sexta-feira, 23 de março de 2018

[Aparecido rasga o verbo] O nosso pecado são as coisas. O resto, cornamusas espalhafatosas

Aparecido Raimundo de Souza

Qualquer tolo pode dizer a verdade; para mentir é preciso imaginação”.
Jaume Perich, humorista espanhol

O CIDADÃO BRASILEIRO GOSTA de comemorar. De transar o descompasso do compasso certo. Como em brincadeira de gangorra, nasceu um filho, comemora. Ganhou um neto, comemora. A mulher lhe meteu o pé na bunda, comemora. Morreu a mãe, comemora. O pai virou o disco e resolveu dar o caneco, comemora. A sogra foi para o inferno, idem. O negócio é comemorar. Desde que esteja festejando alguma coisa, ainda que essa coisa seja seu time do coração ter levado uma surra de dez a zero do adversário, não importa. Sempre haverá uma razão óbvia para encher a cara e comemorar. O resto que se foda. É a eterna imperfeição da sua burrice em grau máximo.

A novidade do momento é a metáfora distorcida da mágica que confunde o céu e o mar. Que diabo é isso? Estamos falando da comemoração do DIA DA VERDADE. Ou melhor, do DIA NACIONAL DO DIREITO À VERDADE. Reparem, que nome bonito. Dá até vontade de correr para o banheiro e liberar aquela cagada (tipo pato com dor de barriga) para aliviar os pensamentos marotos antes que virem um amontoado de merda. Concordam? Para falarmos a verdade, amados leitores, nem imaginávamos que a verdade existisse nesse brasilzinho chinfrim, caótico, disturbado, escangalhado, onde só não é mentiroso aquele infeliz que na hora de nascer, desistiu e mandou todo mundo para o raio que o parta e voltou correndo para a barriga da mãe se recusando a respirar nesse país de mentirosos e contadores de lorotas. Não é para menos.

Ao contrário de nós que aqui ficamos à espera de um milagre. O segredo da nossa sandice, ou jumentice, é acreditarmos piamente que quando os ponteiros do relógio se encontram ao meio dia, eles se tornam aventureiros de um sonho bonito. A cupidez de se acasalarem... para a fascinação das doze badaladas. Será? É nesse instante (dizem os entendidos), que ambos se aconchegam num amor puramente angelical e fazem as horas estancarem, se enciumarem e depois correrem de volta ao caminho do giro igual e interminável, todavia, mais depressa, mais ligeira,  para que eles, os dois amados, se despreguem um do outro e não voltem a se consumar em pecado, a não ser muito depois, quando a noite cobrir os olhos dos levianos e indiscretos.

Que loucura! Nada a ver com o assunto aqui tratado. O fato é que focando na ótica, moramos num país de VERDADE, onde todos, sem exceção, falam a dita VERDADE com precisão suíça. Doa a quem doer. O brasileiro é verdadeiro por natureza. Principalmente o brasileiro nato. A sua cultuação, a sua veneração pela verdade vem de berço. Nasce com o sujeito. Vai para a sepultura com ele, grudado na pele, como a pulga no cachorro. Faz parte do DNA. Raciocinem conosco. Para inicio de conversa, temos um presidente exemplar, um moçoilo que só fala a verdade.

Quem espalhar por aí que Michel Jackson Temer mente, quando vem a público via rádio ou televisão, quando o vemos nos telejornais da manhã, do meio dia, ou da noite, está faltando com a porra da verdade. Michel Temer, só abre a boca para falar verdades. Surgiram comentários maldosos e irônicos de pessoas inescrupulosas e sarcásticas, dizendo que ele, Michelzinho, é um tremendo como diríamos, “tapeador”. 

Entendam aqui “tapeador”, aquele mentiroso legítimo que ludibria só para ver a cara do outro pejar de vergonha. Pois bem! Uma corrente chegou a afirmar que nosso presidente faz parte da linhagem do insigne menino Pinóquio.  Para os que não lembram Pinóquio (carinhosamente Pinoquinho), nos remete aquele guri, filho do italiano Carlo Collodi, nascido em Camamu, na Bahia de São Salvador, terra do francês igualmente famoso Hodgson Burnett. O que escreveu Gabriela. Segundo as más línguas, toda vez que Pinóquio falava uma verdade, os colhões dele aumentavam de tamanho. O que não é o caso do nosso digníssimo e pastônico Michel Jackson Temer. Ele não lê Jorge Amado. Prefere “As mentiras que as mulheres gostam de ouvir”.

Na mesma leva levada, os 513 deputados que mantemos no penico Brasília. Homens de caráter ilibado. Na cola deles, os 81 senadores, os não sabemos quantos ministros, desembargadores, enfim, a canzoada que faz parte do Colegiado Maior, entre eles, os nossos juristas, conhecedores do direito plutônico. Plutônico ou canônico?! Não importa aqueles Girafales (e “Girafalas”) que esbravejam com discursos lindos e impecáveis, que vomitam enunciações de compreensões fáceis, dissertações que qualquer letrado em imbecilidade entende perfeitamente. Sabemos que no meio do nosso populacho, a raia miúda, o que mais temos são pessoas estudadas, de visão magnânima do futuro.

Espectros e boçais que sabem o que esperam do amanhã. Trouxemos a baila o STF, para ilustrar as nossas assertivas, no tocante as farpas e os acúleos disparados entre os senhores Gilmar Ferreira Mendes e Luís Roberto Barroso no Habeas Corpus de “Chula”. Nada mais cômico, perdão, nada mais sério que as mimosidades “debatidas e jogadas” entre eles. Parecia um jogo clássico de Brasil com a Argentina. Para quem teve o desprazer de assistir a peleja, viu que ambos SÓ FALARAM VERDADES. Verdades cristalinas, transparentes, incontaminadas. É por essa razão que os nossos representantes do STF que abre aspas se traduzem por “Situação Totalmente Favorável”, fecha aspas, notadamente para réus impacientes quem tem muito dinheiro para mudar votos e pareceres, como o nosso bostofico Fula Lula Inácio da Gula Mula da Silva.

Aquele “dezenove dedos” de São Bernardo que os malvados “pela aí” insistem em cognominar de EX. “Pula” é um exemplo típico de pessoa de índole acima de qualquer suspeita, como o Marcelo Miranda, governador de Tocantins e a sua vice, Claudia Lélis. No vento mal soprado dos rabos sujos desses últimos, citaríamos outros “fichas limpas”, como o evangélico “Eduardo Cunha Pupunha” e “Sergio Pedro Alvares Cabral”, ambos do PMDB (Partido dos Mamadores do Brasil), “Paulo BomMaluf”, “Marcelo Cricrivella”, “Moreira Branco e Preto”, “Aéééécio Neves”, “Dilma “Rouboussett”, “Jorge Piccitiani”, “Luiz Fernando Pezinho Chulé” etc., etc.

A lista dos pequerruchos (e bonecas) notáveis, sábios e distintos é muito longa. Todavia, apesar de quilométrica, cada um deles, em particular, ensacados em suas personalidades respeitáveis. Nenhum dos acima mencionados tem a patranha como patamar. São, portanto, “onestos” imutáveis, incorruptíveis, sinceros, concisos, ou melhor, dito de forma corriqueira, até mais esterilizados e cheirosos que o carpinteiro Geppeto pai de Pinótio, perdão, Pinóquio.

Abrimos as portas desse suntuoso randevu senhoras e senhores, para lembrar que precisamos comemorar o DIA INTERNACIONAL DO DIREITO A VERDADE. Quando? Ontem? Hoje? Daqui um mês? Nunca? Não importa. O que faz diferença é aquela exação de todos os santos dias, a bela que nos acompanha desde que acordamos à hora em que voltamos a confabular com os lençóis e travesseiros. Somos inquestionavelmente uma ralé de fidedignos, incontroversos e justos. Qualquer futriquinha de meia tigela ou até mesmo tigela inteira surgida, acreditem, não passará de mera sacanagem da oposição.

A oposição, atrelada a seus pares, como o nome diz se OPÕEM. Falam, por exemplo, somente no Rio de janeiro, até ontem, 164 policiais mortos partiram desta para melhor defendendo a população. Mentira. A verdade é outra. Esses militares morreram de velhice. O mais novo deles, beirava os 152 anos.  Mesmo quadro os 147 desaparecidos da ditadura militar. Mentira.  Verdade passada para os bobos e trouxas. Essa turma da “dentadura militar” não desapareceu. Os 147 “sumidos” foram abduzidos. Estão em marte. Propagam à boca miúda, por lá, Marte, os ares são cem por cento e a qualidade de vida supera qualquer planeta conhecido.  

Em face do acima exposto meus caros leitores, fiquem frios. Logo teremos o DIA INTERNACIONAL DO DIREITO À PUTARIA, O DIA INTERNACIONAL DO DIREITO À SACANAGEM, O DIA INTERNACIONAL DO DIREITO AO VANDALISMO, O DIA INTERNACIONAL DO DIREITO DOS POBRES E COMPRIMIDOS, O DIA INTERNACIONAL DO DIREITO DE MATAR POLICIAIS, O DIA INTERNACIONAL DA INTERVENÇÃO FALIDA DO RIO E SEU GENERALZINHO WALTER BRAGA NETO, O DIA DO DIREITO INTERNACIONAL DE REMOVER BARRICADAS DAS FAVELAS E OUTROS, OUTROS, OUTROS QUE NEM CHEGAMOS A IMAGINAR.

Precisamos lembrar sempre, a qualquer custo, a qualquer preço: estamos no brasil (escrito dessa forma em minúsculo), UM PAÍS DE ABESTALHADOS, ESTÚPIDOS, APATETADOS, DEMENTES, MATUTOS, DISPARATADOS. POR ESSA RAZÃO INCONTESTE, VIVEMOS ENFERMOS E NOS TORNAMOS CEGOS, E SOBRETUDO... SOBRETUDO SOMOS UM AGRUPADO, UM ASSOCIADO DE TOLOS E MANÉS. E TENHAM EM MENTE.  A PARVOICE, A CADA DIA, AUMENTA MAIS.   
Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, de Bragança Paulista, interior de São Paulo, 23-3-2018



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Um comentário:

  1. Querido amigo, esse seu texto me remeteu aos tempos do ensino fundamental. quando um ex repórter foi à escola e nos revelou toda a verdade por trás da FUNAI, órgão que DEVERIA defender as propriedades dos índios. Ficamos estarrecidos na época com a verdade muito distorcida do que aparecia na TV. É fato que a notícia que nos chega em todos os meios de comunicação não são de tudo confiáveis e que além de tudo apoiam determinados políticos para defenderem seus próprios interesses. Uma corja só.

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