sábado, 20 de novembro de 2010

O sexo e a Cidália - Uma 'lady' na mesa

Ilustração: Sofia Dias

Às vezes ainda me rio com aquilo que as pessoas acham que sou: uma devassa, uma mulher pouco amada, uma mulher como as outras, um homem?!

Recebi um mail de uma leitora desiludida com as últimas crónicas da Cidália. Duvidando até se poderíamos ser a mesma! Sim, como é que a mulher aberta que sou pode dizer que não gosta de dormir nua?

Cara Mónica, esta crónica é para si. Vou contar-lhe tudo:
Não sei se sabe, mas escrevo esta crónica (com muito prazer) há seis anos. Pense comigo no que seis anos fizeram à sua vida e como pode ter mudado em tanto (tão pouco?) tempo.

Mas sabe o que é curioso? Eu não mudei assim tanto. Sinto-me exactamente a mesma, se calhar (vamos todos pensar que sim) apenas mais madura, se é que o avanço do tempo nos dá mesmo esse privilégio. Ou serão as marcas da dor?

É muito engraçado que quando comecei a escrever esta crónica só somava um tão sério número de erros de casting amorosos. Depois veio um amor a sério, um bebé e muitos mais leitores. Acha que se calhar foi isto que me trouxe demasiada seriedade?
Vou dizer-lhe quem sou.

Gosto tanto do verbo pinar (que remonta ao meu passado campestre) como para mim é inspirador o «penar» - sim, o sofrimento que nos castiga traz-me intensidade.

Considero-me com mente tão aberta que, veja lá, acredito que a nossa natureza, mais do que heterossexual, é muito mais bissexual. Sim, nós primeiro que tudo apaixonamo-nos por pessoas, só depois nos limitamos a um género, temendo as regras da sociedade (que não as da atracção).

Eu sou a que condena a igreja católica por viver em tanta hipocrisia, ignorando os que sofrem, ainda que acreditem no mesmo Deus. Condeno a hipocrisia do celibato, dos homossexuais invisíveis, do luxo de muito clero.

Eu sou a que não se arrepende de tudo o que viveu (sim, não foi pouco), porque da curiosidade e do erro se faz virtude. Acredito na liberdade dos homens e das mulheres, acredito que o amor salva e que o mal premeditado conhece sempre outro mal.

Eu sou aquela que fez centenas de quilómetros para ir votar no referendo do aborto, por saber que no fim do dia me sentiria cansada, mas orgulhosa.

Já viu, eu posso ser a mesma que fala sem receio (nem tabus) de sexo oral, bobós, pinanços e ao mesmo tempo fazer o elogio do beijo.

Há muita coisa que lhe poderia contar de fazer inveja, mas acredito que ainda me vai ler mais algumas vezes. Sabe que, apesar de tudo o que experimentei e vivi, eu gosto mesmo de dormir vestida. Sim, esse cliché de ser maluca e dormir em pêlo não tem nada que ver comigo. Eu gosto pouco de clichés. O único cliché que consinto é o amor.

Repare que os meus textos são muitas vezes provocações, cabe a cada um escolher se a provocação lhe agrada ou só agita. Ou se é irrelevante.

É verdade que se calhar, nos últimos tempos, falo mais de amor e vou dissertando sobre homens e mulheres. Sabe porquê? Porque o sexo tem um tempo de vida mais curto e é mais gratuito. O amor, uma vez descoberto, prolonga-se e dá mais livros bonitos do que o sexo.

Já agora, editei há uns anos um livro da Cidália cheio de coisas picantes. Aquela também sou eu, mas ser picante o tempo todo perde a piada. Sabe que picante a mais pode estragar um prato. E eu ainda acredito que tenho mais alimento para os meus leitores...

Tem razão quando se queixa das últimas crónicas mais aborrecidas, mas é o cenário exterior a afectar-me. Às vezes parece-me indecente falar de coisas levianas quando o que me rodeia é triste. Eu escrevo, não sou actriz.

De mim nunca ouvirá a frase: «Sou muito maluca.» Sabe, desconfio sempre dessas pessoas. Dizem isso pensando que assim podem disfarçar a sua profunda monotonia. Alguém reservado pode esconder muito mais fantasia, não acha?

Agora que já sabe mais sobre a Cidália não vai ler-me?
Oh God, make me good, but not yet!
Cidália Dias, Notícias Sábado 254, 20-11-2010

4 comentários:

  1. Agora hoje:

    - Com a pressão da minha família e os meus colegas e professores do curso onde eu ando a tirar acontece uma situação desagrádavel , que foi a seguinte:


    5) ao fim de um cero tempo de ter a necessidade de conversar mais com ela, precipitei e acabei por invadir o espaço dela de uma forma insconciente, quando ela estava sentado no café com um amigo, mas pedi-lhe desculpas e disse-lhe que foi um momento infeliz da minha parte que sempre agi de forma justa com ela e lembrei-lhe o que fez a nossa amizade até agora e que a gostaria de continuar a manter, porque eu acho que de alguma forma a magoei e a feri, e gostaria que ela continuasse a gostar de mim como eu gosto dela, nunca senti assim o meu meu coração, porque eu nunca senti nada parecido com ninguém, quando vejo a meu coração palpita. Ela tem um contrato com o café até outubro, então não sei o que vai acontecer e eu também tenho contato telefônico dela.

    Gostaria de obter suas opiniões honestas, com a experiência que você tem que voltar a ter confiança e amizade dela, porque ela estava na defensiva, pois já teve más experiências no passado e uso terceiras pessoas para me "atacar" o que é compreensível. Pois gostaria de conquistar aquela mulher, pois nunca me senti também bem.

    6)Considera que ainda tenho chances de lutar por seu amor, ela ainda pode me aceitar? Você poderia me dar, por favor algumas sugestões? Estou ansioso sua resposta, brevemente.

    7)Mas primeiro eu vou ir dar à mulher que eu amo espaço. Nesses dias eu vou parar de ir ao café, pois ela está com raiva de mim que é compreensivel. Eu nunca vou desistir. É um retiro estratégia eu deve ganhar passo a passo a confiança dela. Uma simples pergunta: Você concorda com me retiro estratégia e quanto tempo de dias que você considera que eu devo ir outra vez ao café.

    Aguardo a suas respostas o mais breve possível.

    Melhores cumprimentos

    José Moreira

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    Respostas
    1. Caro José Moreira,
      Houve um problema com o seu anterior comentário. Lamentamos.
      Por favor, reenvie.
      Obrigado.

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    2. José Moreira deixou um novo comentário sobre a sua postagem "O sexo e a Cidália - Uma 'lady' na mesa":

      Viana do Castelo, 26 de Julho de 2014

      Venho por este meio, comunicar que admiro a sua história de vida e as suas experiências vividas e o facto de gostar de escrever sobre a temática sobre sexo e amor o que faz com que se tenha uma perspectiva diferente daquela da qual é feita a nossa educação. Tenho por hábito ler as suas crónicas do "Sexo e a Cidália" no Jornal de Noticias e muitas delas me identifico. Por acaso, estou também a gostar de uma pessoa com o seu nome Cidália e esse nome nos últimos tempos não me sai dos meus sonhos. Gostaria que me desse algumas sugestões/ dicas para me aconselhar a ter um relacionamento com a pessoa citada. Por isso vou contar um pouco da minha história com ela:

      1) Eu conheci a mulher que eu amo que é mais velha do que eu no café, no começo eu pensei que era apenas amizade, mas com idas ao café, comecei a admirá-la como mulher e não apenas como um amigo. Eu nunca tive este sentimento tão forte com nenhuma mulher. Eu sei que ela é divorciada e tem filhas pela conversa de um cliente em minhas primeiras visitas ao café. Falou-me dos ex-maridos e amigos, mas um dia eu disse a ela para não falar muito dos ex-maridos, pois é um assunto com o qual eu me senti algum desconfortável, porque ela falava tanto deles e ela respeitou minha decisão .

      2)Tendo um pouco de intimidade e confiança comecei a tratá-la pelo nome, ela chama-se Cidália e sempre gostei dela desde o primeiro dia que a vi, senti algo que eu nunca tinha sentido por ninguém, e divertimos e riamos muito quando eu ia lá .

      3) Tratavamos um ao outro com respeito e cordialidade, houve um dia em que eu ofereci-lhe um cravo no Dia Internacional da Mulher e ela deu-me uma abraço apertado e eu senti uma sensação de calor em todo o meu corpo e sentia o corpo dela tb quente, com a confiança adquirida comecei por abraçá-la quando eu despedia-me dela, e tenho uma grande admiração por ela e considero-a um guerreira, porque cuidar de uma criança por si só é uma grande coragem.

      4)Eu a vi chorando pelo ex-marido por não apoiar a sua filha financeiramente e apoiei-a incondicionalmente, eu a vi incapaz desesperada por um outro futuro além do que ela tem agora e sempre a apoio quando ela falava que gostaria de ir para outro país, mesmo apesar que a quer ter a meu lado mas embora ficasse desolado com a sua decisão ficaria apesar de tudo satisfeito por ela.

      5) Nós saímos duas vezes, eu convidei-a duas vezes e queria convidá-la para jantar comigo desde que nos conhecemos desde fevereiro, mas já a convidei várias outras vezes, mas devido à situação difici (pois tirá pouco rendimento do café) que ela atravessa não insisti muito. Mas ultimamente senti alguma distância dela depois do entusiasmo inicial, em que ela sorria e olhava para mim.

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  2. O amor não é um sentimento é uma construção, baldrame, alicerces, contra-piso, paredes, tijolo por tijolo, teto, telhado etc e tal.
    Um lar não é precisamente a morada de um casal, é uma oferenda à mulher que se ama.
    A mulher que se ama não é uma bolsa de valores, ou um banco, é o investimento mais precioso dos nossos cinco sentidos.
    Ela é os feromônios de nosso olfato, a paisagem que olhamos no horizonte, o som e o borbulhar das águas, O delicado sabor da comida preferida, e o tapeta macio que ousamos deitar nosso corpo.
    Ela tem o colo que abriga e o forno que esquenta as grandes emoções da subsistência de novas gerações.
    Enfim, nada seríamos sem ela, sequer vivido.
    Odeio a misoginia.

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