segunda-feira, 22 de abril de 2013

Paraguai: Lugo era ‘tigre de papel’

Cesar Maia

1. A destituição do ex-presidente Lugo pelo Congresso do Paraguai foi traduzida pela família bolivariana como um golpe contra um grande líder popular. Nenhum tipo de constrangimento Lugo sofreu. Movimentou-se com liberdade total. Deu quantas entrevistas quis à imprensa. E finalmente se garantiu a ele o direito de se candidatar a Senador agora em 2013.

2. A eleição de Senador no Paraguai tem a mesma característica da de Presidente da República. Vota-se numa lista onde só aparece o nome do cabeça da lista e seu número. E a base é todo o país, exatamente como a de Presidente. O Presidente eleito, Horacio Cartes, obteve uns 46% dos votos e a lista de sua Senadora, Lilian Samaniego, na cabeça uns 35%.
3. O liberal Efraim Alegre veio em segundo para Presidente com uns 37% dos votos e a lista de seu Senador, Blas Llano, uns 25%.

4. Lugo puxou a chapa de senador e fez uma dobradinha informal com um popular apresentador de TV para presidente Mário Ferreiro, que teve todo o apoio da família bolivariana. A chapa do senado com Lugo na cabeça obteve menos de 10% dos votos, Ferreiro 5% e o candidato a presidente da Frente Guazu, de Lugo, obteve 3,5%. Com tudo agregado o tamanho da família bolivariana não atingiu nem 10%.

5. Os Colorados voltam ao poder. São 40 anos com o interstício de Lugo. Seu candidato Horacio Cartes nunca votou (voto voluntário) e o fez pela primeira vez agora em 2013. Já esteve comprometido até a alma com contrabando de fumo/cigarro e problema de lavagem de dinheiro, que lhe valeu alguns meses de prisão.

6. Cartes – nas circunstâncias do fracasso da família bolivariana – passou a ser o candidato preferencial dos governos do Brasil e da Argentina. As portas para a normalização da situação do Paraguai -Mercosul... estão mais do que abertas: estão escancaradas.
                                                    * * *
Paraguai: um caso exemplar de voto útil
1. Desde quarta-feira que se difundiu no Paraguai que a eleição estava milimetricamente empatada. A manchete dos jornais de ontem, domingo da eleição, foi geral: cabeça a cabeça. Nas ruas se ouvia aonde se chegava: está empatado, está indefinido, não se sabe quem ganha.

2. Resultado: o voto útil mais à esquerda saiu de seus candidatos - Mário Ferreiro que tinha uns 12% ou mais, para 5% e Carrilho de 5% ou mais para 2% ou menos e migrou para Cartes.    
     
3. A tática do PLRA – liberais - de exaltar o empate imaginando que a sua curva ascendente só tenderia a crescer com esta informação saiu pela culatra. Os votos úteis saíram dos demais para Cartes para derrotar Efraim por margem folgada.        
 
4. Sublinhe-se que a votação projetada para Efraim, do PLRA, se confirmou nas urnas. A de Cartes é que cresceu uns 12 pontos com o voto útil dos eleitores dos demais. Ou seja: se a curva tivesse ocorrido em cima da eleição e se os demais candidatos continuassem com a expectativa de ultrapassar os liberais, o resultado teria sido aquele apertado que se previa. Para um lado ou para o outro.         
5. Vivendo e aprendendo.
Título e Textos: Cesar Maia, 22-04-2013

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