Leia até o final, modo de ver
o que ele debita sobre o Brasil.
Donald Trump é o porta-voz
direto da "oligarquia fóssil" e a sua administração constitui uma
"mistura tóxica", disse em declarações à Lusa o sociólogo Michael
Löwy, que hoje participou num debate em Lisboa.
"O que acontece nos
Estados Unidos é um fenómeno novo, não obedece aos padrões tradicionais da
política conservadora desse país. É um fenómeno de nacionalismo conservador,
reacionário, xenófobo, racista, com protecionismo económico. Muito preocupante,
e também com aspetos de sexismo, é uma mistura tóxica", considerou o
sociólogo, 78 anos, natural de São Paulo e de dupla nacionalidade brasileira e
francesa.
Filho de pais judeus
provenientes de Viena, Michael Löwy nasceu no Brasil em 1938, obteve a
licenciatura em Ciências Sociais na universidade de São Paulo em meados da
década de 1950 e na seguinte instalou-se em Paris, onde realizou o doutoramento
e prosseguiu uma intensa carreira académica.
"Do ponto de vista
ecológico é um desastre monstruoso", afirma ainda numa referência à nova
administração da Casa Branca.
"Trump é o porta-voz
direito do que chamaria a oligarquia fóssil. Dos interesses das energias fósseis,
do petróleo, do carvão, de tudo o que está relacionado, caso da indústria
automóvel. Um aparelho enorme e ele é o porta-voz direto dessa oligarquia
fóssil, que está preparada para queimar petróleo e carvão sem limites",
indica, recordando a designação para secretário de Estado de Rex Tillerson,
ex-patrão da petrolífera ExxonMobil.
Michael Löwy foi o convidado
do Ciclo Utopias, no âmbito do tema Arquipélago Comum, que revisita os muitos
projetos utópicos alternativos (socialismo, comunismo, anarquismo) que surgiram
entre finais do século XIX e início do século XX.
Uma parceria entre o Teatro
Maria Matos e o Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de
Lisboa, no âmbito do seu programa em torno do centenário da Revolução de
Outubro de 1917.
O tema "Romantismo e
Revolução" foi abordado pelo convidado e pelo jornalista António
Guerreiro, com introdução prévia a cargo do professor universitário José Neves.
"Nesta situação vamos
avançar em direção a uma catástrofe ecológica, vamos avançar rapidamente em
direção ao ponto em que já não podemos segurar o aquecimento global. É muito
preocupante", alerta o sociólogo, diretor de investigação emérito em
Ciências Sociais no Centro Nacional da Pesquisa Científica (CNRS) e professor
na Escola de Altos estudos em Ciências sociais (EHESS), de Paris.
"A esperança é a
resistência que está a acontecer, dos indígenas, das mulheres, da juventude,
dos sindicatos, boa parte da população está em luta contra o 'trumpismo'. Essa
é a nossa esperança", assinala Löwy, que cresceu no turbulento Brasil da
Nova República, tornando-se em 1954, com 16 anos, um convicto socialista.
(Socialista? Só?)
Numa referência à atual
situação na América Latina, refere-se a uma "ofensiva conservadora
neoliberal com aspetos autoritários" e que contou com uma "certa
neutralidade" da anterior administração de Barack Obama.
"Em alguns casos são
vitórias eleitorais, no caso da Argentina, e em outros casos são golpes de
Estado pseudo-legais, pseudo-parlamentares, que começou nas Honduras em 2009
com o derrube do governo de centro-esquerda, depois no Paraguai com o derrube
do Presidente Lugo, pessoas muito moderadas derrubadas por esses golpes
pseudo-legais", sublinha o académico, autor de obras sobre Karl Marx,
Georg Lukács, Walter Banjamin ou Franz Kafka.
Entre os seus livros, estão
publicados em Portugal "Revolta e Melancolia -- O Romantismo Contra a
Corrente da Modernidade" (Bertrand, 1997), "O Pensamento de Che
Guevara" (Bertrand, 1976) e "Utopias" (2016).
Numa referência ao seu país natal, refere-se às "acusações
ridículas" dirigidas à ex-Presidente Dilma Rousseff, "pretexto para um golpe de Estado
que instalou um governo autoritário que tem uma base pseudo-legal e muito
reacionário, comprometido com uma agenda neoliberal extrema".
Michael Löwy recordou uma recente lei aprovada pelo parlamento de
Brasília "que vai congelar
as despesas de saúde e educação por 20 anos e que incluíram na Constituição".
Uma situação ainda definida
como "muito preocupante", num mundo onde a esperança também existe.
Texto: SIC Notícias, 9-2-2017
Marcações: JP
Michael Löwy recordou uma
recente lei aprovada pelo parlamento de Brasília "que vai congelar as
despesas de saúde e educação por 20 anos e que incluíram na Constituição".
Onde é que ele viu essa nova
emenda constitucional?
Francamente!
Repare, generoso leitor, neste
caso a matéria da SIC nos permitiu identificar a ideologia e intenção da
sumidade.
Desculpem mas a figura que me vem à cabeça é a de que este filósofo é nada mais nada nenos que "UM MORDE E ASSOPRA ", ou será que estou imbecilizado?
ResponderExcluirJosé Manuel