Rui A.
Pedro Passos Coelho |
Acresce ainda que todos os
momentos de direita que o país teve, desde o começo do século passado, foram
pouco agradáveis e quase sempre terminaram muito mal. Sidónio quis implantar
uma ditadura e pagou-a com o próprio sangue; Salazar criou um regime de
repressão e de isolamento asfixiante do país e das pessoas; Marcello Caetano criou
expectativas que não cumpriu, e acabou dentro de uma chaimite empurrado pela
populaça; Sá Carneiro morreu sem ter concluído um ano de governo da AD; dos
governos seguintes de Balsemão e Freitas o melhor é nem falar; Cavaco Silva
recebeu toneladas e toneladas de dinheiro de Bruxelas para criar o novo «homus
cavaquensis», um irredutível e intrépido empresário lusitano que nos deixou
um governo liderado por António Guterres; Barroso comprometeu-se a tirar o país
do socialismo e pôs-se a andar para Bruxelas assim que pode, legando-nos, em
seu lugar, o seu delfim e ex-presidente do Sporting Clube de Portugal, Pedro
Santana Lopes.
Neste contexto, discutir uma
coisa que não existe ou que, quando aparece, é pouco mais do que desagradável,
não se recomenda a ninguém. Mas, sabendo-se que «em terra de cegos quem
tem olho é rei», Vasco Pulido Valente disse, pelo que li no texto do Zé, o
óbvio ululante: a direita portuguesa tem um «líder natural» que
está, de momento, na reserva. De modo que este debate poderia ter tido outra
designação: «Para onde vai Pedro Passos Coelho?». Nas últimas
décadas, apesar da experiência governativa de coligação com Paulo Portas e o
FMI a que teve de sujeitar-se, Passos foi a única coisa a aparecer na direita à
margem do pensamento socialista e estatista que sempre a caracterizou. É por
isso que é ele – e não o PSD, muito menos Rui Rio – que o PS e António Costa
continuam a temer. Porque é dele que pode vir uma verdadeira alternativa ao que
está. De resto, o móbil do congresso socialista da Batalha deste último
fim-de-semana, foi-lhe inteiramente dedicado: «o PS provou que também
sabe de economia e finanças públicas».
Neste seu interregno, Pedro
Passos Coelho que reflita como se pretende voltar a presentar ao país. Não terá
terceira oportunidade.
Título, Imagens e Texto: Rui A., Blasfémias,
29-5-2018
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