam que o Espírito
Santo se situaria em algum lugar bem longe da terra.
As bandas Rastaclone, Casaca,
Macucos, Mukeka de Rato, Dead Fish, Grupo Moxuara, entre outros, chegaram a
aparecer. Contudo, no mesmo brilho das luzes fulgurosas que os projetou,
sumiram, como se as lâmpadas sobre suas cabeças fossem apagadas em vista de
espessas nuvens negras.
Por algum motivo inexplicável, os demais que se destacaram foram embora e nunca mais retornaram. Os que não foram agraciados com a mesma sorte permanecem tentando. Nadam, nadam, nadam, e morrem nos areais sujos das praias ensolaradas.
Entre os escritores
apontaríamos Rubem Braga, Elisa Lucinda, Adilson Vilaça, Jayme Santos Neves,
Celso Bomfim, José Merçon e Jô Drumond.
Tirando Rubens Braga, morto em
19 de dezembro de 1990, Elisa Lucinda se sente envergonhada de se declarar
“canela verde”. Os demais se enterraram
junto com os seus sonhos literários.
Agora, de repente, o Estado do
Espírito Santo, num passe de mágica, surge do meio da escuridão. Não de uma
forma boa para ser lembrado, ou aplaudido.
Na fascinação rápida de um
instante mágico, as terras de José de Anchieta e Nossa Senhora da Penha pintam
em cena de maneira trágica. Aparecem a nível nacional. Chegam em todos os
noticiários. Por fim, atingem o sucesso da Rede Globo aterrissando de mala e
cuia com todas as suas mazelas no Jornal Nacional. Razão?
A Polícia Militar entrou em
greve. Saiu das ruas, escafedeu, deixou toda a sociedade capixaba desprotegida,
desguarnecida, literalmente a ver navios.
Com os fardados
“aquartelados”, os bandidos, sem perda de tempo, entraram em campo e fizeram a
festa. Acobertados por uma determinação inflexível assaltaram as pessoas com
armas de grosso calibre. Mataram, chacinaram inocentes, atacaram lojas de
departamentos, invadiram supermercados e casas lotéricas.
Não contentes, saquearam
residências e fizeram arrastões nos coletivos. As escolas públicas suspenderam
as aulas, bem como as principais faculdades particulares. Os postos de saúde (que sempre foram uma
merda) deixaram de atender kikiki..., aos pobres e necessitados.
Resumo dessa putaria. Até o
presente momento, temos um quadro de quinze lojas depredadas, dois ônibus
queimados, e sessenta e três pessoas ASSASSINADAS, segundo o Sindicato dos
Policiais Civis.
O comandante atual da
guarnição, coronel Laércio Oliveira é substituído por outro. Ficou menos de
trinta dias no cargo. Entrou na sua vaga, como “tampa buraco”, o também coronel
Nilton Rodrigues.
Até agora o coronel vomitou um
monte de palavras bonitas diante das câmeras de televisão. De sério e
aproveitável, nada que carecêssemos de registrar.
No mesmo voar da borboleta cor
de rosa, a justiça, através do desembargador Robson Luiz Albanez, declarou a
greve ilegal, determinando que os policiais voltassem imediatamente ao
trabalho, ou melhor, às ruas. Pena, pelo descumprimento dessa ordem, o
pagamento de uma multa diária de R$ 100 mil reais pelas associações que
representam a galera da PMES.
Fazendo política, o secretário
de segurança, André Garcia, inoperante e cego das orelhas, continua de mãos e
pés atados. O governador em exercício, Cesar Colnago (substituindo Paulo
Hartung, que se encontra internado no hospital Sírio-libanês, em São Paulo,
para a retirada de um tumor da bexiga) solicitou a Michel Jackson Temer, no
Epicentro, o envio de tropas federais para botar fim na bagunça generalizada.
Ao todo, onze batalhões de
braços cruzados, com os soldadinhos de chumbo tomando cafezinho, jogando
cartas, sinuca, coçando os colhões. E atentem senhoras e senhores, em mais de
trinta cidades. Achamos uma vergonha precisar o governo local implorar a
Brasília, esse tipo de ajuda, para colocar ordem na casa.
Uma lástima, lembrando, que em
Vila Velha, temos um bando de vagabundos comendo e cagando as nossas custas,
sem fazer porra nenhuma. Uma súcia brincando de defender essa desgraça de
pátria agrupada nas guarnições do exército, ou mais precisamente no 38º BI,
ladeado pela EAMES (Escola de Aprendizes de Marinheiros da “Murrinha do
Brasil”). Murrinha mesmo.
Quase nos esquecíamos. “Santos
de casa, não fazem milagre”.
O ministério da defesa nessa
torre de babel em pleno século XXI (ou seria o século V?!), sinalizou
favorável, e mandou para o Espírito Santo duzentos homens da Força Nacional,
enquanto o ilustre ministro Raul Jungmann aproveitou para inspecionar, num ligeiro tour pela cidade
intencionando não tomar parte diretamente no problema, ao contrário, descobrir
se Vitória é mesmo o melhor do mundo em matéria de moqueca capixaba e se as
paneleiras de Goiabeiras valem a faiscação e o alvor que ostentam em relação a
dinâmica do uso do barro com que fabricam seus recipientes.
Entendemos que o prezado Raul
Jungmann, quis dar um passeio às nossas custas. Lembrem, senhoras e senhores,
essas infâmias viajam sem meter as mãos nos bolsos. E aonde chegam, atrapalham
o trânsito, param a cidade, como se fossem deuses.
Mesmo não havendo segurança
(engraçado isso), aparece um monte de vadios vindos do inferno para proteger
essas figuras amaldiçoadas que, em nosso entendimento, deveriam estar cuidando
de dar uma melhor cara a esse país às portas de um colapso.
Ora, meus amados, se o
governador em exercício, Cesar Colnago, tivesse poder de mando, bastava ordenar
ao comandante do 38º BI de Vila Velha, ou ao dirigente do EAMES para que
colocasse imediatamente e sem mais delongas, as tripas (perdão) as tropas nas
ruas.
Mas não. Precisou pedir benção
ao Michel Jackson. O problema nesse Brasil, senhoras e senhores, é que
prevalece o tal “jogo do empurra-empurra”, onde a pauta corporativista,
fumegante por baixo dos panos, sinaliza aos pilantras e poderosos uma espécie
de “ajudinha mutua indispensável” quando se trata de tomar uma decisão em prol
do povo e da população sitiada e refém.
Enquanto isso, as cenas de
violência continuarão a todo vapor. O pânico se fará cada vez mais forte e
indestrutível. Perguntaríamos: Quando o Espírito Santo criará vergonha e se
materializará, de fato, para repreender, para coibir essa pouca vergonha, essa
puta sacanagem e canalhice a que estamos assistindo?
Mesmo gancho, quando esse ser
inexistente E S P Í R I T O, trará de volta o S A N T O ou a SANTA integridade
das pessoas, de roldão, a paz, o sossego, e a tranquilidade de seus concidadãos??!!
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MEUS TEXTOS, POR QUALQUER MOTIVO QUE SEJA VIEREM A SER RETIRADOS DO AR, OU OS MEUS
ESCRITOS APAGADOS E CENSURADOS PELAS REDES SOCIAIS, O PRESENTE ARTIGO SERÁ
PANFLETADO E DISTRIBUÍDO NAS SINALEIRAS, ALÉM DE INCLUÍ-LO EM MEU PRÓXIMO LIVRO
“LINHAS MALDITAS” VOLUME 3.
Título e Texto: Aparecido
Raimundo de Souza, jornalista, de Divinópolis, nas Minas Gerais, 7-2-2017
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