terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

[Aparecido rasga o verbo] Pios agudos de passarinhos assustados

Aparecido Raimundo de Souza

Sempre alardeamos que o Estado do Espírito Santo não existe no cenário nacional. Pelo menos, ninguém nunca viu a figura do Espírito Santo em carne e osso.   Os que atestam o contrário (jurando que a criatura tem vida e forma) estão sentados à mão direita de Deus Pai, Todo Poderoso.

O grande problema daquele Estado é que por lá nada vai para frente. A começar pelas artes. Seja ela ligada à música ou à literatura. E acreditem, não é por falta de talentos. Temos bons cantores, bandas excelentes, compositores nota mil, verdade seja dita. Todavia, não sabemos as razões e as circunstâncias dos infelizes não deslancharem para os braços estrelados do sucesso pleno.

Entre os famosos, filhos, do Espírito Santo, destacamos os cantores Roberto Carlos, Gilberto Lemos, Arnaldo Silva, Elias Muniz, Nara Leão, Jullie e Rossini Pinto.

Desses, Roberto Carlos nunca fez nada pela terra. A casa onde nasceu, no centro de Cachoeiro do Itapemirim, está abandonada, jogada às traças. Os demais, também queimaram chão e sequer ousaram visitar os berços maternos onde nasceram. Com exceção respeitosa aos que não estão mais entre nós, como é o caso de Jece Valadão [foto] (falecido em 27 de novembro de 2006) e Nara Leão (expirada aos 7 de junho de 1989).



Os atores Stênio Garcia, Chay Suede, Darlene Glória e Luciano Vianna, nem saberiam precisar para que lado estaria situado o Espírito Santo. Se perguntados, responderiam que o Espírito Santo se situaria em algum lugar bem longe da terra.

As bandas Rastaclone, Casaca, Macucos, Mukeka de Rato, Dead Fish, Grupo Moxuara, entre outros, chegaram a aparecer. Contudo, no mesmo brilho das luzes fulgurosas que os projetou, sumiram, como se as lâmpadas sobre suas cabeças fossem apagadas em vista de espessas nuvens negras.

Por algum motivo inexplicável, os demais que se destacaram foram embora e nunca mais retornaram. Os que não foram agraciados com a mesma sorte permanecem tentando. Nadam, nadam, nadam, e morrem nos areais sujos das praias ensolaradas.

Entre os escritores apontaríamos Rubem Braga, Elisa Lucinda, Adilson Vilaça, Jayme Santos Neves, Celso Bomfim, José Merçon e Jô Drumond.

Tirando Rubens Braga, morto em 19 de dezembro de 1990, Elisa Lucinda se sente envergonhada de se declarar “canela verde”.  Os demais se enterraram junto com os seus sonhos literários.

Agora, de repente, o Estado do Espírito Santo, num passe de mágica, surge do meio da escuridão. Não de uma forma boa para ser lembrado, ou aplaudido.

Na fascinação rápida de um instante mágico, as terras de José de Anchieta e Nossa Senhora da Penha pintam em cena de maneira trágica. Aparecem a nível nacional. Chegam em todos os noticiários. Por fim, atingem o sucesso da Rede Globo aterrissando de mala e cuia com todas as suas mazelas no Jornal Nacional.  Razão?

A Polícia Militar entrou em greve. Saiu das ruas, escafedeu, deixou toda a sociedade capixaba desprotegida, desguarnecida, literalmente a ver navios. 

Com os fardados “aquartelados”, os bandidos, sem perda de tempo, entraram em campo e fizeram a festa. Acobertados por uma determinação inflexível assaltaram as pessoas com armas de grosso calibre. Mataram, chacinaram inocentes, atacaram lojas de departamentos, invadiram supermercados e casas lotéricas.

Não contentes, saquearam residências e fizeram arrastões nos coletivos. As escolas públicas suspenderam as aulas, bem como as principais faculdades particulares.  Os postos de saúde (que sempre foram uma merda) deixaram de atender kikiki..., aos pobres e necessitados.

Resumo dessa putaria. Até o presente momento, temos um quadro de quinze lojas depredadas, dois ônibus queimados, e sessenta e três pessoas ASSASSINADAS, segundo o Sindicato dos Policiais Civis.


O comandante atual da guarnição, coronel Laércio Oliveira é substituído por outro. Ficou menos de trinta dias no cargo. Entrou na sua vaga, como “tampa buraco”, o também coronel Nilton Rodrigues.

Até agora o coronel vomitou um monte de palavras bonitas diante das câmeras de televisão. De sério e aproveitável, nada que carecêssemos de registrar. 

No mesmo voar da borboleta cor de rosa, a justiça, através do desembargador Robson Luiz Albanez, declarou a greve ilegal, determinando que os policiais voltassem imediatamente ao trabalho, ou melhor, às ruas. Pena, pelo descumprimento dessa ordem, o pagamento de uma multa diária de R$ 100 mil reais pelas associações que representam a galera da PMES.

Fazendo política, o secretário de segurança, André Garcia, inoperante e cego das orelhas, continua de mãos e pés atados. O governador em exercício, Cesar Colnago (substituindo Paulo Hartung, que se encontra internado no hospital Sírio-libanês, em São Paulo, para a retirada de um tumor da bexiga) solicitou a Michel Jackson Temer, no Epicentro, o envio de tropas federais para botar fim na bagunça generalizada.

Ao todo, onze batalhões de braços cruzados, com os soldadinhos de chumbo tomando cafezinho, jogando cartas, sinuca, coçando os colhões. E atentem senhoras e senhores, em mais de trinta cidades. Achamos uma vergonha precisar o governo local implorar a Brasília, esse tipo de ajuda, para colocar ordem na casa.

Uma lástima, lembrando, que em Vila Velha, temos um bando de vagabundos comendo e cagando as nossas custas, sem fazer porra nenhuma. Uma súcia brincando de defender essa desgraça de pátria agrupada nas guarnições do exército, ou mais precisamente no 38º BI, ladeado pela EAMES (Escola de Aprendizes de Marinheiros da “Murrinha do Brasil”). Murrinha mesmo. 

Quase nos esquecíamos. “Santos de casa, não fazem milagre”.

O ministério da defesa nessa torre de babel em pleno século XXI (ou seria o século V?!), sinalizou favorável, e mandou para o Espírito Santo duzentos homens da Força Nacional, enquanto o ilustre ministro Raul Jungmann aproveitou para  inspecionar, num ligeiro tour pela cidade intencionando não tomar parte diretamente no problema, ao contrário, descobrir se Vitória é mesmo o melhor do mundo em matéria de moqueca capixaba e se as paneleiras de Goiabeiras valem a faiscação e o alvor que ostentam em relação a dinâmica do uso do barro com que fabricam seus recipientes.

Entendemos que o prezado Raul Jungmann, quis dar um passeio às nossas custas. Lembrem, senhoras e senhores, essas infâmias viajam sem meter as mãos nos bolsos. E aonde chegam, atrapalham o trânsito, param a cidade, como se fossem deuses.

Mesmo não havendo segurança (engraçado isso), aparece um monte de vadios vindos do inferno para proteger essas figuras amaldiçoadas que, em nosso entendimento, deveriam estar cuidando de dar uma melhor cara a esse país às portas de um colapso.

Ora, meus amados, se o governador em exercício, Cesar Colnago, tivesse poder de mando, bastava ordenar ao comandante do 38º BI de Vila Velha, ou ao dirigente do EAMES para que colocasse imediatamente e sem mais delongas, as tripas (perdão) as tropas nas ruas.

Mas não. Precisou pedir benção ao Michel Jackson. O problema nesse Brasil, senhoras e senhores, é que prevalece o tal “jogo do empurra-empurra”, onde a pauta corporativista, fumegante por baixo dos panos, sinaliza aos pilantras e poderosos uma espécie de “ajudinha mutua indispensável” quando se trata de tomar uma decisão em prol do povo e da população sitiada e refém.

Enquanto isso, as cenas de violência continuarão a todo vapor. O pânico se fará cada vez mais forte e indestrutível. Perguntaríamos: Quando o Espírito Santo criará vergonha e se materializará, de fato, para repreender, para coibir essa pouca vergonha, essa puta sacanagem e canalhice a que estamos assistindo? 

Mesmo gancho, quando esse ser inexistente E S P Í R I T O, trará de volta o S A N T O ou a SANTA integridade das pessoas, de roldão, a paz, o sossego, e a tranquilidade de seus concidadãos??!!

AVISO AOS NAVEGANTES:
PARA LER E PENSAR, SE O FACEBOOK, CÃO QUE FUMA OU OUTRO SITE QUE REPUBLICA MEUS TEXTOS, POR QUALQUER MOTIVO QUE SEJA VIEREM A SER RETIRADOS DO AR, OU OS MEUS ESCRITOS APAGADOS E CENSURADOS PELAS REDES SOCIAIS, O PRESENTE ARTIGO SERÁ PANFLETADO E DISTRIBUÍDO NAS SINALEIRAS, ALÉM DE INCLUÍ-LO EM MEU PRÓXIMO LIVRO “LINHAS MALDITAS” VOLUME 3.
Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, jornalista, de Divinópolis, nas Minas Gerais, 7-2-2017

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