sábado, 13 de novembro de 2010

Eleições presidenciais 2010: comentários de Peter Rosenfeld

Peter Wilm Rosenfeld

Terminou o processo eleitoral. Nós, o povo, decidimos quem deve dirigir os destinos do Brasil nos próximos quatro anos, a partir de janeiro próximo.
Decidimos bem? Decidimos mal?

Realmente, isso só o tempo nos dirá. O importante é que cada um votou como quis, com toda a liberdade e sem qualquer coação ou ameaça. Vejam bem: Votou!

O que aconteceu antes, foi algo que “nunca antes neste Pais aconteceu desde seu descobrimento”, como diria a lamentável figura do Sr. da Silva, que foi um vergonhoso cabo eleitoral, infringindo todas, absolutamente todas, as regras de decência, de moralidade, de sobriedade, que a Presidência da República deveria observar.

É claro e evidente que esse comportamento influenciou milhares ou milhões de votantes que, mesmo analfabetos e ignaros, têm direito a votar, nos termos de nossa Constituição de 1988.
Mas não têm o direito de serem votados (CF, Art.14,§ 4º), para azar do palhaço Tiririca, que foi o mais votado dos candidatos à Câmara Federal em São Paulo.

Apesar de ter afirmado linhas acima que só o tempo dirá se o povo votou bem ou mal, penso que cabe uma reflexão, ou tentativa de análise, da votação.

Antes disso, porém, é justo dizer que as empresas que previram o resultado da eleição, tão criticadas e condenadas por suas previsões, no final das contas não erraram. A vantagem da Sra. Rousseff sobre o Sr. Serra foi ampla e folgada, como prevista pelos Ibopes da vida. O que parecia absurdo foi realidade.

Será que as previsões influenciaram os votantes? Talvez, mas não creio que de forma  a pesar sobre o resultado final.

O que foi surpreendente foi o fato de em alguns poucos mas importantes estados, terem sido eleitos governadores os candidatos da coligação liderada pelo PT e para presidente o candidato da oposição.

Isso aconteceu notadamente no R.G. do Sul, que elegeu o Sr. Genro (PT) como Governador, tendo o Sr. Serra ligeira vantagem sobre a Sra Rousseff, o mesmo (mas em sentido contrário) ocorrendo em Minas Gerais, que elegeu o Sr. Anastasia(PSDB) Governador e a Sra. Rousseff para a Presidência.

Devo lembrar que mais de uma vez escrevi que se o Sr. Serra fosse derrotado isso se deveria, única e tão somente, ao próprio candidato.

Suas hesitações, falta de definições claras sobre alguns assuntos importantes como, por exemplo, a escolha de seu companheiro de chapa (se o Sr. Índio da Costa tivesse sido indicado alguns meses antes, certamente teria contribuído de forma importante para influenciar positivamente muito mais eleitores) foram decisivos negativamente.

Bem, as eleições passaram, os eleitos assumirão em janeiro; talvez ainda existam alguns recursos impetrados perante a Justiça Eleitoral mas, em linhas gerais, o processo está encerrado. E qual a conclusão?

Para minha surpresa, confesso que fiquei bem, até muito bem, impressionado com os primeiros pronunciamentos da futura Presidente.

Sua fala uma vez proclamado o resultado pelo TSE foi pautada pelo comedimento, bom senso e sobriedade. Não tripudiou sobre ninguém. Foi sóbria, com os pés no chão. Soube controlar sua emoção.

Não posso dizer o mesmo do Sr. Serra. Sua fala não me agradou nem um pouco. Além disso, ignorou por completo o Sr. Índio da Costa, seu companheiro de chapa. Em meu entender, tinha obrigação de lhe agradecer por haver aceito o desafio e por seu esforço no final da campanha eleitoral.

Voltando à candidata eleita, na 2ª. feira, anteontem, compareceu ao Jornal Nacional da TV Globo (que montou um estúdio especial em Brasilia) e concedeu longa entrevista, certamente sem poder esconder sua felicidade mas com absoluta sobriedade, mostrando que não está deslumbrada com sua conquista.

Respondeu a todas as perguntas de forma natural, espontânea e segura. Assim como na entrevista antes da eleição, houve perguntas provocativas; não alteraram o comportamento da Presidente eleita.

Contrariamente ao que pensava (e não escondia meu pensamento), parece-me que a Sra. Rousseff poderá ser uma boa Presidente.

Certamente dependerá de quem escolher para seu Ministério(e espero que tenha liberdade nessa escolha e não precise se curvar a imposições partidárias, considerando-se que alguns partidos são verdadeiros sacos de gatos...).

Igualmente dependerá de verificar se suas convicções democráticas, como proclamadas em sua fala quando do anúncio do resultado do pleito, são verdadeiras.

Nesse caso, não cerceará a imprensa e sua liberdade; não permitirá que vigore o malfadado decreto que instituiu o infame PNDH-3, revogando-o o quanto antes.

Manterá à distância, com elegância, os sombrios Srs. Hugo Chávez, Fidel Castro, Evo Morales, Ahmadinejad e todos os ditadores africanos e muçulmanos cortejados por seu antecessor, Sr. da Silva.

Fechará as Embaixadas absolutamente inúteis criadas recentemente.
Enfim, será uma democrata verdadeira. É o que todos os brasileiros de bem certamente desejam e esperam.

Peter Wilm Rosenfeld
Porto Alegre (RS), 03 de novembro de 2010  

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