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Foi transmitido na noite de
sábado passado, 7 de setembro, o programa “Globo News Painel”, com a
participação de Dom Claudio Hummes, relator do Sínodo da Amazônia, Kenneth
Félix Haczynski da Nóbrega, diplomata representante do Brasil nas negociações
acerca do Sínodo, e Alberto Pfeifer Filho, especialista em assuntos internacionais.
Com “cara de vinagre”, para
utilizar uma dessas expressões tão profundas e delicadas do magistério
bergogliano, Dom Cláudio não conseguiu disfarçar o seu constrangimento, muito
diferentemente da tranquilidade que desfruta em encontros de esquerdistas ou junto de seu amigo desde os tempos do ABC Paulista,
o ex-presidente e atual presidiário Lula.
Kenneth Nóbrega, com
aquela délicatesse diplomatique, começou cutucando, ao mencionar o
estimadíssimo, mas completamente ineficaz, Acordo Brasil-Santa Sé como
elemento importante de mediação. Explicou que esteve três vezes no Vaticano e,
cara-a-cara, confrontou os representantes pontifícios acerca de quatro
imprecisões dos Lineamenta do Sínodo: o papel transnacional da
Guiana, que poderia dar pé ao estabelecimento de um território internacional na
Amazônia; a omissão da menção aos instrumentos internacionais de que participa
o Brasil, como limite das requisições do Sínodo; a ausência do reconhecimento
do papel social das forças armadas na Amazônia, lembrando que a FAB transporta
até alimentos em parceria com a Igreja; e a desarticulação entre o conceito
de ecologia integral e de desenvolvimento sustentável,
que impede o enclausuramento numa política meramente preservacionista, fechada
ao progresso.
Na sequência, o representante
do governo disse que, sim, os serviços de inteligência brasileiros estão
monitorando a atividade pré-sinodal, como qualquer outra atividade que diga
respeito à segurança do território nacional, dentro dos limites da lei e
segundo a sua prerrogativa constitucional.
Em seguida, quando perguntado
o porquê da preocupação do governo com a unidade territorial na questão
Amazônica, Kenneth Nóbrega salientou que a menção à Guiana como localização
transnacional nos Lineamenta, juntamente com a histórica cobiça
internacional do espaço amazônico e as últimas declarações do presidente
francês em fórum internacional são motivos mais do que suficientes para
justificar a preocupação.
Dom Cláudio obviamente,
permanecia o tempo todo com atitude apreensiva, olhos arregalados, aspecto
ameaçado, sério, como alguém que está sendo emparedado e “quanto menos falar,
melhor”.
Na sequência, Alfredo Pfeifer,
perguntado sobre as declarações de que os bispos dispõem de dados distorcidos
para o Sínodo, explicou dizendo que a Amazônia é um território imenso e os
dados são sempre parciais e, mesmo quando verídicos, podem ser apresentados com
metodologias diferentes, as quais podem favorecer o interesse deste ou daquele
grupo. Justificou, ainda, dizendo que a má gestão amazônica tem impactos
globais e que o Brasil e as Forças Armadas a têm feito com competência técnica
e científica, responsabilidade social e ambiental.
Dom Cláudio concordou com o
fato de que o Exército está muito presente na Amazônia e que há uma verdadeira
colaboração com a Igreja. Também reconheceu que a Igreja não tem todos os
dados, como tampouco o Exército. Ele disse que o documento preparatório do Sínodo
só não falou do Estado brasileiro e do Exército porque a Igreja estava apenas
falando de si mesma. Disse que os bispos ficaram perplexos com a reação do
Brasil e estão preocupados com “até onde isso vai”.
Kenneth Nóbrega mostrou como a
divulgação de dados errados nas últimas semanas erodiu o relacionamento de
confiança, que é absolutamente imprescindível para qualquer diálogo bilateral.
Ele mostrou como, de um lado, a eventual não preocupação em que se respeitem as
questões de direito internacional no documento final do Sínodo pode oferecer
sustentação aos ambientalistas que defendem o protecionismo agrícola
europeu, que destrói a imagem do nosso agronegócio, sem discernir se é
sustentável ou não, se favorece a agricultura familiar com selo orgânico ou
não.
Alfredo Pfeifer disse que as
duas instituições que garantem a presença brasileira na Amazônia são a Igreja e
as Forças Armadas, sendo que o Exército está preocupado com a ocupação nacional
e a defesa das fronteiras, mas a Igreja tem uma vocação missionária e está
preocupada com a Evangelização. Ele disse que é nesta diferença que pode se dar
um descompasso de interesse e de agenda, mas se espera que o Sínodo seja uma
ocasião para se resolver este descompasso, ao invés de aumentá-lo.
Sobre a questão indígena, Dom
Cláudio disse que, em Porto Maldonado, os índios disseram ao Papa Francisco que
nunca se sentiram tão ameaçados como agora, que suas terras estão sendo
invadidas por companhias de mineração, pelo desmatamento. Dom Cláudio disse que
os índios são um patrimônio humano de todos nós, porque eles têm uma cultura
própria, uma espiritualidade própria, milenar, uma riqueza muito grande que a
humanidade não se pode dar o luxo de perder. Segundo Dom Cláudio, a Igreja
pensa que isto é uma questão de direitos humanos e que na história da
colonização houve um massacre dos índios, mas com a proteção que receberam nas
últimas décadas, a população indígena está crescendo e há aproximadamente um
milhão de índios. — Neste trecho, Dom Cláudio falou demasiadamente,
monopolizando a palavra, inclusive não deixando tempo para que os
interlocutores continuassem com a pauta.
Alberto Pfeifer disse que a
defesa dos índios demanda o combate aos ilícitos (como a garimpagem, por
exemplo), requer a presença do Estado, e que não adianta apenas alegar o
direito dos índios, pois eles são desprovidos de instrumentos para se defender,
mas o Brasil está utilizando as ferramentas adequadas e cumprindo o seu papel.
Kenneth Nóbrega afirmou que o
Brasil tem uma legislação ambiental evoluída, mas que o Estado tem uma dupla
responsabilidade: a primária, com a sua sociedade; a secundária, internacional.
No que diz respeito ao debate internacional, há de haver um verdadeiro debate,
onde todos falem de suas responsabilidades em campo ambiental, ou seja, não
pode ser um debate em que todos apontem para o Brasil como aquele que não está
cumprindo com as suas responsabilidades. Este desequilíbrio no debate criou,
por parte do governo, uma percepção de injustiça.
Dom Cláudio concluiu dizendo
que a Igreja está em defesa do protagonismo dos índios em seu próprio
progresso, embora haja ainda um espírito colonialista, que pretende impôr a
eles um tipo de progresso.
Enfim, Hummes e toda a corte
bergogliana têm toda ciência de que seu tempo é curto, que não possuem apoio
popular nem sucessores e que, por isso, é necessário acelerar e intensificar as
“reformas”. O temor por “retrocessos” é claramente demonstrado na nova leva de
cardeais criados por Francisco. Esquecem-se esses senhores, infiéis e
incrédulos que são, que a Igreja é do Senhor. “Exsurge Domine”.
Título, Imagem e Texto: FratresInUnum.com,
9-9-2019
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