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Milhares de carcaças podres
boiam em rio que fornece "água potável" a Xangai
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Mais de 13.000 porcos mortos foram
retirados nos últimos dias do rio Huangpu, a principal fonte de água potável da
metrópole chinesa de Xangai, com mais de 20 milhões de habitantes e o maior
centro comercial e financeiro da China. Outras cidades vizinhas também sofrem
com o problema.
Mas ninguém sabia – ou se
sentia encorajado a – explicar ao certo de onde as carcaças em decomposição
provinham, por que os porcos haviam morrido, nem quem os tinha jogado nesse
rio, noticiaram o jornal francês “Le Figaro” e o português “O Público”.
A população está assustada com
o que pode sair da torneira, uma vez que a água para consumo humano é captada
no referido rio. As autoridades reforçaram a frequência das análises e garantem
que não foi detectado até agora qualquer problema de poluição. Contudo, o que a
população mais teme não é tanto a poluição, mas o contágio por doenças
infecciosas provenientes dos animais mortos.
Embora tenham sido recolhidos
14 brincos que servem para identificar a idade e a procedência dos animais, o
governo insiste em que não se pode saber com certeza de onde vinham.
Wang Dengfeng, porta-voz do
governo citado pelo jornal Shanghai Daily, argui que a existência de
muitos lagos e de muitos cursos de água em torno de Xangai torna a origem não
identificável. Também as informações oficiais sobre a causa da morte dos
animais são confusas, embora as análises identificaram tratar-se de um
cercovírus.
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Governo fornece informações
contraditórias sobre riscos de epidemia
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As autoridades veterinárias
disseram que não há sinal de epidemia, embora as estatísticas apontem 10.078
animais mortos em janeiro e 8.325 em fevereiro. “Estes números ainda precisam
ser verificados”, disse o diretor dos serviços veterinários de Jiaxing, Jiang
Hao, citado pelo Shanghai Daily.
A carne dos animais, mortos ou
doentes, também alimenta redes ilegais de comércio, que funcionam apesar de as
autoridades de Jiaxing garantirem que as combatem firmemente.
Em novembro, 17 pessoas foram
presas por venderem ilegalmente mais de mil toneladas de carne de 80.000 porcos
doentes. E, em março, mais 46 pessoas foram condenadas pelo mesmo motivo.
A população não acredita nas
mentiras sistemáticas do regime e suspeita que elas acobertam os cúmplices ou
os próprios planos do Partido Comunista. A população de Xangai recebe
informações contraditórias: o governo garante que não há problema de poluição,
mas recomenda não usar água da torneira na cozinha para beber.
As autoridades sanitárias afirmam que os vírus
encontrados nas carcaças não são transmissíveis ao homem. Mas a multiplicação
dos escândalos alimentares e as crises de poluição e intoxicação coletivas
incitam a população a ficar descrente e com os nervos beirando a histeria.
Macabras brincadeiras circulam
nos microblogs semelhantes ao Twitter. Em uma delas, um pequinês diz a um
xangainês: “Nós temos mais sorte, eles dizem que basta abrir a janela para se
fumar gratuitamente um cigarro”, em referência à poluição do ar na capital.
E o xangainês responde: “Só
isso? Para nós dizem que basta abrir a torneira para ganhar um caldo de porco”.
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Governo fornece informações
contraditórias sobre riscos de epidemia
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A imaginação do povo chinês é
inesgotável, mas o drama que se esconde por detrás desses ditos revela um
sofrimento insondável diante de um pesadelo sem fim: o socialismo em si.
Título e Texto: Luis Dufaur, “Pesadelo Chinês”, 15-04-2013
Colaboração: Francisco Vianna
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