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Panfletagem na fábrica da Mercedes Benz em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, 23 de Agosto de 2010. Foto: Hélvio Romero/AE |
Enviam-me uma imagem da Tribuna Metalúrgica, órgão de informação do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, onde Lula se lançou para a política. Trata-se de um panfleto anti-Serra incrivelmente virulento. Segundo o jornal, “Serra mente” e não fez nada disto: genéricos, programa da AIDS, seguro desemprego, FAT, escolas técnicas…” O que nem a propaganda da Dilma tem coragem de negar na televisão porque seria desmoralizada, o sindicato nega. Na página ao lado, o título: “Vitória de Dilma é vitória dos metalúrgicos”. Trata-se, evidentemente, de propaganda ilegal — ilegalidade similar à praticada pela revista da CUT, patrocinada pelo Banco do Brasil e pela Petrobras. É um dos focos da guerrilha.
Outra frente de ataque é a falsa tentativa de judicializar a campanha — já explico por que escrevo “falsa”. O PT decide recorrer ao Ministério Público contra Paulo Souza, ex-diretor do Dersa, acusando-o… bem, acusando-o de qualquer coisa. Paulo Pereira da Silva, este homem de reputação ilibada e sobre quem não pesam suspeitas de nenhuma ordem, diz que pedirá, calculem!, a quebra de sigilo de Serra. Anuncia-se ainda recurso à Justiça para investigar as supostas vinculações entre o PSDB e o que se chama “panfleto anti-Dilma” — é aquele apelo de um grupo de católicos contra o aborto. A Diocese de Guarulhos já admitiu ter sido ela a encomendar os impressos.
E daí? Os petistas querem sufocar o jornalismo online com títulos — e têm sido bem-sucedidos na sua prática. Classifico a tentativa de “falsa” porque eles sabem que tudo isso resultará em nada, dado o absurdo das iniciativas. Mas eles estão jogando: movem os tanques para tentar assustar o adversário.
Na área da opinião pública, o trabalho fica por conta dos “intelectuais & artistas”, capitaneados pelo sambista Chico Buarque, cuja idiotia política se acentua com a idade. Ontem ele deu o grito de guerra: este seria um governo que não fala fino com Washington nem fala grosso com Bolívia e Paraguai. Tratava-se de um evento em apoio a Dilma. Ela não teve dúvida: “Não seremos os Estados Unidos da América do Sul”, seja lá o que isso queira dizer. Deve significar que jamais seremos, infelizmente, uma república federativa de fato… Tange-se, assim, a corda do nacionalismo e do antiamericanismo, duas regressões políticas que estão na base da “campanha” em defesa da Petrobras e do pré-sal, como se eles estivessem sendo ameaçados por interesses estrangeiros. Sites petistas noticiam há dias que FHC teria feito uma palestra a investidores estrangeiros oferecendo o pré-sal. Forncem até os “nomes” dos participantes. Impressionante!
A guerra religiosa que o PT inventou, que acabou lhe trazendo mais contratempos dosque benefícios, começa a render frutos. Pressionada, a hierarquia católica obriga alguns bispos a fazer uma espécie de recuo na defesa de, imaginem só!, princípios da Igreja. Nos palanques e em outras intervenções públicas, Lula volta a atacar a imprensa, acusando seu suposto partidarismo. E o faz com mais veemência numa solenidade de uma pseudo-revista que só existe por causa do dinheiro público que nela é injetado na forma de publicidade.
Portais da Internet, especialmente aqueles que pertencem às telefônicas — que passaram a existir como empresas privadas no governo FHC, contra as quais o PT lutou bravamente — se comportam abertamente como extensões do petismo, num trabalho “jornalístico” como nunca antes houve na história destepaiz… E os petistas contam ainda com o trabalho de “pesquisa” do Vox Populi e similares. A ordem é sufocar. O PT percebeu que havia uma vaga pró-Serra na semana que se seguiu ao primeiro turno e botou a tropa na rua. Amarrando tudo, vem João Santana com a mentira sobre a privatização da Petrobras e do pré-sal.
Voltamos ao busílis: o horário político na TV é uma arma poderosa para tratar dessas questões. A propaganda do PT sintetiza essas várias frentes, temperando tudo com o triunfalismo de sempre. A do PSDB atua como se nada disso estivesse em curso e como se o eleitor, movido apenas pela razão, comportando-se como um headhunter, fosse escolher quem tem o melhor currículo. Ora, a questão, numa eleição, é menos O QUE faz o seu adversário do que aquilo que VOCÊ FAZ do que ELE FAZ, endetenderam?
O PT reagiu, e como!, ao avanço tucano e mudou. A campanha do PSDB reagiu retrocendo ao primeiro turno!!! Deve haver uma genialidade nessa decisão que não consegue ser compartilhada com ninguém de tão genial que é. Não dá outra: o que a lógica não explica ou é bruxaria (há quem acredite nisso…) ou é bobagem.
Reinaldo Azevedo
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