Dia desses uma professora, do
tipo que nunca foi e nem irá a lançamento de livro algum, chegou para mim e
disse: “Quero um livro seu autenticado”. Conversa, conversa vai, e ela se
mandou, mas antes de sair, repetiu: “Olha não se esqueça do meu livro
autenticado!” Eu que sempre fui de dar autógrafo, vou repassar o problema para os
meus amigos Afonso Grego e Marquinho, que aqui, em Santo Antônio do Monte,
entendem de cartório.
A supracitada professora,
logicamente teve acesso a conteúdo educacional, porém lhe falta cultura, que é
um problema do Brasil como um todo. A gravidade do imbróglio da formação
intelectual de nossa gente está por todo lugar. Ainda recentemente, eu e os
bons amigos “Fernandinho” e Weliton José (que cuidou das fotos) viajamos ao
distrito de Francisco Braz, em nome da Secretaria de Cultura e da Prefeitura
Municipal de Santo Antônio do Monte, para verificar in loco o estado em que se encontrava a antiga estação ferroviária, local que nos era oferecido, em nome de pretensa
preservação histórica, pela Ferrovia Centro Atlântica.
Na estação de Santo Antonio do Monte, em 1973, a locomotiva a vapor 519 da velha RMV, agora da VFCO, dá seus últimos suspiros (Acervo José Maria de Melo) |
Porém, como de cultura mesmo,
a imensa maioria de nossos conglomerados do âmbito comercial, só conserva a
arte de ganhar dinheiro, nos deparamos com a velha e saudosa estação
literalmente “tombada” pelo instituto comportamental humano do desleixo e, assim,
jogada ao chão. E o pior é que tal fato já havia ocorrido há pelo menos 15
anos, sob o comando administrativo da própria rede ferroviária, que assim
decidiu para evitar que usuários de droga se utilizassem do local para
alimentar seu vício. Contudo, construíram uma nova estação, a alguns
quilômetros adiante, que igualmente abandonada, hoje é frequentada por um bando
de jovens (e até crianças) dominados pelas drogas.
Diante do cenário rumo à completa perda de rastros de sua existência um dia neste planeta de homens sem juízo, Welinton bateu fotos em que detectamos alguma parte dos alicerces e a presença da caixa-d’água – sobre a qual Sônia Veneroso, acadêmica e colunista do Jornal Gazeta Montense, já nos havia relatado –, construída na Inglaterra em 1912, que dava de beber à indelével maria-fumaça que cortava as montanhas de nosso encachoeirado estado de Minas Gerais. Viemos embora banhados na consciência de que a cultura que o país domina é mesmo a da plantação de soja, cana-de-açúcar, milho, arroz e mandioca... Enfim, somos especialistas em alimentar a ignorância.
Diante do cenário rumo à completa perda de rastros de sua existência um dia neste planeta de homens sem juízo, Welinton bateu fotos em que detectamos alguma parte dos alicerces e a presença da caixa-d’água – sobre a qual Sônia Veneroso, acadêmica e colunista do Jornal Gazeta Montense, já nos havia relatado –, construída na Inglaterra em 1912, que dava de beber à indelével maria-fumaça que cortava as montanhas de nosso encachoeirado estado de Minas Gerais. Viemos embora banhados na consciência de que a cultura que o país domina é mesmo a da plantação de soja, cana-de-açúcar, milho, arroz e mandioca... Enfim, somos especialistas em alimentar a ignorância.
Foi atordoado por aquele
ambiente de destruição gratuita e desnecessária, que aceitei o convite do
diretor da Escola Estadual “Dr. Álvaro Brandão”, Nei Antônio Borges, para
ministrar palestra relativa ao “bulling”, que tem atingido as nossas escolas,
quebrando ou esfacelando a paz e segurança de que necessitam professores e
alunos na busca do aprendizado. Logicamente, não poderia me eximir de marcar
presença numa escola que surgir pelo semeio empreendedor do saudoso Padre
Paulo, o alemão-santo-antoniense que nos deixou a lição de que, mais que
oração, um ser humano de fé age em prol do próximo e até das próximas gerações.
Padre Paulo não está mais
entre nós, contudo quando falei (e falava) àqueles cerca de 300 jovens, no dia
5 de abril de 2013, no Centro de Cultura e Turismo João Robson de Castro, pude
sentir a face espiritual do bravo e desbravador religioso alemão e senti em meu
peito a suprema verdade de um verso que compõe poema que fiz para minha mãe,
Betty Rodrigues Gontijo: “Não estás, mas estás em tudo”.
Título e Texto: Carlos Lúcio Gontijo, Poeta, escritor e
jornalista, Secretário de Cultura de Santo Antônio do Monte/MG, 07-04-2013
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