sexta-feira, 8 de abril de 2011

A Vale (do Rio Doce)

Peter Wilm Rosenfeld
É extremamente triste e grave o que aconteceu com a Cia. Vale do Rio Doce.
Por um lado, o que está acontecendo é uma das conseqüências de uma privatização mal feita.
Mal feita porque as regras para a privatização deveriam ter estabelecido que nenhum fundo de pensão de empresa estatal poderia ser admitido como acionista, exatamente para evitar que acontecesse o que aconteceu.
Além disso, jamais deveria ter sido criada uma “golden share” que permitisse ao governo ter um peso decisivo em determinadas deliberações da empresa.
Esses dois fatores permitiram que o governo interferisse e fizesse sua vontade prevalecer. Aliás, esses e o fato de outros interesses do Bradesco estarem em jogo.
O que aconteceu poderia ser esperado do infeliz e ignorante Sr. da Silva, quando presidia o País e declarou sua inconformidade com as demissões de 1500 empregados que a empresa desligou quando a situação de mercado sofreu uma deterioração há não muito tempo.
O então Presidente da República, que nunca entendeu de administração de empresas, acostumado a ser irresponsável com os dinheiros públicos, queria que a Vale fosse irresponsável com o dinheiro dos acionistas.
Aliás, nunca se manifestou quando a empresa, não muito depois, admitiu novos 5000 empregados, amplamente compensando as demissões. As admissões foram efetuadas porque o mercado se havia recuperado.
Outra evidência da irresponsabilidade do Sr. da Silva foi quando ameaçou taxar a exportação de minério para tentar induzir a Vale a investir mais em siderurgia (mais grave ainda, quando o infeliz Ministro Mantega encampou a ameaça. Que economista de araque é essa “otoridade”!)

Finalmente, o que mais me deixou estupefato (e triste) é que a Sra. Rousseff tenha abraçado essa causa.
Deveria saber que uma empresa do porte da Cia Vale não pode ser administrada por caprichos.
Só me ocorre uma explicação para esse erro grosseiro da Sra. Rousseff: ela sempre foi funcionária pública em sua vida profissional.
Mais, nem sequer um lar normal teve que administrar.
Logo, entende-se que não saiba nada do que seja administrar um gigante empresarial como é a Cia. Vale. Mas foi um péssimo precedente que estabeleceu.
Como foi atendida no que queria, deverá estar pensando que tudo é simples assim!
Aliás, até ignorou a máxima que prevalece em um time de futebol: “não se mexe em time que está vencendo”.
Quem deve estar vibrando com isso que está acontecendo com a Vale são seus concorrentes; até penso que pode ter sido deles a sugestão à Sra. Rousseff, ou a seu antecessor, de que a Vale deveria investir mais em siderurgia.
Afinal, se há excesso de oferta de aço no mundo, será que tem algum mal em aumentar esse excesso em mais alguns poucos milhões de toneladas?
Deve ser esse o pensamento do governo brasileiro.
Outra explicação não há.
A atual maior empresa brasileira tornou-se motivo de chacota no mundo empresarial.
E nos faz pensar: se nosso desgoverno faz isso com a maior empresa, o que será que aceitaria para fazer com as milhares de empresas menores, apesar de também grandes, que operam no Brasil? Empresas ou setores de negócios?
A agricultura seria um bom alvo. Já que o Brasil se tornou o maior produtor de grãos do mundo (se ainda não for o maior, está quase lá), por que não experimentar em mexer nos grandes produtores e exportadores?
Sua vida já é difícil, pois além de tudo dependem de fatores climáticos (e esses não se curvam às vontades de uma Sra. Rousseff ou de um Sr. da Silva, para tristeza dos mesmos...).
Mas dependem dos governos em quase todo o restante: disponibilidade de defensivos agrícolas, bom ou mau humor do MST, disponibilidade de estradas através das quais transportar a produção, de um sistema portuário decente para poder exportar os excedentes, da não interferência excessiva nos preços de tudo, e por aí vai.
Voltando à Cia Vale, esperemos que o novo Presidente, seja ele quem for, reúna as mesmas qualidades de liderança e de administração que o Sr. Agnelli demonstrou possuir.
Lamento que o acionista controlador, o Bradesco, devido a outros grandes interesses empresariais que tem no Brasil, tenha cedido à exigência de um governo irresponsável.
Lembremo-nos que o Estado nunca foi, e jamais será, um bom administrador, seja o Presidente um iletrado, como o Sr. da Silva, ou uma funcionária pública ex-terrorista como a Sra. Rousseff.
Peter Wilm Rosenfeld
Porto Alegre (RS), 06 de Abril de 2011
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