segunda-feira, 15 de abril de 2013

Na China, milhares de porcos mortos boiam em rio que fornece ‘água potável’ a Xangai e governo finge não saber por quê...

Milhares de carcaças podres boiam em rio que fornece "água potável" a Xangai
Luis Dufaur
Mais de 13.000 porcos mortos foram retirados nos últimos dias do rio Huangpu, a principal fonte de água potável da metrópole chinesa de Xangai, com mais de 20 milhões de habitantes e o maior centro comercial e financeiro da China. Outras cidades vizinhas também sofrem com o problema.        
Mas ninguém sabia – ou se sentia encorajado a – explicar ao certo de onde as carcaças em decomposição provinham, por que os porcos haviam morrido, nem quem os tinha jogado nesse rio, noticiaram o jornal francês “Le Figaro” e o português “O Público”.
A população está assustada com o que pode sair da torneira, uma vez que a água para consumo humano é captada no referido rio. As autoridades reforçaram a frequência das análises e garantem que não foi detectado até agora qualquer problema de poluição. Contudo, o que a população mais teme não é tanto a poluição, mas o contágio por doenças infecciosas provenientes dos animais mortos.
Embora tenham sido recolhidos 14 brincos que servem para identificar a idade e a procedência dos animais, o governo insiste em que não se pode saber com certeza de onde vinham.

Governo fornece informações contraditórias sobre riscos de epidemia
Wang Dengfeng, porta-voz do governo citado pelo jornal Shanghai Daily, argui que a existência de muitos lagos e de muitos cursos de água em torno de Xangai torna a origem não identificável. Também as informações oficiais sobre a causa da morte dos animais são confusas, embora as análises identificaram tratar-se de um cercovírus.
As autoridades veterinárias disseram que não há sinal de epidemia, embora as estatísticas apontem 10.078 animais mortos em janeiro e 8.325 em fevereiro. “Estes números ainda precisam ser verificados”, disse o diretor dos serviços veterinários de Jiaxing, Jiang Hao, citado pelo Shanghai Daily.
A carne dos animais, mortos ou doentes, também alimenta redes ilegais de comércio, que funcionam apesar de as autoridades de Jiaxing garantirem que as combatem firmemente.
Em novembro, 17 pessoas foram presas por venderem ilegalmente mais de mil toneladas de carne de 80.000 porcos doentes. E, em março, mais 46 pessoas foram condenadas pelo mesmo motivo.
A população não acredita nas mentiras sistemáticas do regime e suspeita que elas acobertam os cúmplices ou os próprios planos do Partido Comunista. A população de Xangai recebe informações contraditórias: o governo garante que não há problema de poluição, mas recomenda não usar água da torneira na cozinha para beber.
As autoridades sanitárias afirmam que os vírus encontrados nas carcaças não são transmissíveis ao homem. Mas a multiplicação dos escândalos alimentares e as crises de poluição e intoxicação coletivas incitam a população a ficar descrente e com os nervos beirando a histeria.
Macabras brincadeiras circulam nos microblogs semelhantes ao Twitter. Em uma delas, um pequinês diz a um xangainês: “Nós temos mais sorte, eles dizem que basta abrir a janela para se fumar gratuitamente um cigarro”, em referência à poluição do ar na capital.

Governo fornece informações contraditórias sobre riscos de epidemia
E o xangainês responde: “Só isso? Para nós dizem que basta abrir a torneira para ganhar um caldo de porco”.
A imaginação do povo chinês é inesgotável, mas o drama que se esconde por detrás desses ditos revela um sofrimento insondável diante de um pesadelo sem fim: o socialismo em si.
Título e Texto: Luis Dufaur, Pesadelo Chinês”, 15-04-2013
Colaboração: Francisco Vianna

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