sábado, 27 de novembro de 2010

As UPPs do Rio eram um programa mais turístico do que segurança pública

Lula conversa com o prefeito Eduardo Paes em visita ao morro Santa Marta. Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República/Divulgação


Caras e caros, este é um texto bastante importante para entender o que estava e o que está em  curso. Vamos lá!

A bagunça no Rio está nos jornais e sites noticiosos do mundo inteiro. Seria notícia a qualquer tempo e em qualquer circunstância, mas chama ainda mais a atenção porque a cidade sediará a Olimpíada de 2016, e o Brasil, a Copa do Mundo de 2014 — a capital fluminense é “o” cartão postal da disputa. E todos se fazem a pergunta óbvia: terá uma cidade com essas características condições de receber esses dois mega-eventos? Falta ainda bastante tempo. Até lá, políticas sensatas, se aplicadas, podem render frutos. Mas cumpre fazer algumas considerações.
As UPPs já eram parte de uma bem-urdida política de marketing. Com ela, o governo conseguiria duas coisas: pacificar a “comunidade”, este substantivo de sentido cada vez mais etéreo, combater o crime e evitar a violência. Uma coleção de objetivos louváveis não faz necessariamente uma política pública eficiente. Bem, a coisa deu no que deu. Em algum momento, alguém rompeu algum acordo — quando o jornalismo parar de aplaudir Sérgio Cabral, talvez se descubra o que houve —, e a situação desandou. Mas reitero: a UPP, ainda que possa trazer algum benefício para os sem-estado, era um programa mais turístico do que de segurança pública. Como? Estou exagerando? Então leiam esta reportagem do Estadão de 18 de agosto (leiam com atenção). ESCULHAMBEI ESTE TROÇO AQUI. FALEI SOZINHO!!!

Recém-incorporadas ao discurso da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff,as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) criadas pelo governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) foram adotadas pelo Ministério do Turismo. Com investimento inicial de R$ 184 mil do governo federal, será lançado dia 30, no Morro Dona Marta, com a presença confirmada do presidente Lula, o projeto-piloto Rio Top Tour. O objetivo da iniciativa, anunciada no site do ministério, é “aproveitar o potencial turístico do local a partir da inclusão dos moradores“.
O evento, em plena campanha eleitoral, estava marcado para o dia 13, como havia informado a coluna Palanque. O primeiro anúncio foi feito por Cabral, via Twitter. Ontem, no debate entre os candidatos a vice dos presidenciáveis, promovido pelo Estado, o companheiro de chapa da petista, Michel Temer (PMDB), citou o exemplo das UPPs, tema que virou quase um mantra na campanha.
O texto de divulgação do projeto - realizado em convênio com a Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer do Estado - é só elogios ao programa da Secretaria de Segurança do governo peemedebista: “Depois de um dia de praia, uma caminhada no calçadão e uma visita ao Cristo Redentor, nada mais agradável para o turista que conhecer mais de perto a cultura e tradição de um lugar tão rico como o Rio. Melhor ainda se esse contato se der em uma comunidade que hoje é símbolo de uma nova cidade, com seus serviços, produtos, segurança e hospitalidade prontos para atender todos os visitantes”.
O release diz que o morro, “até pouco tempo marginalizado pela violência e pelo crime organizado, caminha para se tornar esse ponto turístico dentro da Cidade Maravilhosa”. Por e-mail, o ministério informou que o projeto, “executado pelo Estado, é viabilizado por meio de um convênio que contempla uma UPP, embora não estejam necessariamente vinculados”. Ou seja, o Rio Top Tour não seria voltado exclusivamente para locais onde as UPPs estão consolidadas. Essa, contudo, não é a informação que aparece no release divulgado no dia 13, quando o ministro do Turismo, Luiz Barretto, visitou a favela.
“O objetivo é que o Rio Top Tour seja estendido para as demais comunidades que foram pacificadas com as UPPs. A segunda comunidade a receber o projeto será o Morro da Providência”, diz o texto. Barretto afirmou na ocasião estar “certo de que teremos um modelo a ser implementado em outras comunidades da cidade que também precisam desta valorização”.
Segundo o projeto, 50 moradores do Dona Marta - que tem mais de 5 mil moradores - receberão treinamento e haverá uma linha de crédito especial. Estão previstos estandes de informação no morro e em bairros próximos, placas e adesivos para promover pontos turísticos e a distribuição de folhetos em português e inglês. “O charme dos belos mirantes e das paisagens ganhou visibilidade em 1996, quando Michael Jackson gravou trechos de um videoclipe em uma laje no alto do morro”, destaca o ministério.
E agora?
Não é mesmo uma linguagem encantadora, sedutora? A bandidagem, por alguma razão, desarranjou a poesia turística de Cabral, Lula, Dilma e companhia. E a poesia antes oferecida aos turistas foi substituída pela exibição de força. Até havia pouco, a simples menção de contar com a colaboração das Forças Armadas, por exemplo, era considerada absurda. Quando o Exército era excepcionalmente chamado, lá iam os recrutas. Desta vez, são forças regulares.
E muitos — dos jornalistas ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, passando por Sérgio Cabral — falam em “dia histórico”, “decisão histórica” e outras hipérboles. Sem dúvida, estamos diante de uma mudança histórica da política de marketing. Em vez da paz, a guerra. Os turistas continuam de olho. Nunca antes nestepaiz uma política desastrada foi tão aplaudida.
Reinaldo Azevedo

Eu penso que o carioca deve "esquecer" esse negócio de Copa, Olimpíadas... quero dizer, ele deve COBRAR SEGURANÇA DIÁRIA, para ele, carioca, e seus familiares! Segurança diária e permanente. Não para... inglês ver. Deu para entender?
JP

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