Notícias do Augusto

- Qual é o nome do paciente?
- Chama-se Augusto e está no quarto 302.
- Um momentinho, vou transferir a ligação para o setor de enfermagem...
- Bom dia, sou a enfermeira Lourdes. O que deseja?
- Gostaria de saber as condições clínicas do paciente Augusto do quarto 302, por favor!
- Um minuto, vou localizar o médico de plantão.
- Aqui é o Dr. Carlos, plantonista. Em que posso ajudar?
- Olá, doutor. Precisaria que alguém me informasse sobre a saúde do Augusto, que está internado há três semanas no quarto 302.
- Ok, meu senhor, vou consultar o prontuário do paciente... Um instante só!
Hummm! Aqui está: ele se alimentou bem hoje, a pressão arterial e pulso estão estáveis, responde bem à medicação prescrita e vai ser retirado do monitor cardíaco até amanhã. Continuando bem, o médico responsável assinará alta em três dias.
- Ahhhh, Graças a Deus! São notícias maravilhosas! Que alegria!
- Pelo seu entusiasmo, deve ser alguém muito próximo, certamente da família?
- Não, sou o próprio Augusto telefonando aqui do 302! É que todo mundo entra e sai desta merda deste quarto e ninguém me diz porra nenhuma.
Eu só queria saber como estou...
Olá!
Leram a piada? Acharam uma boa piada? Riram??
Desculpem, mas se pensarem bem, tem uma "certa" semelhança com o nosso problema, hein?... isso tem mesmo.
Ninguém fala nada, tudo corre como se... em segredo de justiça. Todo o mundo anestesiado e... a carruagem da amargura e da perda de dignidade segue lentamente o seu curso. Até quando? Acho que nem Cristo o sabe! E no momento, sei bem o que é isso.
Não vou entrar em detalhes em relação ao meu problema com o Itaú, mas posso dizer que se você não tiver um bom advogado pago e se você pretende utilizar a defensoria pública ou o tribunal de pequenas causas, perca as esperanças. Quinta-feira última estive na UNIP, na rua da Paz, para expor o meu problema. O meu caso só podia ser atendido naquele juizado. Para começar, um estagiário para atender um bom número de pessoas. Depois de quase uma hora, um outro estagiário passou a ajudar. Muita gente para passar pela triagem. Quando chegou a minha vez, o estagiário muito solícito me atendeu; começou a ler a papelada; era um caso meio complicado; o tempo passou até que, por incrível que pareça, um cabo gorducho que tomava conta do pedaço, entrou sem ser chamado "na conversa". Logo de cara perguntando do que tratava. Sinceramente não acreditei, fiquei pasmo! Em seguida, aquela besta, metido a advogado, emitiu o seu parecer. Perguntei a ele por que estava se intrometendo e se ele era advogado. A resposta foi que não era advogado, mas entendia do riscado e como tal o meu caso não podia ter seguimento dentro daquele juizado. Como dizendo:- "o sr. está atrapalhando o trabalho" (eu nem o conhecia e nem havia mordido a perna da pobre mãe dele!). A interferência daquela besta foi tão grande que o rapaz que me atendia perdeu o rebolado e a conclusão foi óbvia, não é? Saí daquela merda puto da vida (me desculpem a linguagem, mas palavrão cabe no momento certo e não é pecado). Sai sem saber o que fazer, se deveria conversar com um superior daquele infeliz, mas como eu estava muito nervoso, resolvi retornar a minha casa e esfriar a cabeça. Mais tarde telefonei para o juizado para fazer a denúncia contra aquele soldado metido. Inicialmente me pediram para que retornasse a fim de fazer a denúncia em cartório. Disse que emocionalmente não estava em condições para fazê-lo e então foi passado o telefone para uma outra pessoa que me ouviu com atenção e disse que iria tomar providências a respeito. Perguntou também se eu havia recebido alguma orientação quanto ao meu caso. A minha resposta foi com uma pergunta,"como poderia ter havido orientação depois do que havia acontecido?". Sinceramente me senti pequeno com o ocorrido.
Hoje, domingo, ainda não estou conformado com o ocorrido. Se tivesse sido o parecer do estagiário, tudo bem, mas não da forma que foi. Agora, o que fazer, sem dinheiro? A conclusão que posso tirar disso tudo é que nada disso teria acontecido se... se não tivesse havido o que houve com o AERUS e quem sabe, se tivesse havido uma conduta mais agressiva da parte dos nossos negociadores ao longo destes quase 5 anos.
Apenas uma coisa: sou uma pessoa lúcida e não carrego comigo o ódio. Tenho no lugar do ódio uma profunda mágoa e isso infelizmente não consigo evitar; eu me adaptei a ela, mas não esqueço e não irei esquecer e cobrarei tudo em algum lugar e no momento certo. Não é vingança não, mas a constatação da aplicação da justiça. A justiça que falta neste pobre país.
Me perdoem!
Waldo Deveza
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