sábado, 20 de novembro de 2010

Princípio da proximidade

Só há duas coisas que podem, verdadeiramente, derrotar os homens e as organizações: o fracasso e o sucesso. A NATO é bem exemplo dos dois casos. No Verão de 1983 passou um dos mais difíceis momentos da sua história, quando políticos sociais- -democratas alemães, como Oskar Lafontaine, pediam a saída do seu país da Aliança no auge da "crise dos euromísseis", um período que quase levou a uma conflagração nuclear na Europa central.
Hoje é o sucesso que ameaça a Aliança. Na verdade, somos a única geração da história que assistiu ao fim de uma ordem bipolar, sem ser pela via armada. Gorbachev é o nome desse milagre que nos poupou ao Armagedão, mas a NATO ajudou a que tal fosse possível.


Em Lisboa, a NATO não irá encontrar uma solução duradoura e consensual para a sua vocação estratégica. O sucesso da NATO leva a que ela contenha dentro de si, como membros ou parceiros, antigos inimigos e amigos cada vez mais difíceis. Acabar com a NATO? Num mundo cada vez mais dilacerado e em transformação estrutural, isso seria uma estupidez estratégica monumental. Num tempo de profunda incerteza, os amigos e os potenciais inimigos devem estar visíveis, e se possível à mesa. A NATO é cada vez mais essa mesa onde o princípio de proximidade se realiza.
Viriato Soromenho Marques, Diário de Notícias, 20-11-2010

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