Ao fim de tudo, quando as sociedades se desagregam e que nada mais vale
alguma coisa, tudo é sempre a culpa do judeu. O mau tempo, o sarampo do
pequeno, o aumento da Nutella, etc.
Mas o que está acontecendo com a França? É a pergunta que veio ao
espírito de qualquer pessoa sensata ao descobrir, no último sábado (16 de fevereiro de 2019), as imagens de Alain
Finkielkraut insultado, no Boulevard Montparnasse, em Paris, por um bando de
fanáticos.
Perante esse espetáculo, como
não ter vontade de chorar de raiva, de tristeza, sobre o cadáver da doce
França?
Parece que não se deve
estigmatizar, nem de fazer amálgama, como dizem os cus abençoados dos bem pensantes que, do Le Monde à Mediapart, não pararam de se superar em matéria de negação. Mas
eles podem dizer o que quiserem, nada pode mais esconder o ódio islamita em
curso.
As ofensas feitas a Alain Finkielkraut por estes falsos coletes
amarelos não são um fait-divers (fato pouco
importante). É uma reviravolta social, histórica. Uma catarse que
permitirá ao país de se recompor se tiver coragem, o que está por provar, de
tirar lições dos zurros proferidos: “Porco
sionista de merda”, “A França é nossa”, “Vaza daqui”, “Tu vais morrer”, “Deus
vai te castigar”, etc.
O que aconteceria a Alain
Finkielkraut se ele não tivesse um policial por perto e verdadeiros coletes
amarelos para o proteger e retirá-lo? Não queremos imaginar. Atualmente, em
França, um judeu ainda tem a liberdade de pensar, mas temos o direito de
questionar se ele perdeu a liberdade de circular, como no tempo do 3º Reich.
O concerto de insultos é a primeira etapa do processo. Em seguida
vem o progrom,
para o qual, no ritmo em que as coisas vão, é preciso se preparar. E ainda
assim haverá muita gente para relativizar, minimizar: covardes, islamo-esquerdistas,
traidores. Todos herdeiros da França molenga e esparramada indignamente na
submissão.
A boa consciência destes companheiros de viagem dá uma ideia do
infinito. Eles se dizem enfaticamente antissionistas e não antissemitas,
como se não fosse a mesma coisa! Cria do antissemitismo, Israel, alvo obcecante
dessa gente, acolheu no último século grupos de sobreviventes da Shoah, que lá
puderam se reconstruir. Hoje em dia, o antissemitismo que gangrena a França e
uma parte da Europa justifica plenamente a existência do Estado hebreu, que
salafistas e seus idiotas úteis, os islamo-esquerdistas, querem riscar do mapa.
A ignorância enciclopédica desta malta permitiu-lhe repetir,
desavergonhadamente, uma grande mentira que, ao longo, transformou-se numa
verdade histórica: Israel seria uma terra árabe que recentemente teria sido
invadida e ocupada pelos judeus. Uma história para boi dormir. Desde há três
milênios, ao contrário, é uma terra judia que, regularmente, foi conquistada e
devastada – pelos Árabes, notadamente – muitas vezes.
Como prova, antes da criação
do Estado hebreu, em 1948, os judeus se chamavam os Palestinos e sua bandeira
nacional exibia uma estrela de David, enquanto que o grande jornal judeu se
chamava Palestine Post. O grande erro
dos judeus terá sido o de trocar o nome voltando ao de Israel: assim, perderam
a batalha das palavras, permitindo aos Árabes de se apropriar do termo histórico
Palestina e deixado o campo livre à desinformação.
Na confusão, uma outra
revolução semântica surgiu: a palavra antissemitismo, demasiado sulfurosa
depois do nazismo, foi substituída por uma, quase nova, “virgem”, de
antissionismo. Mas todos os antissionistas que, por definição, clamam pela
destruição de Israel, são antissemitas. São exatamente os mesmos, com a mesma
baba nos lábios.
(...)
Título e Texto: Franz-Olivier Giesbert, em editorial no
Le Point,
nº 2425, 21-2-2019
Tradução e Digitação: JP, 4-3-2019
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-