segunda-feira, 25 de abril de 2011

Portugal: As eleições como referendo da culpa. Ou: "O Injustiçado - Capítulo XXXII"

No momento em que o Governo assinar com a troika o acordo que permitirá a assistência financeira do FEEF (Fundo Europeu de Estabilização Financeira) à economia portuguesa, quem ficará na "fotografia"? Só o Governo? Ou o Governo, o PSD e (eventualmente) o CDS? A questão está longe de ser meramente coreográfica. A UE e o FMI sabem bem que é preciso que Pedro Passos Coelho se co-responsabilize pelo acordo porque pode vir a ser ele o próximo primeiro-ministro. E tudo aponta para que esse eventual futuro governo - liderado pelo PSD ou pelo PS - integre também o CDS.
Não se passa um cheque a quem não dá garantias preto no branco de o querer pagar. Mas o que também se percebe, para já, com a maior das clarezas, é que José Sócrates vai fazer tudo o que estiver ao seu alcance para que Passos não fique de fora. Só que os motivos de Sócrates para querer Passos na "fotografia" são os da troika, mas não só. O tempo do primeiro-ministro e secretário-geral do PS é de campanha eleitoral. Por isso, quer poder dizer, daqui até ao dia das eleições, que o líder do PSD chumbou o PEC, provocou eleições antecipadas, obrigou o País a pedir ajuda externa e agora assina um acordo que será pior do que o PEC que já estava acordado com Bruxelas.
Isto conjugar-se-á na perfeição com aquilo que o PS quer das eleições: transformá-las num referendo à culpa da crise. O discurso já foi ensaiado e será repetido até à exaustão. A dúvida, agora, é a seguinte: tal discurso passará no eleitorado? Ou o jogo do passa-culpas já só resulta numa espécie de match nulo indiferente para a opção eleitoral de cada um?
A resposta só a saberemos a 5 de Junho, quando o País for a votos.
Editorial, Diário de Notícias, 25-04-2011

O Injustiçado. (JP) Foto: Nuno Pinto Fernandes/Global Imagens
"O cabeça de lista do PS por Lisboa, Ferro Rodrigues, defendeu hoje a negociação pós-eleições de um 'acordo político que dê uma maioria forte no Parlamento', mas reconheceu que 'é completamente impossível' qualquer acordo dos socialistas à esquerda."
Outro esplêndido boy – que viveu em Paris, nos últimos anos – vem agora dizer que… blá-blá-blá…
 (Aqui)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-